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segunda-feira, 2 de agosto de 2021

DESILUSÃO - Hirtis Lazarin

 



DESILUSÃO

Hirtis Lazarin

 

Aquela noite estava diferente de todas as outras.  Nuvens negras e volumosas roncavam no céu, escondendo lua e estrelas.

Uma única janela entreaberta no vilarejo.  Maria Rita, apoiada no parapeito de madeira desbotada, enxugava lágrimas de saudade que insistiam em brotar.  Cabelos amarrados displicentemente numa fita verde com pontas desfiadas.  Nenhum sintoma de esperança.

Ele se foi sorrateiro, sem despedida, nem explicação, numa noite de lua cheia.   

Perdida em aflição, ouviu sons agressivos e ásperos de pedras que se soltavam do asfalto rústico, já bem gasto.  Uma quantidade exagerada.  A moça manteve-se imóvel. Nenhum músculo saiu do lugar, como se nada a abalasse.  A dor imensa que a ardia era maior que o medo de qualquer coisa.

O vulto de um menino de aproximadamente dez anos, num salto acrobático apareceu bem ali à sua frente, quase rosto com rosto.  Emitia sons indecifráveis, acompanhados de trejeitos contorcidos e rápidos.

Uma alma penada?  Ninguém sabe nem nunca saberá.

Maria Rita foi encontrada estendida no chão do quarto.  E nunca mais pronunciou uma única palavra.

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