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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

A VINGANÇA DE ROSE - Claudionor Dias da Costa

 



A VINGANÇA DE ROSE

Claudionor Dias da Costa    

                     

                Quando jovem eu e meus amigos gostávamos muito de filmes e histórias sobre o Velho Oeste Americano. Seus heróis, índios, caravanas e lutas   povoavam nossas fantasias e eram assuntos que nos empolgavam por horas.

                Num dos nossos encontros povoados de devaneios e comentários, um dos amigos trouxe um livro comprado num sebo que narrava a vida da jovem Rose, que viveu numa das regiões inóspitas que nos cativavam. E aí começa a saga.

               Rose começa contando que com idade de dezessete anos foi com sua mãe, ao centro do lugarejo comprar alguns mantimentos para a casa com o carroção da família. Moça destemida que não se importava de enfrentar a estrada poeirenta, deserta e perigosa.  No retorno no final da tarde se deparou com a cena mais chocante de sua vida. A casa incendiada, seu pai estava morto junto ao depósito, cavalos e parte do gado roubados e muita devastação. Por sorte, seus dois irmãos menores haviam ido para a escola a duas milhas de distância e retornaram pouco depois e se desesperaram com o ocorrido.

Foram acolhidos em casa de vizinhos. Ainda chocados com o acontecido foram sendo informados pelo xerife local de que o bando de Charles, chamado de “O cruel” fora responsável e que teria atacado outras propriedades.

             Rose se martirizava lembrando a vida difícil de seu pai. Ele ficou viúvo jovem e migrou para o Texas, onde se casou novamente, tendo três filhos sendo dois homens e ela. Com muita dor, não se conformava com tamanha injustiça e o crime absurdo cometido que destruiu sua família.

            Com o passar dos dias, a revolta profunda só aumentou e um sentimento de ódio contra aqueles bandoleiros passou a dominá-la. Prometia a si mesmo que não ficaria impune o que ocorreu e que eles pagariam caro pelo que fizeram. Passou a se torturar em pensamentos do que fazer.

           Para reorganizar sua vida, da mãe e dos irmãos depois de algum tempo resolveu pedir ajuda aos índios Apaches, que mantinham uma distância estratégica do pequeno lugarejo e viviam numa grande área se dedicando a agricultura e criação de búfalos. Nessa época a convivência deles já estava um pouco mais tranquila com os homens brancos, como diziam. Tinham muita amizade com o pai de Rose e estabeleceram uma grande convivência a ponto de toda a família dela participar de festas naquela tribo.

           Enquanto procuravam reformar aos poucos a fazenda devido ao grande estrago, moraram com os Apaches sendo todos bem recebidos.

           A indignação e tristeza da família, contagiou os índios que também não toleravam o grupo de Charles, “o cruel” por tudo que vinham fazendo. Contudo, escapavam e fugiam para outras regiões sendo difícil enfrentá-los.

          Depois de dois meses, souberam que aquele bando estava próximo.

          Liderados pelo cacique, que reuniu quinze companheiros elaboraram plano de fazer uma emboscada ao bando. E assim partiram para o grande desfiladeiro. Rose fez absoluta questão de acompanhá-los, mesmo com os conselhos contrários. Ficaram acantonados distribuídos num semicírculo no alto do penhasco. Abaixo, pequena estrada que rodeava o vale muito alto. Permaneceram numa angustiante espera de três horas.

De repente, avistaram após a curva o terrível bando, tendo à frente o famoso bandido “o cruel”.

Ficaram em tal silêncio que só se escutava o assobio do vento. O cacique olhou para Rose e viu que os olhos dela faiscavam de apreensão, mas com grande dose de ódio. Ele seria o primeiro a disparar, contudo ela gesticulou pedindo preferência para isto.                  

Rose estava acostumada a manejar armas, ensinada bem jovem pelo seu pai. Naquele instante pensou muito nele e em suas aulas. Assim, mirou a “um palmo e meio abaixo da ponta do chapéu”, conforme aprendeu. Concentrada, respirou fundo e atirou. O ruído ecoou pelo vale.

Os cavalos se assustaram, alguns tombaram e puderam ver o corpo de Charles,” o cruel” despencar pelo vale. Enquanto isto, os apaches passaram a atirar.

A confusão se estabeleceu e os bandidos foram sendo abatidos. Alguns caíram com os animais no despenhadeiro. Depois de alguns minutos só se ouvia novamente o assobio do vento rompido por grandes gritos dos índios que comemoravam.

O cacique abraçou Rose, que chorava num misto de desabafo e liberdade por ter cumprido a promessa que havia feito a si mesma. E   ele lhe disse:

  Seu pai terá paz junto ao “Grande Espírito da Montanha” e você também.

Eu e meus amigos nos entreolhamos sensibilizados pelo final da história real de uma grande vingança da moça Rose ocorrida naquelas terras do faroeste.

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