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quarta-feira, 6 de abril de 2022

VIAGEM DE NAVIO - Alberto Landi

 



 VIAGEM DE NAVIO

Alberto Landi

 

Um dos meus sonhos era viajar de navio, num cruzeiro, atravessando mares!

O desconhecido para alguns representa o medo, para outros, a fascinação de novas descobertas com suas maravilhas. E quem se aventura a ir onde pessoas jamais estiveram, se torna um afortunado!

Mas aconteceu, e quando subi as escadas, não acreditei que era real.

Foi assim que resolvi embarcar num cruzeiro rumo ao Alasca, partindo do porto de Seattle.

A vantagem de se estar embarcado, é o conforto e a comodidade de ver paisagens lindas e inesquecíveis sem precisar se preocupar com locomoção e hospedagem. A cada parada é possível conhecer pequenos lugares que ainda mantêm estilo de vida pacato e quase isolado do mundo ou lugares movimentados, mas inesquecíveis.

Escolhi o Alasca, porque é terra de superlativos, é o maior estado americano, abriga o maior pico, o maior parque nacional e a maior floresta dos Estados Unidos. Há glaciares mais extensos que países inteiros, baleia Jubarte de até 15 metros e ursos polares de até 500 kilos.

A primeira parada seria em Anchorage, que é a maior cidade desse estado, situada entre a cordilheira do Alasca e as montanhas Chugach.

Ao adentrar, após as formalidades de praxe, me dirigi à cabine, sendo esta com varanda com vista para o mar, garantindo um visual deslumbrante.

A acomodação da cabine era como de um hotel de luxo, possuindo todas as amenities, uma cama com um edredom branco   e toalhas dobradas, imitando cisne!

A janela que ocupava toda a parede mostrava uma paisagem maravilhosa do mar de cor azul e bem lá no horizonte, o encontro com o céu azulado e o sol se escondendo atrás das nuvens, parecia mais um quadro pintado pelo mais poderoso Arquiteto da natureza. Tanto o quarto como a sala de estar da cabine exalavam um perfume de lavanda propiciando ao ambiente leveza e aconchego.

Espaçosa, confortável, com entrada de luz natural, a varanda privativa ideal para relaxar, ler um livro, tomar café da manhã, tinha um bom isolamento acústico, localização distante de espaços de movimentação noturna, como teatros, cassinos e boates, e dos elevadores.

No entanto, estava bem próxima da proa, de forma que se sentia mais intensa a movimentação da embarcação. A cabine não era obstruída por nenhum bote salva vidas ou outra estrutura, porém, é a mais afetada pelo movimento das ondas que à noite embalava o sono

Há a vantagem também de os percursos, entre um destino e outro, serem feitos à noite, enquanto se assiste a ótimas peças  de teatro ou cinema,  ou ainda outras atividades.

Sempre que se aproximava de um porto, havia bandos de aves sobrevoando toda a extensão do navio.

No terceiro dia de navegação, acordei cedo como habitualmente faço e nesse momento, vejo o horizonte e contemplo o seu esplendor com o céu límpido e ainda semiescuro que se estendia até os limites do horizonte, se erguendo ao céu com luzes alaranjadas que se espalharam em um leque vivo de cor intensa que se desvanecia à medida que o sol começava a apontar na vasta imensidão do oceano.

Esses mares do Alasca são frios e perigosos, muitos já se aventuraram em pequenas embarcações e poucos voltaram, não se pode contar apenas com a sorte.

Nesse dia o mar estava calmo e na varanda fui surpreendido com um grande número de peixes voadores, fiquei maravilhado, pois pareciam peixes de prata polida, e ao longe havia tubarões que com certeza seguiam aqueles cardumes.

O sol oscilava na vastidão do oceano e os meus olhos eram capazes de acompanhá-lo lentamente, subindo e descendo majestoso, formando uma ponte de ouro que brilhava na água, quase tocando a linha do horizonte.

De repente, um ciclone surgiu em nossa rota, tornando a navegação complicada, ondas gigantescas e ventos fortes apareceram, fazendo a embarcação inclinar para ambos os lados; isso continuou até o entardecer.

Um nevoeiro se fez e foi preciso fazer desvio de rota. Conforme o nevoeiro se dissipava, nos deparamos com uma enorme parede glacial que mais parecia um território desconhecido e inexplorado.

Nessa enorme parede glacial jamais foi encontrada uma abertura, quaisquer fissuras ou promontórios em sua face que permitisse adentrar.

Parecia que estávamos navegando em um círculo fechado, essa parede glacial se estendia muito mais além do alcance de nossas vistas, circundando e mantendo juntas as terras continentais para as quais tenham sido fixadas desde a criação.

Enfim, foi a mais espetacular viagem que fiz em toda minha vida!


Um comentário:

  1. Ótima descrição, bastante fluída e panorâmica. Gostei, parabéns.

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