ITÁLIA EM SUSPIROS
Alberto Landi
A Itália é sempre uma poesia, uma arte esculpida em
pedra.
Suas cidades refletem a rica história, a cultura e a
beleza estética de um país onde cada rua, cada piazza é um museu a céu aberto.
A arquitetura impressiona pelos detalhes, que contam
histórias ao longo dos séculos. Cada lugar é uma obra de arte viva, repleta de
alma, luz e inspiração.
Em Florença, uma jovem caminhava distraída pela via
dei Calzaiuoli, os olhos voltados para as vitrines, mas o coração capturado
pelo som de um violinista que tocava Vivaldi. O ar se misturava ao cheiro do
café recém-moído vindo de uma pequena torrefação, cada acorde parecia pintar em
tela invisível no céu.
Em Roma, um ancião sentado em uma praça contava
histórias aos netos.
Apontava para as colunas em estilo coríntio do Fórum
Romano e dizia: Essas pedras já ouviram vozes de imperadores e também sussurros
dos poetas.
Os meninos riam, mas no fundo sabiam que o avô tinha
razão ali, entre ruínas, ainda se ouvia o pulsar da eternidade.
Em Veneza, as ruas não eram de pedra, mas de água.
Um gondoleiro orgulhoso em sua profissão guiava turistas entre palácios que
refletiam no canal como se fossem sonhos. Ao passar pela sombra de uma ponte,
cantava uma canção herdada de seus ancestrais em dialeto veneto. Era como se a
cidade toda fosse um palco flutuante.
Em Nápoles, ao cair da tarde, os becos estreitos se
enchiam de vozes misturadas ao aroma do mar e do café fresco. Pizzaiolos
lançavam pizzas ao ar com a maestria de escultores, enquanto pintores de rua
desenhavam em poucos traços as faces dos passantes. Cada esquina era um palco
onde a vida pulsava sem ensaio, vibrante e desordenada.
Entre roupas penduradas nas varandas e igrejas
douradas pelo tempo, a cidade respirava paixão intensa, imprevisível e eterna.
Nápoles não se visita: se sente. Ela é música,
túmulo e poesia.Tudo ao mesmo tempo.
Trieste repousa à beira do Adriático, entre o azul
do mar e o silêncio das colinas.
O vento, chamado Bora, sopra histórias antigas pelas
ruelas estreitas, levando o perfume do sal e da saudade. Os triestinos dizem
que, quando o Bora sopra, limpa o céu e a alma.
Há um brilho no porto, onde o sol se despede
lentamente e os navios parecem suspensos no tempo.
Os cafés guardam ecos de escritores e sonhadores.
Ali ,o pensamento é livre como o horizonte.
Entre fachadas antigas e praças luminosas, a cidade
revela seu coração mestiço, onde Itália e Europa Central se encontram em
harmonia melancólica.
Matera dorme nas encostas de pedra, envolta em
silêncio e memórias. As casas, esculpidas na rocha, guardam histórias que o
vento percorre lentamente, e cada degrau, cada rua estreita, é um sussurro do
passado que recusa a desaparecer.
Ali, o tempo não corre: caminha descalço, tocando as
paredes gastas e os degraus de pedra com a serenidade de quem já viu tudo.
O sol toca os muros com delicadeza, e as sombras
dançam entre os becos como se o tempo ali tivesse decidido não correr, apenas
existir.
Há um perfume de terra antiga, de pão quente, de
vidas que se entrelaçam com os séculos.
O passado e o presente caminham lado a lado,
tranquilos, e quem passa sente que o mundo inteiro cabe naquele instante
suspenso entre pedra, memória e silêncio.
Milão pulsa no compasso da moda e do aço, entre ruas
elegantes e catedrais que tocam o céu.
O Duomo ergue-se como um sonho em pedra, e cada
esquina sussurra histórias de arte, inovação e ambição.
No rastro da Galleria Vittório Emanuele, o tempo
brilha em vitrines e passos apressados, onde o moderno e o antigo dançam em
perfeita harmonia.
O sol se despede sobre a península, e cada cidade
guarda em seus muros e ruas um sussurro do passado, um rastro de histórias que
caminham descalças pelo tempo.
Da pedra antiga de Matera ao aço elegante de Milão,
da paixão caótica de Nápoles à serenidade do Adriático em Trieste, cada canto é
um verso, cada passo um poema.
E a Itália, eterna e viva, respira em cada passo,
guardando-se nos olhos de quem a percorre!