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quinta-feira, 4 de março de 2021

Chapeuzinho Vermelho travessa - Adelaide Dittmers

 


Chapeuzinho Vermelho travessa

Adelaide Dittmers

 

Era uma tarde fria de inverno.  Em uma bela casinha pintada de branco com janelas vermelhas, rodeada por um charmoso jardim, onde cresciam várias flores multicoloridas, que se entremeavam com os vários tons de verde da vegetação, morava um casal e sua filha, que era chamada de Chapeuzinho Vermelho, porque adorava uma capinha com capuz em um tom bem vivo dessa cor.

A menina era a única filha e talvez por isso era muito mimada.  Todas as suas vontades eram prontamente atendidas.  Em consequência disso, era birrenta, autoritária, malcriada e muito desobediente. 

Nesta tarde, a mãe de Chapeuzinho estava na cozinha arrumando uma cesta com bolo, pães, geleia, frutas e outras guloseimas, pois sua mãe estava doente e não podia se levantar da cama para se alimentar.

Enquanto isso, a travessa menina se divertia correndo pela casa, atrás de Pipoca, um gatinho adotado por elas, que era carinhoso e alegre.  Em suas correrias procurava atormentar o pobre bichinho, puxando-lhe o rabo.  Pipoca tentava fugir e miava pedindo ajuda, até que conseguiu se esconder e ela finalmente desistiu da perseguição.

A mãe começou a chamá-la, mas só depois de algum tempo, Chapeuzinho apareceu na cozinha para saber o que ela queria.

— O que você quer?  Estou brincando! Reclamou a menina.

—Sua avó está adoentada.  Quero que você leve essa cesta com lanche para ela.

— Não quero ir.  Estou brincando! Gritou meio chorosa a menina. Por que você não vai? É a filha dela!

— Infelizmente você vai ter que ir, sim.  Estou cheia de trabalho e não posso ir agora. E além do mais, vou preparar um jantar para a vovó, que seu pai e eu vamos levar para ela ao anoitecer. A mãe falou com uma voz firme, que era raro usar para a menina.

— Você é muito chata, mamãe!  Não gosto mais de você! Mas pegou a cesta com má vontade e foi em direção à porta.

— Vá depressa e não se distraia no caminho! Gritou a mãe.

A avó vivia do outro lado de uma floresta, que ficava entre as duas casas.

Chapeuzinho entrou na floresta, cantando e dançando. Parava muitas vezes na tentativa de alcançar uma borboleta.  A certa altura um esquilo saiu de sua toca e a menina rapidamente atirou uma pedra no pequeno animal, que fugiu assustado.  Ela soltou uma sonora risada e continuou o seu caminho sem pressa nenhuma. Sentou-se embaixo de uma árvore, abriu a cesta e deliciou-se com um pedaço de bolo.  Depois seguiu o seu caminho, arrancando as flores que encontrava e as jogando no chão.

De repente, um enorme lobo apareceu em sua frente. Ela se assustou e encolheu-se toda.

— Não precisa ficar com medo.  Disse o lobo.  Não faço mal a ninguém. Aonde você está indo?

A menina desconfiada falou:

— À casa da minha avó. Ela está doente. Vou levar essa cesta de comida para ela.

— Posso ir com você?  Perguntou o lobo. Conheço o caminho mais curto.

— Não.  Vamos fazer outra coisa.  Vamos apostar uma corrida. Eu vou pelo caminho mais curto, que você vai me ensinar e você pelo outro caminho porque corre muito mais do que eu.

O lobo gostou da brincadeira e aceitou o desafio.

Separaram-se e cada um seguiu o seu caminho.

 Chapeuzinho começou a andar muito depressa e conseguiu chegar antes do lobo na casa de sua avó.

Bateu à porta e gritou:

— Vovó, sou eu

 Entre minha querida, falou a avó com voz rouca.

Chapeuzinho entrou e aproximou-se da cama da avó.

— Oi, vovó, está melhor?

— Estou um pouco melhor, sim, minha querida.  A gripe me pegou de jeito.

— Trouxe esta cesta para você.  Tem uma porção de coisas gostosas.

— Então vá ao armário, pegue pratinhos e sente-se ao meu lado para comer comigo.

Mais que depressa, a menina correu e trouxe os pratinhos para desfrutarem do lanche.

— Vovó, ainda tem aquela armadilha para pegar os bichos maus da floresta.

— Tem sim, porque às vezes aparecem aqui uns animais perigosos e assim fico segura.

— Espera só um pouquinho. Vou lá fora ver se está armada. E saiu correndo.

Logo achou o grande buraco, onde os animais caiam quando se aproximavam da casa. Estava descoberto e a menina cuidadosamente o cobriu com várias folhas. Sorriu satisfeita e entrou para lanchar com a avó.

Alguns minutos depois, chegou o lobo, que vinha num passo lento, porque era tão bonzinho, que quis deixar a menina ganhar a corrida.

No entanto, quando se aproximou da casa, ¨zapt¨, caiu na armadilha. Muito assustado, chamou pela menina.

— Chapeuzinho, o que está acontecendo lá fora?  Perguntou a velha senhora, preocupada.

— Acho que um bicho caiu na armadilha.  Ainda bem, não é?

— Essa voz eu conheço. É do Peludo, um lobo, que é mais manso do que um cachorro.

— Não, não deve ser não. E continuou a avançar no lanche, que foi feito para a avó doente, indiferente aos pedidos de ajuda do pobre animal.

Nesse momento, um guarda florestal, que sempre passava por lá e muitas vezes entrava na casa para visitar a velhinha, ouviu os chamados do lobo.

— O que está acontecendo aqui? Gritou.

— Estou preso na armadilha.  Me ajude!

O homem se aproximou. Retirou as folhas que encobriam a armadilha.

— Peludo, como aconteceu isso?

— Não sei.  Apostei uma corrida com Chapeuzinho Vermelho e de repente caí aqui.

O guarda coçou a cabeça e disse:

— Ah! Essa menina é endiabrada.  Vive maltratando os animais da floresta. Só tem medo daquele enorme lobo, que anda circulando por aí.

— Verdade.  Ela me confundiu com ele, quando nos encontramos na floresta.

— Tudo bem.  Vou tirá-lo daí.  Arranjou uma madeira larga e forte e a colocou dentro do buraco, como uma rampa.  Jogou uma corda para o lobo, que, na ponta tinha um laço e com destreza enlaçou o pescoço do animal e com muita delicadeza foi puxando-o para fora do buraco.

O lobo lembre-lhe as mãos, agradecido. E o guarda falou.  Agora vamos dar uma lição nessa menina danada.

Bateu à porta da casa e Chapeuzinho veio atender.  Sua boca estava toda lambuzada de doces. Levou um susto quando viu o homem.

— O que você está fazendo aqui? Perguntou zombeteira, tentando demonstrar calma.

— Por favor, Chapeuzinho Vermelho, venha até aqui. 

E levou-a até a borda da armadilha. 

— Sente-se na borda desse buraco. Quero lhe mostrar uma coisa.

A menina assustada obedeceu.

— Onde está o lobo? Perguntou ela.

— Ah! Então você confessa!  Empurrou o pobre coitado aí para dentro.

— Eu só queria brincar!!

— Pois então, vamos continuar a brincadeira. O guarda a empurrou e ela deslizou pela rampa de madeira. Ele retirou a rampa.

— Agora você vai ficar aí para aprender a não maltratar os animais.

A menina começou a chorar desesperadamente.

— Me tire daqui!  Me tire daqui!

Não, você vai ficar aí por um tempo para nunca mais fazer mal a nenhum animal.

O lobo estava escondido atrás de uma moita com muita pena da garota.

O guarda chamou-o e os dois entraram na casa da velhinha, que, muito ansiosa, queria saber o que estava acontecendo.

O homem contou-lhe o que aconteceu.  A senhora passou a mão na cabeça de Peludo.

— Pobrezinho! Disse ela com tristeza.  Minha netinha é muito levada.  Ela merece o castigo. Mas não a deixem muito tempo presa.  Apesar de tudo é uma criança e eu a amo muito.

— Não vamos deixá-la muito tempo lá, mas ela precisa aprender a lição.  E começou a conversar com a avó de Chapeuzinho.

Lá fora, a menina chorava e falava:

— Me tirem daqui.  Prometo ser boazinha daqui por diante.

A avó, com os olhos, implorava para o homem tirar a menina do buraco.

Ele sorriu para ela. E concordou.

Está bem!  Estou vendo que a senhora está aflita.  Acho que o castigo já foi suficiente.

E saiu com o lobo para resgatar Chapeuzinho Vermelho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O ALMOÇO DOS BARQUEIROS - Claudionor Dias da Costa

 


O ALMOÇO DOS BARQUEIROS

Claudionor Dias da Costa

 

 Os pintores que desencadearam o movimento conhecido como impressionismo ocorrido na segunda metade do século XIX, provocam fascínio e admiração a todos apreciam suas obras.

As emoções provocadas por essas pinturas me levaram aproximadamente a quarenta anos atrás a adquirir em uma das viagens uma estampa fotográfica da obra de Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) chamada “O ALMOÇO DOS BARQUEIROS”. Não é tão citada quando se referem a Renoir, muito embora tenha sido exposta no Salão dos Impressionistas em Paris, em 1882 tendo sido considerada a melhor pintura da exposição. É muito bonita e interessante como tudo que fez.

O que nos cativou foi a nuance de cores, vários personagens interagindo com detalhes de roupas e gestos que impressionam. É uma tela que parece que ter movimento e transportar o apreciador para aquele momento, como se participasse da festa marcante. Talvez tenha sido este fato que nos motivou a adquirir a cópia da obra.

Mostra um alegre encontro de grupo de amigos relaxando numa varanda ao lado do Rio Sena.  Utilizou a luz para oferecer contraste e para criar um momento que refletisse tranquilidade e calma onde os personagens demonstrassem que estavam realmente felizes. É o momento já de final do almoço com vinho e frutas sobre a mesa.

Renoir colocou quinze personagens na tela, que eram de seu relacionamento. Pintores, jornalistas, artistas e inclusive Aline que viria a ser sua esposa. Ela estava na frente, à esquerda sentada segurando um cãozinho. Ele trabalhou muito tempo nesta pintura, fazendo desenhos das figuras individualmente e depois compôs o cenário inserindo cada uma em seu momento imaginado. Fica evidente que queria mostrar como a sociedade francesa vivia naquele tempo.

Prosseguindo na história desta nossa aquisição, ocorrida a anos atrás, enquadramos a cópia numa moldura branca e a colocamos na sala de jantar da casa.

Ficava sempre a nossa frente, de forma que ao entrarmos pela porta nos deparávamos com aquele Renoir.

Os anos se passaram, vieram os filhos, netos, trabalho e aquele quadro nos acompanhou.

Parece que ao olharmos para ele, nos mostrava que o que vale são os momentos alegres com os amigos numa confraternização que queremos eterna. Isto, nos fazia valorizar o encontro com a calma familiar.

Os filhos deixaram o ninho, sentimos a perda de nossos pais, fiquei viúvo e tivemos que mudar algumas vezes de residência.

Com novo amor surgindo, me casei e mudei até de bairro.

Mesmo com todo este movimento, o nosso Renoir está conosco.

Hoje, em nosso apartamento nos lembra que todos os momentos passados não precisam e nem devem se perder, permanecendo os alegres como motivadores. A vida continua...

Nada como ainda não se emocionar com a grande inspiração deste grande pintor que em momento único conseguiu estampar suas intenções tão claramente num quadro que nos marca até hoje. Creio que é isto que faz a diferença do grande artista.

E viva Renoir.

 



CONSULTAS AOS SITES:      https://www.ebiografia.com/auguste_renoir/

https://www.arteeblog.com/2017/12/detalhes-e-curiosidades-sobre-pintura.html


GUSTAVE CAILLEBOTTE E O IMPRESSIONISMO - Leon Vagliengo


 

GUSTAVE CAILLEBOTTE E O IMPRESSIONISMO

Leon Vagliengo

 

Todos os movimentos artísticos nascem de uma ruptura com as tendências existentes e de uma vontade de reinventar o processo criativo. O impressionismo não foge a esta regra e se constrói em oposição à pintura acadêmica.

Abandonando temas históricos, mitológicos e o orientalismo, a nova corrente liderada em particular por Pissaro, Renoir e Monet, centra-se em temas e cenas do cotidiano.

Já não se trata mais de pintar um grande mural, com grande fidelidade no plano visual, mas de deixar expressar as sensações sentidas pintando o objeto. A luz e os fenômenos climáticos, como a neve, a chuva, as ondas, as alegrias e as dores dos homens e mulheres deixam impressões fugazes, que são capturadas e restituídas na tela.

Entre os jovens artistas que participaram do desenvolvimento do impressionismo, com o pincel na mão, apresenta-se

Gustave Caillebotte: um pintor e um mecenas

Gustave Caillebotte (1848 – 1894)

- Nascido em Paris, formou-se em Direito em 1868.

 - Convocado para a Guarda Nacional, lutou na Guerra Franco Prussiana.

- Estudou na Escola de Belas Artes de Paris, onde entrou em contato com vários pintores do Impressionismo.

- Atuou também como financiador das artes plásticas (mecenas), foi colecionador de arte, filatelista e projetista de iates.

- Foi pintor, membro e patrono de um grupo de artistas conhecidos como impressionistas.

Este talentoso artista é também amigo das artes e um humanista comprometido. Gustave Caillebotte é conhecido por seu compromisso e seu mecenato a serviço do movimento impressionista. Devemos a ele a organização de quatro exposições destinadas a esta corrente artística durante o último quarto do século XIX.

Se Gustave Caillebotte pintou por paixão, e foi por vezes considerado – erroneamente – como pintor diletante, historiadores de arte o descrevem, de bom grado, como artista original e audaz.

Principais características do estilo artístico:

- Presença marcante, em suas obras, do realismo.

- Belo e marcante trabalho com a luminosidade nas telas.

- Retratou, em suas pinturas, cenas cotidianas da vida urbana, com destaque para as pessoas e os cenários. Retratou também paisagens e cenas de interiores.

- Usou, em grande parte de suas pinturas, a técnica de óleo sobre tela.

- Teve influência da fotografia e de pinturas japonesas.

- Usou também o recurso da perspectiva profunda e do ponto de vista alto.

Principais obras:

- Rua Parisiense, Dia Chuvoso (1877)

- Os jardins (1875)

- A ponte da Europa (1876)

- Baigneurs (1878)

- Homem jovem à sua janela (1875)

- Boulevard dos italianos (1880)

- Skiffs no Yerres (1877)

- Os raspadores de chão (1875)

- Homem em uma varanda (1880)

- Veleiros sobre o rio Sena em Argenteui (1892)

Uma exposição de 80 obras lhe foi dedicada no primeiro semestre de 2016, no Museu de Giverny.

JOÃO E MARIA - Do Carmo

 


JOÃO E MARIA

Do Carmo

 

Era uma vez dois irmãos muito peraltas, João e Maria. Eles gostavam de fazer maldades com os animais que moravam na floresta, bem perto da casa de seus pais.

Certa manhã, combinaram de ir até a casa da senhora Bruxa Amiga, que ficava do outro lada da floresta, e para não se perderem, deixavam pedacinhos de pão embebido em gasolina, assim maltratariam os pássaros ou animaizinhos que os comessem.

Alegres, encontraram a Bruxa cantarolando, enquanto molhava suas plantinhas no jardim, que circundava a casa.

Vendo os irmãos corados pelo tanto que andaram para chegarem até ali, parou seu trabalho, e sorridente, solícita, ofereceu um pequeno lanche, que foi aceito por eles, porém trocando um olhar bem malicioso.

Tudo o que a boa senhora servia, eles comiam vorazmente e repetiram até uma última porção, que foi tristemente anunciada pela bondosa Bruxa. 

Com gritos satânicos os irmãos a prenderam, amarrando-a em uma cadeira, e virando-a de costas para o chão. E saíram correndo e rindo, rumo a floresta de volta para casa.

Mas, qual foi o espanto ao não encontrarem nenhum dos pedacinhos de pão, nem mesmo animaizinhos mortos, como tinham imaginado que aconteceria. Se morreram, foi distante de onde comeram.

Depois de muitas tentativas, encontraram um caçador que se apiedou deles e os levou de volta à casa, onde desesperados os seus pais os esperavam.

Depois disso, muita coisa mudou para essas crianças...

MOVIMENTO IMPRESSIONISTA - Alberto Landi

 

MOVIMENTO IMPRESSIONISTA

Alberto Landi

 

Características:

 

Foco nas pinceladas, na textura , na luz, paisagem, interesse na cor e natureza.

Cenas da natureza:  interesse na agua em todas as suas formas. Temas agradáveis como jardins e flores. As cores são ações e paixões da luz.

Efeitos da luz natural nas pessoas e objetos.

Predomina pinturas ao ar livre, tendo como paisagem, lugar desabitado, paisagens campestres e natureza.  Tipo de pintura que proporciona vida às cenas do cotidiano. São leves pinceladas sobre a telas.  Luz nas pinturas, reflexo na agua.

O movimento surgiu em meados do século 19, entre 1860 e 1880. Havia muitas coisas em comum com a Belle Epóque, ocorrido entre 1871 a 1914.

Foi um movimento artístico que revolucionou a pintura. Monet foi um dos principais artistas desse movimento artístico.

 

Análise da tela “ Mulher com sombrinha”

Conhecido também como Madame Monet e o Filho.

Representa o jardim de sua nova casa em Argenteuil e campos cobertos de papoulas perto de Colombes e Gennevilliers.

A sua primeira esposa Camille e seu filho Jean, com 8 anos, serve de modelo.  O incomum é que ambos são vistos de baixo para cima. É uma influencia direta da fotografia que começava a ser explorado pelos artistas.

Passa ao observador uma sensação de tranquilidade e frescor, pois a luz e a brisa parecem ultrapassar os limites da tela.

Jean aparece como uma forma acidental, sendo a mãe personagem principal. A vegetação alta cobre quase a metade do corpo de Jean, que tem olhar serio distante. O vento é percebido através do esvoaçar das vestes de Camille e do dobrar da vegetação.  Tem os pés cobertos pela relva e flores. Parece flutuar.

Camille tem o seu olhar que parece dirigir-se ao observador. Tem rápidas pinceladas nas nuvens e relva. Cores puras.

O dia está ensolarado, a mulher está de perfil esquerdo, com o olhar a frente. Cabelos castanhos ondulados, pontas cacheadas pousam sobre o colo coberto pela gola de um vestido branco, chapéu de palha marrom.

Um véu sobre o rosto. O vestido é composto por corpete e saia longa branca, corpete de mangas largas e compridas, sobreposta à saia. Dobras acentuadas e esvoaçantes na lateral esquerda, representa o movimento do vento sobre o tecido.

Jean com chapéu de palha bege claro redondo, camisa branca de manga longa, colete bege claro, gravata borboleta preta e calça social branca, e mãos nos bolsos da calça. São pinceladas separadas que parecem manchas sem contorno.

Nas pinturas de Monet como dos demais impressionistas, veem-se movimento das aguas, reflexos da luz, a dissolução das imagens, a fumaça de um trem que chega a estação, o nevoeiro sobre um rio. Com a invenção da fotografia tudo isso tornou-se realidade.

Ano da pintura 1871.

Local da pintura: Cidade de Promenade

Medidas originais 81x100

Encontra-se exposta na National Gallery of art em Washington.

 

BIOGRAFIA DE MONET

Claude Monet   1840- 1926

Pintor francês, considerado um dos mais importantes pintores da escola impressionista. O termo surgiu em 1874.

Nasceu em Paris, em novembro de 1840. Recebeu incentivo de sua tia Marie Jeanne Lacadre.

O interesse pela luz e pela cor teve influencia nas gravuras japonesas de Hokusai e na pintura de Eugene Boudin, que o incentivou a praticar a pintura ao ar livre e se tornar um pintor paisagista.

Recusou-se a ingressar na Escola de Belas Artes e preferiu visitar os locais frequentados pelos inovadores da época. Em 1861, prestou serviço militar na Argélia.

Em 1862, depois do serviço militar, Monet voltou a Paris para estudar no ateliê de Charles Gleyre onde conheceu Renoir, Bazille e Sisley. Levava uma vida nômade e com dificuldades financeiras.

Em 1869 Monet e Renoir produziram uma serie de telas consideradas como os primeiros exemplos do impressionismo.

Em 1870, casou-se com Camille Doncieux,  mãe de seu filho Jean, nascido em  1867.

Para fugir da guerra franco prussiana, a família refugiou-se em Londres, onde conheceu o marchand Durand Ruel, seu agente.

Em 1872, Monet retornou para a França e instalou-se em Argenteuil, pequeno povoado no subúrbio de Paris, nas margens do Sena, onde as belas paisagens serviram de inspiração para numerosos quadros, ente eles, Regata em Argenteuil. Ainda nesse ano, esteve em Le Havre, onde a luz do amanhecer e seus reflexos sobre a agua o inspiraram para a elaboração de ,¨Nascer do Sol¨.

Vivia ainda em dificuldades financeiras. Recebeu ajuda de Pissarro. Em uma casa alugada, pintava flores, retratos de Camille e dos amigos.

São desse tempo: Mulher com sombrinha, Estação de Saint Lazare.

Em 1878 mudou-se para Vétheuil. Nesse mesmo ano nasceu seu filho Michel. Em 1879, com a morte de Camille,  Monet e seus filhos mudaram para casa de Alice Hoschedé, esposa de um de seus patrocinadores, em Poissy.

Em 1883, mudou-se para Giverny. Em 1892 casou-se com a viúva Alice Hoschedé, com quem viveu até a morte, em 5 de dezembro de 1926.


No velho Oeste ela nasceu - Hirtis Lazarin

 





No velho Oeste ela nasceu

Hirtis Lazarin

 

Em Oldtown, pequena cidade do oeste americano, acontecia a primeira exposição de gado leiteiro.  Agitada e festiva; há tempos não se via tanta gente.  Balões coloridos foram amarrados por todos os cantos.

As ruas estreitas de terra batida congestionavam-se com carroças puxadas por parelhas de cavalos.  Do solo, levantavam-se nuvens de poeira que provocavam acessos de tosse intermináveis.

O ferreiro coçava a cabeça.  Não daria conta de tanto trabalho.  E as ferraduras em estoque não seriam suficientes.  Perdia-se a chance de faturar um pouquinho mais...

Cowboys, vestidos de jeans, lenço no pescoço, chapéu e botas, exibiam-se às mocinhas casadoiras que se escondiam atrás de risinhos tímidos e marotos.  Eram jovens fortes e valentes que dominavam, acrobaticamente, o laço e o gado.

No "saloon", agitado e barulhento, a música alta misturava-se ao vozerio grave e alterado dos homens.  Mulheres jovens, exuberantes e pouca roupa ofereciam "moonshine" aos mais afoitos.

Rose nasceu em Oldtown.  Cresceu, praticamente, no colo do avô, atenta e encantada com as histórias que ele lhe contava.   A sua família foi uma das primeiras a chegar ali, no oeste americano, lado esquerdo do rio Mississipi.  Terra inóspita e selvagem que se fazia tremer com o estouro de manadas de bisões que se perdiam nas planícies sem fim. 

O trabalho incansável, a persistência e a esperança nunca faltaram a essas famílias desbravadoras.  E foram esses exemplos que moldaram a personalidade da menina Rose.

Seu pai, Joe, era proprietário da única loja que abastecia os moradores, agricultores e rancheiros. Vendia um pouco de tudo. 

Depois de um dia exaustivo e cheio que começou às 06:00 da manhã, pai e filha fechavam o estabelecimento.   Rajadas de tiros ininterruptos vinham de todos os lados.   Era gente correndo e caindo, gente gritando, crianças escondendo-se debaixo de carroças estacionadas, mocinhas tropeçando na barra dos vestidos,, cavalos relinchando e bois berrando.  Uma confusão jamais vista. Joe,  não se sabe como nem porquê, foi atingido na cabeça. Despencou na calçada e, em segundos, morreu ali mesmo, sangrando...

Nunca se viu tanta gente reunida num funeral.

O tempo corria e as investigações não caminhavam.  Um homem trabalhador e de família tradicional teve o cérebro perfurado por um tiro perdido e certeiro de colt.  O culpado tinha que ser encontrado.

Enquanto isso, a família Goldstein desmoronava.  O filho mais velho perdia-se na bebida, a mãe tresloucada andava sem rumo falando sozinha.  Rose, corroída pelo ódio que virou sede de vingança, encheu-se de valentia.  Atirava com tiro rápido e certeiro e dominava o cavalo no galope.  Ofereceu ajuda ao xerife:  "Mulher não se mete nisso."  A moça insistiu... insistiu..., mas não teve jeito.  A rejeição jamais seria aceita e provocou um revés na vida de Rose.  Uma pistoleira convicta nascia ali.

Há anos e anos que Oldtown não ouvia mais falar naquela moça.   Seu nome caiu no esquecimento até que o capelão da cidade recebeu  mensagem do governador do Estado de Arkansas:

       "Acabamos de enterrar o corpo da justiceira Rose Goldstein, que, friamente, matava muitos contra a lei, mas sempre protegendo os mais fracos. 

         The thorny Rose (a Rosa espinhosa) são as inscrições na sua tumba fria e escura."

               Cemitério de Arlington - em Suntown (Arkansas)

    

 "No velho Oeste, ela nasceu e entre bravos se criou. Seu nome em lenda se tornou..."


A desforra - Dinah Choichit

 


A desforra

Dinah Choichit

 

Uma moça muito bonita, já ia para a Faculdade estudar medicina, quando seu pai, sem nenhuma briga foi assassinado. Não tinha inimigos, era alfaiate, tinha ótimos clientes.

Lindalva não se conformava com o acontecido. Estava na sala junto com o pai quando entrou um rapaz muito forte, de máscara, atirou no homem.

Lindalva desconfiou que conhecia o rapaz, não se lembrava onde tinha visto aquele tipo, mas não era estranho. Não comentou com a polícia essa sua desconfiança.

Pensou, pensou e lembrou que havia chegado na cidade uma turma para jogar tênis e ele fazia parte. Foi quando tudo começou. Ela estava na escola e foi apresentada para eles, pois jogava tênis também. Logo ele ficou interessado nela e a pediu em namoro. Ela disse que não, estava às voltas com seus estudos ainda.

Ele falou: “ainda vai me querer”.

Ela nem ligou. Contou para o pai o acontecido e ambos combinaram de manter distância do rapaz. No entanto, passado uns 10 dias o pai estava no salão de costura quando o rapaz entrou novamente, e foi direto falar com ele e pedir Lindalva em namoro. O pai não se conformava com aquela insistência: Não, ela já me falou de você e ela não quer. Por favor vá embora.

O jovem ainda retrucou: vou, mas volto qualquer dia.

O pai contou para a filha que o rapaz estivera na loja e prometeu voltar novamente.

Voltou sim, voltou para matar o velho.

Lindalva andava muito triste, e ao mesmo tempo desconsolada, isso jamais acabaria, ela pensou. Então, decidiu tomar rédea da situação, se vingaria a morte do pai.

Ninguém conhecia o jovem. Não havia como ligar o nome dele ao dela, então estabeleceu um plano que somente ela conhecia. Marcou com ele um encontro na quadra de tênis, mais à noitinha. Ela se preparou toda, deu uma volta na cidade, e entrou na Igreja que dava fundos para as quadras. Procurou a casinha do locutor da rádio da cidade e se escondeu lá. A entrada para as quadras era em frente a casinha e afastada da secretaria. Nem escureceu muito, ele chegaria num instante, mas ela já estava de revólver pronto. Ficou no vão da porta esperando. Ele apareceu todo fogoso com um buquê de flores.

Vinha dançando todo alegre, quando passou pela casinha procurando-a, ela não titubeou, disparou duas vezes e ele caiu de costas.

Lindalva verificou, não queria deixar serviço pela metade, ele estava sangrando abundantemente na região do estômago. A respiração já cessara. Bingo! Ela pensou vitoriosa. O tiro fora certeiro. Olhou para os lados para se certificar de não haver mais ninguém por ali.  Depois ela entrou na Igreja trocou o vestido e foi para casa. Mas antes, fez desaparecer a arma assassina, e assim jamais descobriram o assassino.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

CRIME NA ESQUINA DO PECADO - Claudionor Dias da Costa

 


CRIME NA ESQUINA DO PECADO

Claudionor Dias da Costa

 

            Muitas lágrimas foram derramadas pela farmacêutica Helena, quando recebeu a notícia do assassinato de seu pai ocorrido na zona de prostituição em São Paulo.

             Como poderia um homem sério, trabalhador e tranquilo ter sido encontrado morto naquele lugar?

             Assim, depois de algum tempo revirando pertences de seu pai descobriu algumas anotações de uma contabilidade sobre uma dívida que estaria pagando à um tal Felício. Descobriu o endereço dele, que ficava exatamente na região de alto meretrício no centro da cidade.

             Com um amigo comum, começou a investigar e percebeu que não adiantaria abrir de imediato estas informações à Polícia, porque alguns investigadores eram vistos naquela região e levantou suspeitas de que protegiam tais atividades.

             Constatou que Felício almoçava com frequência no mesmo restaurante consumindo bebidas, tendo fama de cafetão e grande agiota.

              Muito triste por seu pai não ter comunicado a ela sua triste situação financeira, passou a planejar a morte daquele indivíduo e imaginou o que seu pai não sofreu de chantagens, extorsões e ameaças e que culminou no crime por Felício não ter aceito atrasos no pagamento de suas dívidas.

               Semanas depois as manchetes dos jornais noticiavam com alarde a morte do maior cafetão e agiota envenenado na “Esquina do Pecado”.

               Helena lia com interesse e respirava aliviada aquele desfecho. Sorridente, lembrava como conseguiu vingar a morte de seu pai, colocando naquele amontoado de fregueses do bar,  veneno na bebida daquele bandido.

A VINGANÇA DE ROSE - Claudionor Dias da Costa

 



A VINGANÇA DE ROSE

Claudionor Dias da Costa    

                     

                Quando jovem eu e meus amigos gostávamos muito de filmes e histórias sobre o Velho Oeste Americano. Seus heróis, índios, caravanas e lutas   povoavam nossas fantasias e eram assuntos que nos empolgavam por horas.

                Num dos nossos encontros povoados de devaneios e comentários, um dos amigos trouxe um livro comprado num sebo que narrava a vida da jovem Rose, que viveu numa das regiões inóspitas que nos cativavam. E aí começa a saga.

               Rose começa contando que com idade de dezessete anos foi com sua mãe, ao centro do lugarejo comprar alguns mantimentos para a casa com o carroção da família. Moça destemida que não se importava de enfrentar a estrada poeirenta, deserta e perigosa.  No retorno no final da tarde se deparou com a cena mais chocante de sua vida. A casa incendiada, seu pai estava morto junto ao depósito, cavalos e parte do gado roubados e muita devastação. Por sorte, seus dois irmãos menores haviam ido para a escola a duas milhas de distância e retornaram pouco depois e se desesperaram com o ocorrido.

Foram acolhidos em casa de vizinhos. Ainda chocados com o acontecido foram sendo informados pelo xerife local de que o bando de Charles, chamado de “O cruel” fora responsável e que teria atacado outras propriedades.

             Rose se martirizava lembrando a vida difícil de seu pai. Ele ficou viúvo jovem e migrou para o Texas, onde se casou novamente, tendo três filhos sendo dois homens e ela. Com muita dor, não se conformava com tamanha injustiça e o crime absurdo cometido que destruiu sua família.

            Com o passar dos dias, a revolta profunda só aumentou e um sentimento de ódio contra aqueles bandoleiros passou a dominá-la. Prometia a si mesmo que não ficaria impune o que ocorreu e que eles pagariam caro pelo que fizeram. Passou a se torturar em pensamentos do que fazer.

           Para reorganizar sua vida, da mãe e dos irmãos depois de algum tempo resolveu pedir ajuda aos índios Apaches, que mantinham uma distância estratégica do pequeno lugarejo e viviam numa grande área se dedicando a agricultura e criação de búfalos. Nessa época a convivência deles já estava um pouco mais tranquila com os homens brancos, como diziam. Tinham muita amizade com o pai de Rose e estabeleceram uma grande convivência a ponto de toda a família dela participar de festas naquela tribo.

           Enquanto procuravam reformar aos poucos a fazenda devido ao grande estrago, moraram com os Apaches sendo todos bem recebidos.

           A indignação e tristeza da família, contagiou os índios que também não toleravam o grupo de Charles, “o cruel” por tudo que vinham fazendo. Contudo, escapavam e fugiam para outras regiões sendo difícil enfrentá-los.

          Depois de dois meses, souberam que aquele bando estava próximo.

          Liderados pelo cacique, que reuniu quinze companheiros elaboraram plano de fazer uma emboscada ao bando. E assim partiram para o grande desfiladeiro. Rose fez absoluta questão de acompanhá-los, mesmo com os conselhos contrários. Ficaram acantonados distribuídos num semicírculo no alto do penhasco. Abaixo, pequena estrada que rodeava o vale muito alto. Permaneceram numa angustiante espera de três horas.

De repente, avistaram após a curva o terrível bando, tendo à frente o famoso bandido “o cruel”.

Ficaram em tal silêncio que só se escutava o assobio do vento. O cacique olhou para Rose e viu que os olhos dela faiscavam de apreensão, mas com grande dose de ódio. Ele seria o primeiro a disparar, contudo ela gesticulou pedindo preferência para isto.                  

Rose estava acostumada a manejar armas, ensinada bem jovem pelo seu pai. Naquele instante pensou muito nele e em suas aulas. Assim, mirou a “um palmo e meio abaixo da ponta do chapéu”, conforme aprendeu. Concentrada, respirou fundo e atirou. O ruído ecoou pelo vale.

Os cavalos se assustaram, alguns tombaram e puderam ver o corpo de Charles,” o cruel” despencar pelo vale. Enquanto isto, os apaches passaram a atirar.

A confusão se estabeleceu e os bandidos foram sendo abatidos. Alguns caíram com os animais no despenhadeiro. Depois de alguns minutos só se ouvia novamente o assobio do vento rompido por grandes gritos dos índios que comemoravam.

O cacique abraçou Rose, que chorava num misto de desabafo e liberdade por ter cumprido a promessa que havia feito a si mesma. E   ele lhe disse:

  Seu pai terá paz junto ao “Grande Espírito da Montanha” e você também.

Eu e meus amigos nos entreolhamos sensibilizados pelo final da história real de uma grande vingança da moça Rose ocorrida naquelas terras do faroeste.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

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