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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Parece, mas não é - Hirtis Lazarin

 


Parece, mas não é

Hirtis Lazarin

 

Ele tinha mais de oitenta anos. Fumou sempre e agora os pulmões cobravam um preço bem caro por terem sido tão prejudicados. Os acessos de tosse não eram tão frequentes, mas quando vinham, os balões de oxigênio eram acionados. Seu Jerônimo não reclamava, pois sabia que era o único culpado pela falta de saúde. Os conselhos da esposa que o amava tanto, nunca foram levados a sério. “Pratico esportes”, era sua desculpa de sempre. Esses momentos de reflexão sobre a vida eram difíceis e arrancavam-lhe um punhado de lágrimas escondidas.

 Quando decidia sair do quarto, eram os chinelos fofos que arrastavam suas pernas doloridas.  O cantinho preferido da casa era a varanda, projetada por ele. Sua familiaridade e seu amor pelas plantas criaram um espaço colorido e cheio de vida. Um contraste para quem sabia que não lhe restava muito tempo pela frente. Os pássaros vinham e as pessoas que circulavam pela calçada também, atraídas pela beleza e pelo perfume que cantarolava suavemente. Era o momento em que Seu Jerônimo comunicava-se com o mundo exterior e sentia-se feliz.

Eu o conheci quando me mudei para o bairro e fazia uma caminhada. As casas eram afastadas uma das outras e pouco movimento nas ruas. Na verdade, a única pessoa que encontrei, disponível pra bater um papo, foi esse senhor sentado na varanda.  

Um cumprimento de boa tarde e mais meia dúzia de palavras foram suficientes para começar uma grande amizade. A gente combinava e, toda semana, lá estava eu com meu amigo. E para completar a empatia, tínhamos a mesma profissão, engenheiro civil.

Ele era uma pessoa inteligente e de raciocínio rápido. Tinha uma linda história de vida. Ensinou-me que: “Ser homem não é ser pura natureza; ser homem é saber que o mundo não nos foi dado de presente, mas que precisamos criá-lo”. Eu, bem mais jovem, aproveitava cada segundo em sua companhia.

Mas Seu Jerônimo tinha também um lado bem engraçado e sabia contar suas peripécias, nos mínimos detalhes. Ouvi muitas e rimos juntos pra valer. Selecionei uma das histórias, a mais “sui generis” e vou contar a vocês.

Recém-formado, ele foi morar em KISSIMMEE, na Flórida. Uma cidade pequena, com expansão na área de construção. Foi uma ótima escolha:   muitas opções de trabalho e continuação dos estudos.

A casa, ao lado da sua, foi ocupada por novos moradores. Um casal jovem e duas crianças. Comunicativo como a maioria dos brasileiros, Seu Jerônimo procurou os vizinhos para um relacionamento cordial. E, prontamente, foi correspondido. Nos finais de semana, ensinou-os a apreciar um bom churrasco e até aprendeu a fazer a famosa “apple pie”. Foram quase dois anos nessa convivência harmoniosa.

De um momento para o outro, e por conta de um desentendimento, aparentemente, bobo, o casal afastou-se dele.  Nos finais de semana, viajavam e, quando se encontravam na rua, abaixavam a cabeça e, arredios, entravam rapidamente no carro ou abriam o portão de casa, ignorando-o.

Seu Jerônimo ligou várias vezes, mas o número do telefone já não era mais o mesmo. Tentou interceptá-los na frente de casa e não teve sucesso. Era melhor fingir que aceitava aquela situação.

Mas não se conformava. Uma amizade verdadeira não termina assim. Não aceitava aquele afastamento sem uma conversa esclarecedora. A raiva tomou conta.  Nasceu, então, naquele momento, um detetive. Um novo Sherlock Holmes foi empossado e a investigação começou.

Uma vez por semana, geralmente às segundas-feiras, chegava um carro sem placa.  Homens vestidos de negro permaneciam na casa ao lado, durante mais ou menos, duas horas. Os demais dias da semana corriam normalmente até o final de semana, quando a família desaparecia. Os muros foram erguidos e câmeras instaladas ao redor da casa. As janelas permaneciam quase sempre fechadas.  A família estava fugindo? Que segredos guardavam?

A década era de 80, período em que os jornais e a televisão noticiavam, incessantemente, os perigos da guerra fria. Um conflito político-ideológico travado entre os Estados Unidos e a Rússia, um alinhado ao capitalismo e o outro aliado ao comunismo. Cada um tentava provar sua superioridade bélica, espacial e econômica.

A população mundial passou a entender o que significava o adjetivo “fria”. Um conjunto de práticas no campo da espionagem, das disputas diplomáticas e ameaças. A palavra “espião” começou a fazer parte do vocabulário dos americanos.

E Jerônimo colocou na cabeça que morava ao lado de um espião, a serviço da KGB russa.

Apesar de trabalhar menos e espionar mais, não conseguia apurar nada. Se conseguisse provas e denunciasse o casal, com certeza, levaria o título de herói. E a palavra “herói” vibrava!

Postou cartas anônimas ao vizinho e nenhuma reação. Ofereceu dinheiro à moça que trabalhava na casa e ela sempre afirmou que lá não havia nada suspeito. Dobrou a quantia e nada. A única coisa diferente é que os vizinhos ouviam música com muito mais frequência e num volume mais alto que o amigável. “Com certeza é para esconder sons estranhos. Talvez bombas...”

Remexendo na caixa de correspondências do casal, Jerônimo encontrou uma carta cujo remetente era a KGB. Num primeiro momento, acreditou que o cerco se fechara. Encontrou a prova que precisava. Depois, pensando melhor: “um descuido da espionagem oficial russa? Improvável”.

 Mas a empolgação era tão grande, que ele não conseguiu suportar que estava enganado. Procurou a polícia americana, fez a denúncia e entregou a prova. Missão cumprida. Agora era só controlar a ansiedade.

Semanas se passaram até que Jerônimo recebeu um grupo de policiais e uma notícia arrasadora: “A senhora e o senhor Smith são inocentes. Não há nada que desaprove o comportamento deles. São americanos cumpridores dos seus deveres”.

— E a carta da KGB”?

— Não existe carta nenhuma da KGB. Você não sabe ler. A carta é sobre o lançamento, aqui nos Estados Unidos, de uma banda brasileira, a “KLB”, “KLB”, ouviu?  Seus vizinhos são empresários e, há algum tempo têm sido vigiados por você. Temos aqui vários boletins registrados por eles.

Jerônimo desmaiou. O fingimento foi tão bem fingido que convenceu os policiais e ele só voltou a si quando a ambulância chegou ao hospital.

Recebeu alta e no dia seguinte, juntou roupas, objetos pessoais, passou na empresa em que trabalhava e se demitiu.  Desapareceu do mapa, antes que a notícia se espalhasse pela cidade pequena, onde a maioria das pessoas se conhecia. Ele não suportaria ver seu nome, em letras garrafais preenchendo manchetes nos jornais ou então aparecer na T.V.  e virar chacota na boca dos jornalistas.

Eu e o Seu Jerônimo caímos numa risada bem debochada e histérica.

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Nosso amor em quatro estações - LEON A. VAGLIENGO

 

 

 

 

NOSSO AMOR EM QUATRO ESTAÇÕES

Da primavera ao inverno, da paixão ao carinho.

 

Leon Alfonsin Vagliengo_

 

O perfume das flores na atmosfera,

provocando as mais doces sensações,

suavemente estimulou as paixões,

e nosso amor viveu sua primavera.

 

Floresceu o amor, planta da estação,

despertando o desejo e a intimidade,

que aferventou, vencendo a castidade,

quando esse amor alcançou o verão.

 

Sucedeu-se a paz e um doce abandono

no tempo em que a meia-idade chegou,

e vivemos o suave amor do outono.

 

Veio a velhice, e o carinho mais terno,

fruto da saudade do que passou,

nos aquece no frio amor do inverno.

 

 


SINTRA, UM LUGAR FANTÁSTICO - Alberto Landi


Palácio da Pena



SINTRA, UM LUGAR FANTÁSTICO

Alberto Landi

 

Foi terra de príncipes, princesas, castelos encantados, mitos.

Era o destino da nobreza e das elites portuguesas do passado, e a sua arquitetura romântica deixada, ajuda a recordar e criar certo carisma.

Escondidos entre a vegetação da serra ou bem no centro da vila, hoje conquistam visitantes de todo o mundo, encantado com a arquitetura singular e o ambiente de contos de fadas.

Elizabeth, uma professora americana, fascinada por castelos, palácios, gostava muito desses temas. Era professora de Geografia, na Universidade de Los Angeles, Califórnia. Sempre foi aficionada por Portugal do século XX, e sempre gostou de homens intelectuais.

Desde pequena tinha o habito de ler e sua preferência era por castelos e lugares místicos. Numa noite, teve um sonho interessante, onde se transportou para a vila de Sintra.

Em seu sonho voltava ao passado, início do século 20 por volta do ano de 1902.

Ela se viu percorrendo as ruas estreitas dos incríveis palácios e conheceu o respeitado escritor Ramalho Ortigão. Após conversarem, ele se mostrou muito gentil, e se propôs a acompanhá-la mostrando os lugares interessantes e místicos.

 Ortigão, era professor de Frances, escreveu junto com Eça de Queiroz “O Mistério da Estrada de Sintra” e em seus livros sempre faziam finas observações sobre a sociedade, a política, os costumes de Portugal.

— Este aqui, dizia Ramalho, é o Palácio da Pena e o parque em redor é o expoente máximo do estilo romântico em Portugal. D. Fernando em meados do século 19 transformou um antigo mosteiro no colorido e rebuscado palácio em um conto de fadas. No seu interior destaca-se a decoração ao gosto dos reis da época, a capela e as belas pinturas mural. Dalí se obtém uma vista deslumbrante sobre o Cabo da Roca e toda a costa até Cascais. A vegetação contemplada de pinheiros e ciprestes, com alguns carvalhos, embeleza a floresta que envolve a serra.

— E essa floresta? Ela pergunta. Elas são mesmo encantadas? Há duendes e fadas?

— Sim, há muitos deles, em cada canto deste lugarejo.

 Desceram a colina na mata sombria, até chegarem ao palácio Monserrate.

— Este é o palácio, residência de verão de Francis Cook, uma das mais belas e incríveis criações do romantismo. O interior com espaços elegantes e faustosos, a sala de música, de jantar e a biblioteca. Em seus jardins uma notável coleção botânica com várias espécies.

Um pouco mais a frente, a Quinta da Regaleira e o seu palácio, o local mais enigmático e místico da vila, exemplo de estilo romântico junto a elementos góticos, manuelinos, renascentistas, mas também muita simbologia esotérica. Sobressai a capela da Santíssima trindade e o poço iniciático, com a sua icônica escadaria em espiral.

— Vamos agora em direção ao Palácio Nacional, de origem árabe que foi residência da família real portuguesa desde o século 12. Revela diversos estilos arquitetônicos, do gótico ao mudejar, passando pelo manuelino.

 As cozinhas com suas grandes chaminés cônicas, as salas do cisne, brasões e das pegas. Estas são aves que nos caminhos grasnavam na passagem do casal real a caminho da fresca Serra de Sintra.

Este aqui é o Palácio de Seteais, construído no século 18, oferece vistas incríveis que vão desde o Palácio da Pena ao mar. Seus jardins são deslumbrantes.

— Por hoje é só, disse Ortigão, amanhã poderemos percorrer algo mais, se não estiver cansada, pois o pintarroxo com o seu mavioso canto da tarde, escondido nas matas espessas, já soltava os prelúdios de um suave som melancólico, anunciando o anoitecer.

No dia seguinte bem cedo, Elizabeth acordou. A luz da manhã dissipou os sonhos da noite anterior e arrancou de sua alma a lembrança do que vivenciou. As flores de seu jardim se abriram aos raios do sol e as aves já cantavam.

A noite estava frio e chovendo muito. Ela encontrava-se prostrada no sofá da sala, mudava, insistentemente, os canais da TV, mas não encontrou nada interessante para ver. Inquieta, pegou a Revista Grande Hotel, especializada em fotonovela, que estava largada próximo ao abajur, então resolveu ler. Não era muito chegada a esse tipo de periódico. Suspirou mais uma vez, antes de se levantar e caminhar pela casa, à procura de algo para fazer.

Não encontrando nada interessante, foi dormir. Mais uma vez teve um sonho.

Encontrou-se com Eça de Queiroz, num café no hotel Lawrence. Aproximou-se sem acreditar, tocou-lhe os ombros e ele num sorriso lhe disse

— Boa noite linda jovem! Você é do estrangeiro? Pelas suas feições e porte elegante, de onde é?

— Sou professora de Geografia, na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

— Em que poderia ser útil a jovem professora? Antes de tudo, deixe-me apresentar, sou Eça de Queiroz, nascido em Povoa de Varzim, em Portugal.

Formei-me em Direito pela Universidade de Coimbra, e me dediquei entre outras atividades, a literária, que sempre me agradou. Sou representante do realismo português, romancista e diplomata.  Escrevo para o Jornal A Gazeta de Portugal, faço também relatos de viagem. Fui cônsul em Havana, Bristol e New Castle.

Atualmente vivo um pouco cá em Lisboa e Paris, e sempre que posso venho aqui, pois este é um lugar que sempre me fascinou.

Em minha literatura faço críticas à elite burguesa, análise de comportamentos coletivos e outras mais. 

Ela tinha conhecimento do escritor através de livros, mas nunca poderia imaginar estar com ele, nem em sonho!

— Você gostaria de conhecer alguns mistérios que envolvem a vila? Posso lhe acompanhar e a medida que caminhamos posso mencionar algo interessante.  Há várias lendas e histórias de assombração.

— Ficaria grata, disse Elizabeth

— Aqui, onde estamos, no Palácio Nacional, costuma ser visto um cocheiro, com uma cartola do século 19, a passar com sua charrete. Apenas se sabe que é avistado de tempos em tempos, mas é na estação de comboios que habitualmente é visto.

Nas cozinhas há quem diga que ainda se ouvem os choros e gritos das crianças e ajudantes que lá morreram devido a inalação de fumos. Essas chaminés parecem um grande par de binóculos virado para o interior da terra que permite ver os mundos intraterrenos.

A Quinta dos alfinetes, conta em certa ocasião, que um noivo foi alvo de uma magia de morte, no dia de seu casamento. Um pássaro teria surgido, no dia da boda. Ao lado da ave, havia um pequeno papel com a palavra noivo. Mas ao que contam que tudo decorreu normalmente com o casamento, só que dois meses após, o mesmo morreu. Dizem que o espírito dele ronda o local.

Vamos agora percorrer a Quinta da Regaleira, que em minha opinião é o palácio mais enigmático e místico. Na entrada há um túnel secreto que liga diretamente ao poço iniciático. No subsolo de Sintra, há alguns túneis, janelas com gradeamento, que é uma espécie de respiradouro dos famosos túneis dos templários, que dá acesso a essa Quinta.

É um exemplo de estilo romântico, junta elementos góticos, manuelinos, renascentistas, mas também muita simbologia esotérica. Sobressai a Capela da Santíssima Trindade e o poço iniciático, com a sua icônica escadaria em espiral.

Mais adiante, há o Palácio Valença que serviu de residência ao Conde de Valença. Dizem que vivia um fantasma, a Palmira, antiga criada que se suicidou nesse local.

Toda a vila era chamada de O Éden de Lorde Byron. Poeta inglês deixou-se encantar pelo lugarejo até mais que os nativos, tendo ficado maravilhado com o ambiente de neblina e mistério que envolvia os arredores e a vila.

 Vamos terminar a caminhada de hoje na Quinta do Relógio, edificada em estilo árabe supostamente assombrada, porque se ouviam os cânticos tristes dos escravos, pois o proprietário enriqueceu com o tráfico deles no Brasil.

Repentinamente em seu sonho, ela desapareceu no local mais sombrio do bosque. O sol ainda pairava suspenso no viso da serrania.

Ela escutava ainda o silêncio profundo do final da noite, já ao amanhecer, desta bela fantasia...

 

O GIGANTE GRANDÃO Helio Fernando Salema

 


O GIGANTE GRANDÃO

Helio Fernando Salema

 

Quando eu e meu irmão Felipe éramos pequenos, ele, por volta dos sete anos, e eu nove, costumávamos passar férias de fim de ano na fazenda do tio João. Já no meio do ano começavam as expectativas, os dias passavam, mas parecia que as férias não chegavam.

Não sei quando começou, mas até hoje marcadas em nossas memórias, as histórias contadas pelo tio. Geralmente era no início da noite, que ele, sentado na sua cadeira de balanço com almofadas feitas pela vovó, nos chamava para sentar perto dele, às vezes no chão de madeira.

Cada dia era uma história diferente e, certamente, a que mais marcou foi a do GIGANTE GRANDÃO. Começou quando ele, mais uma vez, nos alertou para não subirmos nos pés de janelão. Já tínhamos ouvido o seu Francisco, antigo funcionário da fazenda, falar que ele pegaria para nós aqueles frutos roxinhos;  ele os chamava de jambolão. Nada de subir naquelas árvores altas.

O tio explicava que aquelas frutas lá do alto eram do GIGANTE GRANDÃO. À noite ele vinha e se alimentava daqueles frutos maduros. Assim ninguém deveria subir nas árvores. O próprio tio puxava os galhos mais baixos e nós catávamos e saboreávamos aqueles frutos docinhos. Isso durante o dia, pois segundo o tio, com o dia claro o GIGANTE GRANDÃO ficava numa caverna, lá no pico do morro, no meio da mata virgem.

Descrevia a caverna como sendo muito pequena, pois quando o dia clareava o GIGANTE diminuía de tamanho e assim conseguia penetrar facilmente. Ao escurecer, ele saía e, ao caminhar nas trevas, seu tamanho aumentava assustadoramente.

Numa noite de temporal, o vento forte sacudia os galhos das árvores, movimentava as portas e janelas. Aquele barulhão, dizia o tio João, era provocado pelo GIGANTE GRANDÃO. Todos deveríamos ficar quietos e rezando baixinho até a chuva passar. Crianças obedientes e com as pernas balançando de tanto medo, como os galhos das árvores, rezávamos com fervor e silenciosamente.

No dia seguinte saíamos para ver os estragos causados pelo temporal e pelo GIGANTE GRANDÃO.

Um dia, próximo das férias, chega a triste notícia de que faleceu o tio João, ou melhor, foi para o céu e, junto com ele, o GIGANTE GRANDÃO  

— Que pena… Que saudades daquele tempo tão bom.

 

RIMAS COM Ã0 - Helio Fernando Salema

 



RIMAS COM Ã0 

Helio Fernando Salema

 

 

A HIRTIS DISSE EM REUNIÃO

SER POBRE A RIMA COM Ã0

SE NÃO CONSEGUIR, POBRETÃO

CHORAR E DESISTIR? NÃO… NÃO

 

NO DICIONÁRIO DE MÃO

OU RELENDO COM ATENÇÃO

AOS POUCOS COM DEDICAÇÃO

USANDO A MENTE E O CORAÇÃO

 

QUANTA RIQUEZA NO CHÃO

E NA MENTE DO CIDADÃO

QUISERA COM AUTORIZAÇÃO

FALAR SÓ COM O CORAÇÃO

 

 

FAZER COM AMOR E EMOÇÃO

MESMO QUE NÃO AGRADE, IRMÃO

POESIA DA ALEGRIA E SATISFAÇÃO

E UMA VERDADEIRA TESÃO!

 

 

 

 



quarta-feira, 5 de outubro de 2022

É HORA DE BRINCAR - Hirtis Lazarin

 

 


É HORA DE BRINCAR

Hirtis Lazarin

 

Esta é a brinquedoteca do sonho de toda criança.

É o lugar onde elas podem fazer muita brincadeira e passar ali a noite inteira. Tantos bichinhos de pelúcia que dá pra povoar a floresta inteira. Boneca neném e mocinha, de pele branca e de pele negrinha. Carrinho, helicóptero, avião e o palhaço Pimpão. Uma biblioteca com livros de última geração: historinhas, desenhos, pinturas e soltar a imaginação. Canetas e lápis de todas as cores, balões pendurados, somando são trinta e três. Dominó, jogo de damas, jogo de trilhas e xadrez.

Era madrugada na casa da brinquedoteca. Todos os moradores dormiam.  Hora de entrar em ação.

O dicionário guardado, no mais alto da estante, deu um salto acrobático e aterrissou logo em frente. As folhas se abriam, as palavras pulavam, era muita alegria.

A fada Clarinha teve uma ideia fantástica: “Minha varinha vai entrar no dicionário e escolher um verbo de ação. É magia, vamos começar a folia”.

O primeiro a aparecer, todo assanhado, foi o verbo pular.

A boneca bebezinho, que só dava os primeiros passinhos, não pode participar. Coitadinha, engasgou de tanto chorar.

O segundo foi o verbo cantar.

O sapo cururu, que estava numa boa e bem longe da lagoa, tanto cantou que, por vários dias, mudo ficou.

E continuando a brincadeira, apareceu o verbo dançar.

O elefante pesado fingiu ser um chafariz.

O pato fuleco

Pisou no marreco

A galinha interveio

E ficou sem jaleco.

E o último foi o verbo tocar.

A turma animada tocava flauta, tambor, violão.

De repente, uma coisa horrorosa

Apareceu no meio de explosão.

Vestida de preto

Nariz comprido

Queixo caído

Fungava feito cabrito.

“De onde surgiu essa desgraça”?

“Eu vivia trancada por conta de minhas trapaças. Hoje escapei e lá vai minha maldição. Sou a bruxa malévola, sem juízo, sem auréola, sem aviso.

Um urubu mau-agourento

Empoleirado no seu ombro

Ria, mas ria tanto

Que parecia um jumento.

A bruxa tirou do saco

Um tal vidro de poção

Foi tão rápido o macaco

Evitando destruição.

O elefante pesado,

Sem chamar a atenção

Enrolou a bruxa na tromba

E num sopro bomba

Despachou-a pra Plutão.

E o urubu convencido

Já tinha desaparecido.

A algazarra na brinquedoteca chegou ao fim

Todos voltaram, quietinhos, ao seu canto, sim.

DESEJOS NA PRIMAVERA - Helio Salema

 


DESEJOS NA PRIMAVERA

Helio Salema

 

Minha perdida quimera

Meus sonhos desde então 

Chegarás com a primavera

Ou só no próximo verão?

 

Esperanças na primavera

Mantendo a todo custo

O futuro que se espera

Engrandece a todo mundo 

 

Sem perde a realidade

Vou sonhando e obtendo

Dias de felicidade

Na primavera  vivendo

 

Sem desejar, vou  concluir

Meus pensamentos (quisera!),

Mas sem pensar em desistir

Viver e amar na primavera

 

O OLHAR DE UMA CRIANÇA - Henrique Schnaider

 





O OLHAR DE UMA CRIANÇA

Henrique Schnaider

 

Quando você nasceu, meu neto, o encanto tomou conta de mim

Logo vi que você seria irrequieto, mas uma criança linda perfeita

O tempo foi passando e eu te amando cada vez mais até o fim

Todos os meus netos queridos, mas você é a criança eleita, feita

 

Sempre que te vejo é algo diferente, você é uma criança que me olha

Há amor no seu olhar de sorriso maroto, levado da breca

Admiro sua esperteza e inteligência, um gênio terrível não é fácil

Os anos vão passar e estarei aqui te amando meu pequeno Luca sapeca

 

Quando você for um jovem, eu ainda vivo sempre admirando, amando

Por muitos anos poder estar por aqui vendo seus lindos olhos azuis

Seus cabelos lourinhos como da espiga de milho criança jovem admirável.

Será um belo jovem, verdadeiro príncipe com seus lindos olhos azuis.

Primavera - Adelaide Dittmers

 


Primavera

Adelaide Dittmers

 

A primavera chega

E deita-se na natureza,

Cobrindo-a de cores,

De flores e de alegria.

Envergonhadas da nudez do inverno,

As árvores se vestem de verde

O perfume espalha-se pelo ar,

Despertando profundos sentimentos,

Pássaros coloridos entoam alegres seus cantos,

O céu cobre com seu manto azul

Esse belo renascer, que repleto de beleza, de luz e de esperança,

A alma dos homens alcança.

E o desabrochar da natureza,

Leva-os a acreditar na realização de antigos sonhos,

No íntimo escondidos,

Que talvez possam se concretizar,

Com força e persistência,

Como a explosão de vida, que traz a primavera.

 

Crianças - Alberto Landi

 



Crianças

Alberto Landi

 

Quando as crianças brincam

Eu as observo brincar

Qualquer coisa em minha alma

Começa a brotar e se alegrar

E ao apreciar a infância

Que quase não tive, ainda me vem

Como se fosse uma grande onda de alegria

Que infelizmente não foi de ninguém

 

É como se a infância não fosse um tempo. Mas sim um lugar

Criançada correndo nas ruas

quase não tem mais

Pedalando uma bike

Quase não tem mais

 

Estão todas ocupadas com tablets

E os raios que saem da tela

Fazem danos as cabecinhas

Provocando curto circuitos neurais

 

 

 

CRIANÇAS - Helio Fernando Salema

 


CRIANÇAS 

Helio Fernando Salema

 

Sempre no dia da criança

Tenho boas e agradáveis lembranças 

Dos velhos tempos da minha infância 

Tantas alegrias resumidas em esperança 

Como d’água de mina e frutas colhidas 

Brincadeiras alegres e pipas erguidas 

 

Fixo o olhar numa criança perdida

Sem casa, brinquedos e comida

Lembro-me da minha doce vida,

Boas brincadeiras e barriga suprida.

 

Minha esperança é pequena

Diante de tamanha imposição  

Que hoje a criança condena

 Sem julgamento e perdão 

 

À criança o futuro pertence

O presente os adultos cuidam,

Mas isso a min não convence

 Se a cada tropeço as liquidam

 

Primavera - Alberto Landi

 

Primavera

Alberto landi

 

 

A primavera é uma estação muito bela

Porque traz com ela

Todas as flores e aromas

Revitalizando a inquietude

De todos os corações

 

As rosas colorem o amor

As vermelhas exalam paixão

As amarelas trazem magia e sedução

As brancas com sua brandura

Trazem paz para o coração

Todas trazem consigo

Um delicado perfume

Assim como esperanças...

E oportunidades

Para novas amizades

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...