A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quinta-feira, 29 de julho de 2021

A VIZINHANÇA Alberto Landi

 



A VIZINHANÇA

Alberto Landi

 

Quando mudei do apartamento para uma casa, foi porque estava procurando um lugar espaçoso, tranquilo e seguro para se viver.

Encontrei esse paraíso em uma vila próxima, romântica cheia de flores. A princípio observei que os vizinhos não falavam entre si.  A vizinha da direita, geminada com minha casa, era sisuda e implicante.

Não permitia nem mesmo estacionar o carro à porta de sua casa mesmo sem ter a guia rebaixada.  Quando alguém o fazia, ela riscava o carro com um prego. Tentei de todas as maneiras me aproximar, mas não houve reciprocidade.

As paredes das casas eram finas e assim pude aos poucos conhecer os membros da família pelas vozes.

Um dia, estava fazendo compras quando fui abordado por uma senhora, me solicitando ajuda para carregar suas sacolas explicando que de uma forma estranha havia dado um mau jeito na coluna e não estava conseguindo andar direito.

Claro que me prontifiquei em ajudá-la e ao chegar em sua casa me agradeceu muito, mas bastante surpresa, descobriu que éramos vizinhos.   É claro que eu já sabia, reconheci sua voz.

A vizinha da esquerda que nunca vi, tinha uma voz doce e triste. Às vezes a ouvia chorando, e uma voz masculina forte e autoritária discutindo ou gritando!

Passados alguns dias não ouvi mais vozes, nem movimento. Observei também que as plantas da frente da casa estavam murchas. Fiquei preocupado, e relatei o fato a um posto de bombeiros.  Eles foram até a casa e estranharam, porque   havia latidos desesperados de um cachorro.

Arrombaram a porta e a encontraram sentada no sofá, televisão ligada, falecida há alguns dias e o cão latindo tentando avisar os vizinhos!

Foi muito triste! Acredito que serviu de lição a todos os demais, pois temos sim que preservar as amizades, o convívio com amigos, parentes e vizinhos. Mesmo sendo aparentemente diferentes ou estranhos ao nosso modo de ver.

E o cão, mais “humano” que todos nós, só falta falar, tentou ajudar da forma que podia, pois sabia que alguma coisa estava errada e quem sabe a vizinha morta por falta de socorro, tivesse sobrevivido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA CARTA - Helio Fernando Salema

  A ÚLTIMA CARTA Helio Fernando Salema     Ainda sentada em frente ao gerente do Banco, Adélia viu, no seu celular, a mensagem de D. Mercede...