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quarta-feira, 10 de junho de 2020

O PERNA DE PAU - Henrique Schnaider




O PERNA DE PAU   
Henrique Schnaider



João nasceu anão, a vida não foi fácil para ele desde pequeno, seus pais também eram, lutavam com muita dificuldade, para conseguir trabalho, sempre iam parar, em algum circo ou viviam de bicos.

Tinham que morar numa casa adaptada, casinha de bonecas. Até os seus primeiros passos, João custou a aprender com aquelas pernas curtinhas, pelo menos o tombo era perto do chão.

Arrumar amigos era problema para o pobre do João, com seu tamanhinho, as crianças vizinhas tinham o pé atrás com ele, já que era mais motivo de piadas, do que de amizade, “tampinha de garrafa, anão de jardim, amostra grátis, chaveirinho, cotoco”. Mas com o tempo, alguns garotos acabaram se afeiçoando a ele, tornaram-se amigos.

João adorava brincar de perna de pau, feitas pelo pai, o menino mostrava uma facilidade incrível com aquelas perninhas, deitava e rolava, os amigos ficavam bobos de ver tamanha habilidade, ganhou o respeito de todos.

Passou pela adolescência, chegou à idade adulta, sem muitas mudanças na vida, cresceu pouco, o mundo continuava grande ao seu redor.

Estudou primeiro e segundo graus, não sentiu ânimo de ir frente nos estudos, quem iria contratar um toquinho de gente?

Incentivou os pais a irem, junto com ele pedir emprego, num circo que passava na cidade de Paripueira, próxima a São Luís do Quitunde, onde moravam, a trezentos quilômetros de Maceió.  

Lá foram eles, falar com o dono do circo, próximos, viram aquela lona vistosa, surpresa, o circo pertencia a sete anões, sentiram-se em casa, o chefe dos sete, era Carlos, o zangado, topou contrata-los, a Companhia era quase só de anões. Os pais iriam trabalhar na coxia, o rapaz deu um show com as pernas de pau, daí o apelido do mesmo nome. Zangado ficou encantado, disse que ia preparar um número de picadeiro só para ele.

Incorporaram a vida ao circo, foram em frente, de cidade em cidade, até chegarem a Maceió, capital do Sergipe. No circo João conheceu Cidinha, anãzinha graciosa, se encantou, adorou o jeitinho faceiro dela, ela por sua vez, se deixou encantar.

Algo imprevisto acontece, eis que chega o inimigo invisível, nada mais nada menos, do que o Corona Vírus, acabaram as apresentações, o circo ficou às moscas, todos os membros do circo ficaram sem trabalho, vivendo de doações. O futuro ficou nebuloso, ninguém sabe qual será.



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