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quinta-feira, 3 de março de 2022

A Praça - Adelaide Dittmers

 




A Praça

Adelaide Dittmers

 

A praça deitava-se languidamente sob um sol morno de primavera.  Flores de todas as cores salpicavam o extenso e macio gramado.  Árvores espalhavam-se pelo belo jardim, oferecendo as sombras generosas àqueles que as quisessem desfrutar.

Bancos distribuíam-se pelos os largos caminhos, que a cortavam, onde pessoas sentavam-se para admirar o lugar ou para ficar imersas em suas leituras. No centro do gramado, crianças corriam para lá e para cá, respirando liberdade e prazer, como só os pequenos sabem usufruir de maneira plena e sem freios.  Algumas delas desciam velozmente pelos escorregadores ou balançavam-se tão alto, como que almejando chegar ao céu.  Subiam e desciam no trepa-trepa e seus gritos de alegria ecoavam por todo o canto.

Sob uma frondosa árvore, uma família estendeu uma toalha, em que colocou várias iguarias e acomodou-se para apreciar a paisagem, gozando de um saboroso pic-nic.  Conversavam e riam animados, com certeza esquecendo os problemas do quotidiano.

Mais adiante, um homem de cabelos longos e desgrenhados, vestido com roupas rotas e sujas, dormia ao lado de uma garrafa vazia.   O que será que o levou àquele estado?

Cães passeavam com seus donos, felizes pelo passeio, rosnando e latindo para outros, que por eles passavam ou aproximando-se para cheirá-los, abanando o rabo numa tentativa de reconhecimento.

Bicicletas, patins e skates deslizavam, atravessando a praça de ponta a ponta;

Dois senhores de idade avançada andavam devagar, apoiados em suas bengalas, lançando olhares nostálgicos à vida que se derramava pelo jardim e que aos poucos lhes fugia.

Um casal de papagaios passou ruidosamente pelos ares, chamando a atenção dos freqüentadores, que apontavam para eles, mostrando às crianças aquelas aves tão simpáticas e barulhentas.

No alto de uma árvore, um bem-te-vi entoou seu belo canto, enquanto bem abaixo, um beija-flor sugava o pólen de uma flor.

As horas foram passando e a tarde vestiu-se com os tons alaranjados, rosas e lilases do pôr-do-sol.  O deslumbramento pelo espetáculo, que anuncia o fim do dia, tomou conta do coração de todos, fazendo-os se sentir parte daquele momento mágico, que a natureza proporciona.

Aos poucos, o lugar foi ficando vazio e solitário e quando a noite chegou de mansinho com sua roupagem estrelada e prateada pelo luar, a praça adormeceu placidamente embalada pelo silêncio.

Um comentário:

  1. Esta descrição deu bastante vida e alegria à praça, sem descuidar da mutação de seus aspectos ao longo de um dia, enriquecida pela utilização de algumas figuras de linguagem.

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