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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O EMPURRÃOZINHO! - Amora


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O EMPURRÃOZINHO!
Amora

Mariza é uma moça simples, meiga e bonita. Além da boa aparência, possui uma qualidade notável, a bondade. Habituou-se aos afazeres do campo, veste-se com modéstia, sem vaidade, diferente das moças de sua idade,  que gostam de ostentação. Vive afastada da cidade, num sítio herdado dos pais, com Dona Ana, uma senhora que serve à família há muitos anos, sua única companhia.

Quase não participa das festas da região. Espanta-se muito quando recebe um convite de casamento de uma moça da vizinhança conhecida por sua riqueza e elegância.

Suas famílias haviam sido muito amigas e não havia jeito de recusar sem causar constrangimento.

Preocupa-se, então, com o vestido que iria usar. Examina seu guarda roupa e percebe que nenhum seria muito adequado. Talvez, um antigo, de sua mãe, de tecido mais caro, com pequenos bordados. Depois de pequenos ajustes, poderia lhe servir.

Tira-o do cabide e nota, com tristeza, o cheiro de bolor e pequenos buracos roídos por traças! Também, tanto tempo guardado! Esquecera-se de colocá-lo ao sol.

Sentada na varanda, tenta arrumá-lo, fechando com delicadeza os furos e pedindo a Dª Ana para ir de carroça comprar algum enfeite que servisse como bordado, disfarçando o remendo.

Entristece-se um pouco, pois perdera o hábito de sair e acompanhar a moda das moças do lugar. Arrepende-se de não ter frequentado muito os acontecimentos  sociais. Afinal, era ainda jovem e, formosa. Estava deixando a mocidade passar sem aproveitá-la.

Com algumas fitas e rendas trazidas por Dª Ana, tenta suavizar um pouco a antiguidade da roupa, percebendo ao terminar que não ficou tão bom como queria.

Resolve não ir mais ao casamento, o que contraria muito Dª Ana,  torcendo para vê-la aproveitar um pouco a vida e arranjar, quem sabe, um pretendente.
Com o trabalho no sítio, as despesas eram grandes e, comprar roupa nova, seria impossível no momento.

Mariza abandona o vestido numa cadeira da varanda e entra em casa, desgostosa. Sonhou em ir à festa, mas acabou por desistir.

Nuvens grossas escurecem o céu de repente. O azul brilhante e claro, iluminado pelos últimos raios solares, transforma-se em tons de cinza. Um vento bravo e uivante anuncia forte tempestade. A moça se lembra do vestido jogado e corre para buscá-lo. Um pouco tarde! O vento o está levando para o alto, fazendo com que uma fita se solte, ficando semelhante a uma pipa que, empinada, penetra e some dentro da nuvem.

Mariza tenta puxá-lo com força, antes que se desfaça todo. Fora de sua mãe, pretendia guardá-lo com carinho.

A tempestade é rápida, cessa o vento e vem uma calmaria. A jovem ainda segura firme na fita, tentando puxá-lo.

O vestido volta, caindo aos seus pés, levemente, como uma pétala de rosa. Ela olha-o assustada! Não é mais o mesmo vestido. De antigo, molhado e feio, transformara-se num lindo vestido azul, cintilante, com delicado bordado de pérolas. Um vestido de sonho de contos de fadas.  Mariza seria uma nova Cinderela?

Sem questionar muito, vai ao casamento, atraindo logo o jovem que se tornaria seu esposo.


O destino, às vezes, necessita de um empurrãozinho!

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