Um dia memorável
Alberto Landi
Paris, 2 de dezembro de 1804.
Era um domingo frio de inverno, a neve caía suavemente cobrindo tudo como um manto branco. Apesar de o tempo estar bem severo, sentia uma empolgação especial por visitar Catedral de Notre-Dame.
Antes de sair, vesti-me adequadamente para o clima: casaco longo bem quente, luvas, um cachecol para proteger a parte superior do corpo, pois o vento estava cortante.
Sabia que a caminhada seria desafiadora, até a Catedral, mas mesmo assim estava determinado.
Ao colocar o pé para fora de casa, deparei-me com a beleza suave da neve. Cada passo produzia um som suave, havia gravetos em alguns lugares misturados com a neve, criando um contraste interessante entre o branco puro e os tons terrosos.
A paisagem era mágica. As árvores cobertas de flocos brancos, a camada branca sobre os telhados e janelas caía suavemente como um manto de tranquilidade que transformava a paisagem em um cenário de conto de fadas, onde cada floco parecia dançar no ar antes de se acomodar suavemente transformando as casas em pequenas obras de arte. No ar, havia cheiro de madeira aquecida proveniente das residências e a visão do vapor saindo das chaminés era encantadora, dava uma sensação de calma.
Embora a beleza ao meu redor fosse hipnotizante, o tempo estava implacável. Precisava ter cuidado com o chão escorregadio para seguir em frente. Pessoas se apressavam para chegar aos seus destinos, enquanto outras se divertiam na neve.
Após uma caminhada um tanto longa e contemplativa, avistei finalmente a catedral, mas ainda no trajeto notei que as janelas das casas estavam embaçadas e poucos ousavam sair para enfrentar o clima rigoroso, porém a maioria das pessoas já havia ido cedo para a catedral, onde a história seria feita.
O ar estava impregnado de uma quietude solene como se a cidade estivesse prendendo a respiração em antecipação ao evento monumental que estava prestes a ocorrer.
A Notre-Dame com a sua imponente estrutura, suas torres pareciam tocar o céu, irradiando uma sensação de grandeza e espiritualidade que encantavam todos os que a contemplavam, os pináculos acumulavam neve criando uma imagem deslumbrante. As gárgulas estavam todas tingidas de branco como se estivessem guardando um tesouro gelado.
Os sinos ecoavam, chamando os fieis e curiosos para dentro de suas paredes sagradas.
No interior, tochas iluminavam o espaço grandioso, refletindo nas colunas de pedra e nos vitrais coloridos que contavam histórias de um passado glorioso.
Os nobres e demais autoridades estavam vestidos em trajes luxuosos, trajavam capas pesadas de veludo adornadas com bordados finos, enquanto as mulheres vestiam elegantes vestidos de seda decorados com rendas delicadas e detalhes brilhantes.
O murmúrio da multidão se misturava ao som dos acordes, criando uma sinfonia vibrante que preenchia o ar com uma energia contagiante enquanto risos e conversas se entrelaçavam em um ambiente festivo.
Próximo à entrada, as carruagens dos nobres e dignitários estavam parados. A luz do entardecer dava um brilho e o efeito luminoso sobre as carruagens, que provavelmente eram feitas de materiais como metal polido ou madeira envernizada, refletiam de maneira atraente.
O murmúrio das conversas entre eles ecoava suavemente no ar gelado, enquanto olhares curiosos se dirigiam a catedral majestosa onde algo grandioso estava prestes a acontecer.
Assim que a imensa porta se abriu, um silêncio reverente envolveu os presentes.
Napoleão e Josephine adentraram com uma presença marcante, seus passos firmes ecoando no piso de pedra.
Eram figuras imponentes envoltas em trajes luxuosos que flutuavam ao redor deles, exalando um ar de triunfadores.
Os olhares estavam fixos no casal, como se o próprio destino tivesse escolhido para selar o momento histórico que estava prestes a acontecer.
Os sinos tocavam com mais intensidade simbolizando a magnitude do momento e a importância do casal. Era uma reverência pela nova era que Napoleão estava trazendo.
Os fiéis reunidos, velas acesas lançando uma luz suave sobre os rostos emocionados. O som de cantos vindos do fundo do altar reverberava nas paredes altas, e o aroma de incenso envolvia o ambiente, criando uma atmosfera de devoção e espiritualidade que tocava profundamente os corações presentes.
Este evento não foi apenas uma cerimônia religiosa, mas também um ato político significativo que consolidou o poder de Napoleão como imperador.
Ele havia se elevado rápido na hierarquia política e militar da França pós-revolução francesa.
Decidiu se coroar como imperador, estabelecendo assim o primeiro império francês.
Durante a cerimônia, fez algo bastante notável. Pegou a coroa das mãos do Papa Pio VII e colocou em sua própria cabeça. Foi um gesto poderoso que simbolizava sua independência e a ideia de que ele não dependia da aprovação da Igreja para governar. Em seguida, coroou Josephine como imperatriz. Buscou legitimar seu governo através deste ato cerimonial, criando uma imagem de poder que seria crucial para suas campanhas militares subsequentes.
Isto foi um ponto culminante na sua ascensão e um precursor dos eventos tumultuosos que se seguiriam, durante sua Era.
Este foi um dia memorável para mim, que tive a oportunidade de assistir ao evento, repleto de solenidade e emoção, onde cada detalhe parecia ser cuidadosamente planejado, desde os trajes elaborados até os discursos inspiradores que ecoavam nas mentes e corações de todos os presentes.

LANDI, fiquei emocionado com a descrição dos detalhes, foi como se eu estivesse presente naquele momento grandioso.
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