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quinta-feira, 29 de julho de 2021

VIZINHANÇA - Henrique Schnaider

 




VIZINHANÇA

Henrique Schnaider

 

 

Quando mudei para a minha residência confortável, onde moro até os dias atuais, olhando os vizinhos, foi como conhecer uma nova família. Procurei aos poucos ver quem eram e se valia a pena me relacionar com eles.

À minha esquerda morava a Sonia, excelente pessoa. Logo passamos a conviver muito bem e toda hora conversávamos pondo as fofocas em dia. Infelizmente faleceu há alguns anos.

Nessa casa veio morar o Fabio, rapaz muito legal, temos em comum o Palmeiras. “Como ajuda a nós homens, o futebol”, que dá motivos para inúmeras conversas. Ele sempre se põe à disposição e me lembra que se houver necessidade, ele está ali para me ajudar.

Em frente, à esquerda, morou por muitos anos o Luiz, meu massagista, amigão até hoje. Devido a sua profissão, sabe da vida de todo mundo e é muito engraçado saber das coisas que acontecem na vizinhança. Ele é muito bem-informado. Sua esposa Lúcia é um doce de pessoa e adora minha cachorra Teca. Constantemente saía com ela para passear. Infelizmente, como a casa era alugada, tiveram que mudar, e agora moram a alguns quarteirões daqui, mas a gente se comunica por aplicativo. A Lúcia, de vez em quando, ainda vem passear com a Teca. Agora mudou para essa casa um senhor de nome Rubens com o qual já fiz amizade, mas não é a mesma coisa.

Tem na casa um senhor que deduzo seja o pai do Rubens do qual, fico condoído, pois o pobre coitado passa o dia todo na garagem sentado numa cadeira. Que triste fim de vida.

Em frente à minha casa morava a Yara, pessoa muito estranha com a qual não convivi tão bem. Se dizia macumbeira e achava que os vizinhos queriam fazer –lhe mal, e me dizia que iria fazer uns trabalhinhos contra todos. Tudo bobagem, pois ficou muito doente, não resistiu e morreu. Já que este é o destino de todos nós seres humanos.

A filha que, de juízo não tinha nenhum, vendeu logo o imóvel por alguns míseros trocados e quem comprou, mandou derrubar tudo para construir uma nova casa. Acabou fazendo da minha vida um inferno com sujeira e barulho ininterrupto, caminhões a toda hora, caçambas e a proprietária não se deu ao trabalho de trocar nem três palavras comigo, para se justificar.

Em frente à direita, desde que mudei para minha casa, e até hoje, moram o casal Petras e a italiana Domênica. Ela, uma pimenta malagueta, barraqueira de primeira e eles sim são muito bons vizinhos, com os quais mantenho muito bom relacionamento.

Ela sabe das notícias melhor do que o Jornal Nacional. Sempre me põe ao par das últimas futricas dos vizinhos. Me conta tudo tim tim por tim tim. Sabe tantos detalhes que me faz lembrar aquele samba antigo. “Pum Pum Pum, estourou a bomba na casa dela, ela falava da vida dos outros e acabava falando da vida dela”.

Trocamos muitas guloseimas e eles me enchem de mimos, vira e mexe o Petras ou ela, me trazem novos pratos e querem que eu dê minha opinião de como está a comida. Querem saber do sabor e se acho que tem algo a acrescentar ou tirar.

Estes são os vizinhos que me dou bem. Por fim aqueles que nem sequer cumprimento. Um caminhoneiro grosso e pelo que sei, até tiro já tomou, e dá para perceber que esse é daqueles que o velho ditado diz que: “não dá para gastar vela com mau defunto”.

Mais ao lado, mora um tipo alemão atarracado. O mínimo que posso dizer, é que é, um cavalo de pessoa, põe grosso nisso. Quando cheguei para morar na minha casa, toda noite ouvia uma gritaria. Era ele agredindo a esposa. Me parece que ele parou de bater nela, pois não ouço mais nenhum barulho. Vai saber lá o que acontece?

Não olho na cara dele e sempre que nos cruzamos, um ignora o outro e me parece que antipatia é recíproca.

Posso dizer que é importante se relacionar com os nossos vizinhos desde que eles sejam boas pessoas e queiram ser nossos amigos também.

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