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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Top Model Escolar - Rejane Martins


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Top Model Escolar
Rejane Martins

Havia acabado de completar sete anos e logo iniciaria minha vida acadêmica. Estava muito ansiosa, contava os dias para as aulas começarem, afinal aquela vidinha de parquinho infantil já fazia parte do meu passado.

Enfim o tão esperado dia chegou, acordei cedo mal consegui engolir o café da manhã, cumpri todas as etapas de higiene, que aquele dia pareceram mais enfadonhas que o normal, fui colocar meu uniforme novinho.

Camisa branca tão alva que até feria os olhos, fechada com uma gravata preta no colarinho, saia pregueada no tom azul escuro, meias brancas de tamanho três quartos e sapatos preto modelo colegial.

A descrição das vestimentas parece mais um lugar comum, mas as minhas tinha um diferencial. Meu tio, um alfaiate de profissão, foi incumbido de sua confecção, e não se deu de rogado, ele abriu quatro casinhas no cós da saia, e na blusa pregou quatro botões de madrepérola em forma de meia-lua colados sobre um apoio prateado que tinha o diâmetro pouco maior e isto conferia ao conjunto anel fino e delicado fazendo toda a diferença. 

Duvido que alguém estaria tão bem vestida quanto eu na escola. Minha camisa jamais sairia de dentro da saia, teria toda aquela elegância mesmo depois do intervalo quando todos nós brincaremos de corrida, pique esconde, pula corda. Poderia estar até suja mas continuaria elegante.

Iniciou-se a aula inaugural de minha vida, lembro-me da professora, seu nome? Dona Leonor, com certeza ela teceria algum comentário sobre minha roupa, afinal ela parecia uma pessoa descolada e muito antenada com a tendência da época. Mas que nada, fiquei sentada na carteira o período escolar inteiro, ninguém notou meus preciosos botões.

Ai Meu Deus que frustração, isto então é a vida escolar um monte de crianças sentadas uma atrás de outras caladas com a única missão de ouvir o conteúdo que precisava aprender coisa chata demais ninguém olha para ninguém assim como perceberiam o modelo original que eu desfilei a manhã inteira sem receber um elogiozinho sequer as outras meninas todas desmilinguidas e eu inteirona chiquérrima se bem que havia meninas muito bonitas nem precisavam de roupa bonita fazer o que né eu que precisava me valer de qualquer coisa para chamar a atenção sou mesmo feia gorda demais cabelo todo rebelde eu bem que podia nascer um pouco mais bonitinha eu merecia isto e não era só isso era uma criança muito chata calada sem graça morria de vergonha de me expor não era nem alegre nem simpática parecia um bicho do mato.       

De repente o sinal avisando o final do período soou e eu voltei para a casa meio frustrada, meio decepcionada, mas como sempre não comentei com ninguém não suporia a gozação de meus irmãos.

Dia seguinte iniciava-se a rotina na preparação para a escola desta vez sem ansiedades nem expectativas. Chego ao portão da escola e a diretora estava lá nos recepcionando, para minha surpresa ela se encantou com a solução dada ao meu uniforme assim ele não se desestruturaria durante o dia.


Sorri vitoriosa, mas assim que passei pelo portão o elogio não surtiu o efeito que eu imaginava que teria, esqueci-o imediatamente, sentei na minha carteira e ouvi o conteúdo escolar até a hora de ir para casa.

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