A
Velha Rua
Adelaide
Dittmers
A estreita rua calçada por
grandes paralelepípedos avançava mansamente no ritmo cansado de tantos anos ali
estendida, marcada por tantas pegadas e rodas barulhentas de carroças.
Inúmeras vidas passaram por
ela. Algumas a pisaram levemente, quase
não a tocaram.
Sorrisos jovens a
iluminavam, ecoando alegria por ela.
Outras arrastaram pés cansados e rostos tristes, que espelhavam as
agruras do caminho.
Rodeada por pequenas casas,
abraçadas umas às outras, que guardam em suas entranhas histórias de lutas pela
sobrevivência, desentendimentos, traições e uniões.
Uma delas, pintada de
amarelo e janelas azuis. À porta, uma
senhora de cabelos brancos derrama um olhar cansado na placidez da rua. As lembranças dançando nos olhos sem brilho,
que lentamente percorrem o entorno, vislumbrando, talvez, brincadeiras e
namoricos de outrora.
Ao lado, outra casinha pintada
recentemente de verde e janelas brancas, onde vasos de gerânios coloridos dão
um tom fresco e alegre, o choro de um bebê ecoa pela rua, enquanto uma canção
de ninar suavemente o embala.
Em outra, gritos são
ouvidos. Dentro de cada uma, a vida se
manifesta de várias maneiras, com risos, choros, alegrias e tristezas,
conquistas e derrotas.
Fora, a velha rua apenas
segue silenciosa no seu destino de deixar passar por ela as marcas de cada um,
que a pisa e ouvir silêncios e cúmplice o desenrolar de tantas histórias, que
se escrevem ao seu redor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.