A CASA ASSOMBRADA
Adelaide Dittmers
A velha casa jazia em um terreno cheio de mato. Desabitada há muitos anos, tinha a fama de mal assombrada.
Histórias de fantasmas e gritos ouvidos em noites escuras eram contadas pelos habitantes daquela pequena cidade.
O povo simplório do lugar fazia o sinal da cruz ao passar por ela.
O pavor de entrar para descobrir o mistério que aquelas velhas paredes de pedra guardavam bloqueava qualquer aproximação.
Três meninos passavam por lá todos os dias no caminho da escola. Muitas vezes paravam e a ficavam observando. A curiosidade e o desejo de aventura cresciam dentro deles como ervas daninhas.
Certa tarde, de céu cinzento e árvores vergadas por um forte vento, entreolharam-se e batendo os punhos um nos outros, decidiram que iriam descobrir o que acontecia lá.
Afastando o denso mato, que a cercava, chegaram diante dela. De perto era mais assustadora. O silêncio, que os absorveu, só era quebrado pelo barulho do vento e dos trovões, que começaram a incendiar o céu.
Munido de coragem, um deles colocou a mão no enferrujado trinco e, com força, baixou-o. A pesada porta abriu com um alto gemido.
Eles entraram devagar, tentando enxergar algo na escuridão do interior. Um deles tropeçou em uma mesinha, e o susto fez com que pulasse para trás. Outro abriu, com muito esforço, uma das janelas. Uma tênue claridade revelou uma sala espaçosa, em que móveis antigos e cobertos de pó, espalhavam-se desordenadamente pelo ambiente. O cheiro forte de mofo fez com que eles tapassem os narizes.
Adiante em um pequeno hall, uma escada de madeira escura subia para um segundo andar.
Pé ante pé, foram até ela. Os degraus rangiam ao serem pisados. Um barulho estranho vinha de cima. Eles pararam. Os olhares assustados se procuraram. O barulho se repetiu.
Nesse momento, uma chuva forte despencou com estardalhaço sobre a casa. Umas gotas caíram vdo velho telhado e eles recuaram.
Do andar de cima, o barulho veio mais forte e assustador. Os olhares apavorados se voltaram para cima.
— Viemos até aqui, não vamos desistir. Vamos subir. Um deles sussurrou.
Com os corações acelerados chegaram ao andar superior. Um comprido corredor os esperava. Dando um passo e parando para ouvirem o esquisito barulho, foram seguindo. O medo estampado no rosto de cada um.
De repente, algo negro passou por suas cabeças. Eles se jogaram no chão, cujo assoalho rangeu. O pavor retorcia suas feições. Outra sombra negra voou pelo corredor, soltando guinchos aterradores. Dessa vez, o voo foi rasante e a criatura quase bateu na cabeça deles. Um deles gaguejou:
— Não são almas perdidas. São morcegos!
Trêmulos foram se arrastando até a escada, que desceram em disparada. Chegaram à porta de entrada e estacaram. A tempestade caia desenfreada.
— Temos que esperar a chuva diminuir.
Um raio partiu uma árvore ao meio. Os três estavam pálidos e assustados, mas um riso nervoso escapou dos três.
— Descobrimos o segredo! Gritaram apertando as mãos uns dos outros.
— Morcegos! Horríveis, mas apenas morcegos!
E fizeram um pacto.
Não iriam contar nada a ninguém.
Afinal o fato mais importante naquela pacata cidadezinha era o pavor
pela casa assombrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.