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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

DESCOBRI QUE ALCINÉIA É VAMPIRA! - Dinah Ribeiro de Amorim - CONTO DE FÉRIAS Nº 2


CONTO DE FÉRIAS Nº 2


DESCOBRI QUE ALCINÉIA É VAMPIRA!
Dinah Ribeiro de Amorim 

Mamãe arrumou uma babá meio velha e muito estranha... Vive comigo no colo, e já sou meio grandinho. Cobre-me de beijos, deixando-me todo lambuzado... Ao invés de gostar dela, acabo me aborrecendo e ficando enjoado com tanto mimo!

Usa um batom vermelho escuro, pintura preta nos olhos, tem o rosto muito rosado e, seus cabelos, azulados, compridos, parecendo o  espanador de penas que a Maria, nossa outra empregada, usa para tirar o pó.

Tenho medo de ficar sozinho com ela, o que acontece muitas vezes. Só fico melhor quando vamos passear na rua, vendo outras pessoas.

Preciso contar para mamãe, que não gosto dela! Todos, em casa, acham que é muito boa, carinhosa e engraçada, com aquele jeito estranho, parecendo atriz de circo. Ainda por cima, chama-se Alcinéia, nome muito esquisito para uma babá.

Olha-me com uns olhos enormes, brilhantes, escuros, chamando-me: “queridinho, vamos dormir!” Sinto medo e custo muito para pegar no sono.

Outro dia, vi na televisão um desenho de bruxas, voando em vassouras... 

Logo me lembrei dela! Muito parecidas! Assustado, perguntei para mamãe se bruxas existem? Ela deu risada e respondeu:

_ Claro que não, querido! Isso é brincadeira para assustar as crianças e avisar que no mundo, podem existir pessoas más! Só isso...

Fiquei mais tranquilo, tentando gostar de Alcinéia. Que nome estranho...

Até que um dia, entrei no banheiro para fazer xixi... Não sabia que ela estava lá. Fiquei muito espantado quando vi que ela estava de rosto murcho, horrível, com os dentes na mão, passando a escova cheia de espuma... Meu medo foi tão grande que não deu tempo de correr, fiz xixi ali mesmo, no chão. Queria gritar chamar a mamãe, mas não conseguia! Alcinéia me viu, colocou logo os dentes na boca e, correndo para mim, tentou me ajudar. Comecei a chorar tão alto que a casa toda me acudiu.

Minha mãe pegou-me no colo e queria saber o que eu tinha! A babá, meio sem graça, não soube responder, nem explicar porque eu estava todo molhado... Acabou sendo mandada embora! Que sorte a minha!  Parei de chorar e só consegui falar: “Alcinéia é uma vampira!”


Mamãe sorriu, disse-me que vampiros não existem. Mas, desconfiou que alguma coisa estivesse errada. Ainda bem!



MINHA PRIMEIRA MONTARIA! - Dinah Ribeiro de Amorim - CONTO DE FÉRIAS Nº 1

CONTO DE FÉRIAS Nº 1


MINHA PRIMEIRA MONTARIA!
Dinah Ribeiro de Amorim



Desde bem pequeno sou apaixonado por cavalos. Coleciono figuras deles, tenho um álbum cheinho de todos os tipos: altos, baixos, escuros, claros, manchados, raças diferentes e também de muitos países.

Meu pai, sempre me ajuda, e acabou comprando um sítio. E, no meu aniversário, ganhei um lindo cavalo preto, com crina branquinha, o nome era  
Reizinho. Mas, quem se sentia um rei nele era eu, quando fiz minha primeira montaria!

A emoção foi tanta que mal conseguia segurar nas rédeas ou colocar os pés nos estribos, nem sei bem se é assim que se fala. Também, ele era tão alto e, eu, que dava mesmo certo medo!

Gostei muito do presente e passava horas e horas ao lado dele, fazendo amizade, querendo que ele me conhecesse. Alisava seu pêlo, fazia carinhos, pegava umas espigas velhas no celeiro e adorava vê-lo mastigar com vontade.  Era mesmo um Reizinho o meu cavalo preto, e queria tratá-lo assim, de verdade, como um rei!

Lembro do meu passeio montado nele, pela primeira vez. Tenho muita saudade! Sentir que podia percorrer grandes distâncias, conhecer os arredores desconhecidos do sítio, dominá-lo, guiá-lo delicadamente para percorrer lugares que queria, ele me obedecendo com vontade. Êta bicho lindo e inteligente! Não conseguia achar animal melhor para se ter!

Íamos ao sítio nos fins de semana e, logo que chegava, corria para o curral, procurando meu cavalo de estimação. Quem cuidava dele era seu Antonio, o Tonico, caseiro, morador da região. Dava logo todas as explicações de como estava o Reizinho, como tinha sido seus dias! Levava-o a passear de vez em quando, e eu sentia até um pouco de ciúmes. Já nem pensava em brincar com meus amigos de escola! Perdia logo o interesse. Só pensava no meu cavalo.

Num final de semana, logo que cheguei, fui procurá-lo, mas não o achei. Fiquei meio louco, perguntando a seu Tonico onde ele estava! Não havia passado bem, ele me respondeu, e fora levado ao povoado mais próximo, para ser observado por um veterinário. Não sosseguei enquanto meu pai não me levou até ele, para ver como estava. Fui chorando o tempo todo, já pensando na falta que deve ter sentido de mim!

Quando chegamos, notei que estava meio caído, cabisbaixo, um pouco fraco! Já poderíamos levá-lo. Tivera uma intoxicação por ter comido alguma porcaria, sem que seu Tonico percebesse. Fiquei danado da vida! Quase falei um palavrão feio para o caseiro, mas meu pai me segurou e fiquei quieto, engolindo minha raiva. Lá fomos nós, na camioneta do sítio, de volta para casa. Eu feliz com meu Reizinho e ele cheirando-me com seu focinho.


Logo, logo, estávamos novamente galopando pelos campos e estradas. Eu, crescendo, tornando-me um rapazinho, diziam.


Um cavaleiro de verdade – respondi.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ACORDO ORTOGRÁFICO

Acordo Ortográfico


A ortografia da língua portuguesa é determinada por normas legais. No início do século XX Portugal estabeleceu pela primeira vez um modelo ortográfico de referência para as publicações oficiais e para o ensino. No entanto, as normas desse primeiro Formulário Ortográfico não foram adotadas pelo Brasil. Desde então, a ortografia da língua portuguesa foi alvo um longo processo de discussão e negociação, com o objetivo de instituir, através de um único tratado internacional, normas comuns que rejam a ortografia oficial de todos os países de língua portuguesa.

As tentativas iniciais materializaram-se num primeiro acordo, assinado em 1931, que, no entanto, viria a ser interpretado de forma diferente nos vocabulários ortográficos nacionais entretanto produzidos: em Portugal, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1940; no Brasil, o Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1943, acompanhado de um Formulário Ortográfico. A fim de eliminar estas divergências, foi assinado por ambos os países um novo acordo ortográfico, em 1945, mas este apenas foi aplicado por Portugal, continuando o Brasil a seguir o disposto no Formulário Ortográfico de 1943.

Nas décadas seguintes, houve várias tentativas de chegar a novo consenso, mas, embora no início da década de 1970 tenha havido revisões que aproximaram as duas variedades escritas, não foi aprovada oficialmente uma reforma que instituísse um documento normativo comum. Fruto de um longo trabalho da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, os representantes oficiais dos então sete países de língua oficial portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) assinaram em 1990 o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, ratificado também, depois da sua independência em 2004, por Timor-Leste. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) entrou em vigor no início de 2009 no Brasil e em 13 de maio de 2009 em Portugal. Em ambos os países foi estabelecido um período de transição em que tanto as normas anteriormente em vigor como a introduzida por esta nova reforma são válidas: esse período é de três anos no Brasil e de seis anos em Portugal. Com exceção de Angola e de Moçambique, todos os restantes países da CPLP já ratificaram todos os documentos conducentes à aplicação desta reforma.

Além do texto das reformas da ortografia do português, apresentamos aqui também o texto da Nomenclatura Gramatical Brasileira, de 28 de janeiro de 1959, e o da Nomenclatura Gramatical Portuguesa, publicada a 28 de abril de 1967. Este último documento foi entretanto substituído pelo Dicionário Terminológico, disponível aqui.

Todos estes documentos podem ser consultados e pesquisados seguindo as ligações que se encontram abaixo. Para ler o texto de cada uma das partes que constituem os documentos, basta clicar sobre o título respetivo.

  • ver Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990 - em vigor desde 2009
  • ver Nota explicativa - Anexo II do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
  • ver Acordo Ortográfico de 1945 - Portugal e outros países da CPLP
  • ver Formulário Ortográfico de 1943 - Brasil
  • ver Formulário Ortográfico de 1911
  • Nomenclaturas gramaticais
  • ver Nomenclatura Gramatical Portuguesa (1967)
  • ver Nomenclatura Gramatical Brasileira (1959)



quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O espelho, os vagalumes, e o arco-íris - Jany Patricio



O espelho,  os vagalumes, e o arco-íris   
Jany Patricio
               
Marcos atravessou o espelho do sótão junto com os vagalumes. Escorregou por uma cascata, caindo na relva úmida cercada de pedras musgosas.

        Curioso, seguiu os insetos, que eram em número de sete, cada um piscando uma cor do arco-íris.

        Adentraram numa floresta onde tudo era vermelho.  A terra, os troncos, flores e folhas  das árvores, as formigas, cogumelos, borboletas, lagartos, esquilos, coelhos, tartarugas,  pássaros , tudo! O sol brilhava na luz vermelha e no céu passeavam nuvens vermelhas.

        Quando olhou para suas mãos, estavam vermelhas. Procurou um lago para ver o seu reflexo na água, que também era vermelha, viu-se vermelho por inteiro.

        Porém, os vagalumes piscavam colorido, olhando para trás para ver se o garoto os seguia.

        Passaram por uma floresta laranja, depois amarela, verde, azul, índigo e finalmente, violeta.

        O garoto estava muito cansado, não conseguindo mais seguir seus amigos voadores, que por todo percurso eram coloridos, parou numa clareira violeta, encostou a cabeça numa pedra violeta e dormiu.

Vendo que o menino parou de segui-los, os insetos deram meia volta, e começaram a crescer. Cresceram, cresceram, até conseguirem carregar Marcos acima das nuvens, indo parar numa gruta, onde um fio de água mostrava o caminho para um lago dentro da montanha onde o soltaram.

Ao cair na água fria o garoto acordou, vislumbrando dentro da caverna uma arca que cintilava em todos os matizes de cores. Mas, uma correnteza o arrebatou. Ele tentava dar braçadas, mas a força da água era tão forte que o jogou para cima, indo sair no chafariz do jardim da sua casa, onde uma fina garoa formava junto com a luz do sol, um lindo arco-íris.

- Vejam! Lá está ele! – disse uma das crianças.

- Venha Marcos, a mamãe está preocupada com você.

Ele estava com muita fome. Sentiu o aroma da torta de maçã e foi correndo para casa.

- Meu filho, você está todo molhado, vai ficar resfriado!

Após tomar um banho quentinho, sentado no sofá, saboreando a torta de maçã com sorvete de creme, cercado pelos irmãos e abraçado pela mãe, Marcos viu sete vagalumes entrarem pela janela, cada um piscando para ele numa cor do arco-íris e saindo, como que dizendo:


- Este é o nosso segredo!

ROMEU E JULIETA EM TEMPOS MODERNOS! - Dinah Ribeiro de Amorim



ROMEU E JULIETA EM TEMPOS MODERNOS!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Tom, natural da Inglaterra, aos doze anos apaixona-se por Anne, sua vizinha e colega de escola. É o início da puberdade, quando os hormônios estão à solta, qualquer atração se transforma em paixão avassaladora.

  Frequentador de baladas com amigos, desinteressa-se por outras garotas que o cercam, achando em Anne o verdadeiro amor de sua vida. Olha-a de longe, admirando seus cabelos louros, rosto bonito e alegre, grandes olhos azuis. O primeiro amor da juventude!

  Fica surpreso quando percebe que é correspondido, tornando-se namoro sério o que nascia entre eles.

  Com o tempo, seus pais percebem o relacionamento e, como eram de posições sociais muito diferentes, resolvem interromper esse namoro. O pai de Tom, um pobre homem de ideias socialistas, e o de Anne, rico e grande capitalista.

  Os jovens sofrem muito e se encontram às escondidas.

  Descobertos, o pai de Tom resolve se mudar para a França, levando a família, arrumando novo emprego e deixando o partido.

  Anne, desesperada e saudosa, foge de casa, encontrando-se com Tom às margens do rio Sena. Sem trabalho e dinheiro, atraídos pelas águas desse grande rio, suas ondas suaves, de brilho manso e eterno, jovens  imaturos e inexperientes que eram, resolvem por fim à vida. Seria a melhor solução para eles.

  Quando vão saltar, aparece-lhes um anjo em forma de velho, puxando-os com uma bengala. Sabedor da situação, aconselha-os a não pular, mas a trabalhar para viver. Eram jovens demais para morrer sem saber o que a vida ainda lhes reservava.


  Sábio conselho! Atualmente, ambos são bem sucedidos na vida, casados, cada um com outra pessoa, lembrando sempre com gratidão aquele senhor idoso que os impediu de uma loucura. Chegaram a  conclusão de que a vida é realmente importante e não devemos desperdiçá-la!

Poesias de Jorge da Paixão


O Ser é vida
Jorge da Paixão       

A sensibilidade faz,
meu coração palpitar...
Vem a razão e me trás,
o direito de amar...   

O realismo é existência....
Existência é verdade...
O amor é uma ciência,
Que constrói felicidade...     

Viver é sentir motivo,
com o coração otimista....
Tendo pensamento positivo,
poderá galgar á conquista...

A construção do amor,
é feita no coração...
A alma gera o calor,
que faz a lapidação...  

O ser é vida....
O amor é luz...
O coração faz acolhida,
do que a Natureza produz...  

A minha fé é genuína,
pura, sem objeção...
Uma decisão divina....
Livre do meu coração...

Minha esperança é colorida...
O meu amor é um hino...
Deus, é a luz da minha vida...
O leme do meu destino...




A humildade é o espelho
Autor: Jorge da Paixão    

É a brisa perfumada,
que trás o aroma da flor...
Nesta noite enluarada,
e me embriaga de amor...

Não sente melancolia,
e nem faz reclamação...
O otimista noite e dia,
sente paz no coração...

O piedoso é quem sofre,
mais do que o sofredor...
Por ter um coração nobre,
iluminado de amor...

Um ano é um rosário,
e cada dia uma oração...
O futuro é o itinerário,
para a realização...    

Quem tem confiança em si,
ativa a luz do viver.....
Feliz no mundo a sorrir...
Vendo o jardim florescer...

A humildade é o espelho...
O entusiasmo o calor..
No meu coração vermelho...
O paraíso do amor...




A lâmpada é meu coração
Autor: Jorge da Paixão    

Meu coração é um paraíso,
aonde o amor veio morar...
Assumindo o compromisso,
de nunca lhe abandonar...   

Meu coração exprime ,
doce esperança a sonhar..
Num sentimento sublime,
cheio de amor para ofertar...  

Da luz sublime da minha vida,
a lâmpada é meu coração...
Pela esperança colorida,
trazendo o amor em amplidão   

Em tudo de belo que penso,
a poesia me inspira...
Com este amor imenso,
que no meu peito gira..

Em nenhum momento,
não consigo me esquecer...
Guardo em meu sentimento,
a saudade com prazer...

Tem um lugar determinado,
do amor em meu coração...
Que eu guardo com cuidado,
e profunda gratidão...




Desabafe num sorriso
Autor: Jorge da Paixão

No sorriso o sucesso,
da conquista da vitória...
A partida e o regressa,
permanecem na história.... 

O sorriso fortifica,
a sincera amizade...
E também significa,
Alegria e lealdade...

Um sorriso de bondade,
Traduz todo conteúdo...
A paz trás felicidade,
e o amor na vida é tudo...    

Desabafe num sorriso,
a magoa  do coração...
E se sinta no paraíso,
ao fazer sua oração...   

O sorriso é o carinho
da alma para a Natureza...
Um venturoso caminho,
da ternura com certeza...



Me encanta a Natureza
Autor: Jorge da Paixão    

Dentro de mim, mora o amor....
Bem no fundo do meu coração...
Tão sublime como a flor...
No jardim da perfeição....

Quem voa é o avião...
Você vai nele sentado...
Sentindo no coração...
A saudade do passado...  

A esperança cristalina,
numa linda posição...
Que com o amor combina,
dentro do meu coração...

É tão linda a elegância,
das flores ao perfumar...
E sem medir a distancia,
Vem a brisa lhe soprar...   

Me encanta a Natureza,
com seu charme de esperança...
Parecendo uma princesa,
quando uma poesia declama...

O mundo é maravilhoso,
para quem sabe viver...
Nele o Sol majestoso,
mais um dia vem trazer...




A aurora envaidecida
Autor: Jorge da Paixão  

O frio precisa de agasalho...
O coração de amor...
E o jardim do orvalho,
para cair sobre a flor...

No jarro vou colocar,
uma linda rosa amarela..
Para quando eu acordar,
poder conversar com ela...

A hora é que numera,
cada instante da vida...
Aonde o futuro espera,
a esperança prometida...


Perfumada de amor,
no jardim tão docilmente...
A singeleza da flor...
trás a paz alegremente...


A aurora envaidecida,
esclarece a verdade..
Radiante e colorida,
cheia de felicidade...

O tempo passa...
Mas a saudade fica...
E o coração realça,

o que o amor significa...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

DESTINO ALTERADO - M.Luiza de C.Malina


DESTINO ALTERADO 
M.Luiza de C.Malina

- É evidente que é no meu, e continue a me chamar por senhora.

- Por que evidente, e por que  “senhora”?

- Porque já percebi que o senhor é um tanto entrão.

- Eu? Não, não. É a senhora.

- Ora! Vamos dizer que somos nós dois.

- É vamos dar a mão à palmatória. Afinal somos dois ratos de lixo alheio.
- E quanto ao lixo: no meu ou no seu?

- No seu, estaremos na sua cozinha. Sabe... A senhora não é boa observadora.
- Como assim?

- A senhora se apega a detalhes, não ao essencial.

- Então... Diga-me onde falhei.

- Aprecio bons vinhos. A garrafa sempre está no lixo. Nunca a rolha.
- E o que tem a ver a rolha com o lixo?

- Nada. Nada mesmo. Está vendo como a senhora não sabe nada sobre mim!
- E daí? Por um acaso, pinta seus bigodes com ela?

- Ah! O seu senso de humor... hahaha! A senhora perceberia através da falta da rolha, que sou um colecionador.

- Colecionador... Garanto que enche a casa de tranqueiras.

- Ah! este senso de humor...

- Como assim?

- O lixo é tão descartável quanto a senhora.

- Explica.

- Fácil. O que vai pro lixo é descartável.  Acho que é melhor não tirarmos conclusões com o lixo alheio. Passe bem!

Por coincidência, nunca mais colocaram o lixo em seus andares.


(Trabalho criado sobre a crônica O Lixo - de Luís Fernando Veríssmo)

A MAGIA DENTRO DO ESPELHO! - Dinah Ribeiro de Amorim



A MAGIA DENTRO DO ESPELHO!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Carlinhos começou a olhar fixamente para o espelho do armário. Estava na adolescência, idade crítica, quando se observa qualquer espinha ou sinal novo que aparece no rosto.

  Sua imagem refletida, mostra também, objetos pessoais, livros colocados em uma estante, sua cama, alguns cartazes de shows e esportes radicais.

  Tanto olhou que, de repente, as coisas começaram a se mexer, dentro do espelho. Os objetos voavam e circulavam a sua cabeça, a cama arriou, os cartazes caíram ao chão como se tivessem sido arrancados e, seus livros prediletos, ah! Seus queridos livros, se abriram, saltando deles personagens assustadores.

  Homens usando armaduras e capacetes, com espadas na mão, gladiavam-se. Feras bravias, raivosas, famintas, ameaçavam avançar sobre ele. De um livro, um vampiro, horroroso, maquiavélico, olhava-o gulosamente, desejoso de sugar seu sangue. Morcegos barulhentos o acompanhavam, abrindo suas asas escuras e brilhantes, escurecendo o dia. Com dentes aguçados, lotaram o quarto.

  O menino, desesperado, não conseguia fugir nem desviar seus olhos. Estava paralisado, aguardando coisas piores ou o seu fim. Queria gritar, chamar seus pais, mas não conseguia.

  Alguns livros ainda não tinham sido abertos e, Carlinhos, antevendo o que haveria, conhecedor dos conteúdos, acreditou que sua hora chegara!

  “Por que comprara esses livros!” Pensa ele, arrependido.

  Realmente, de outro livro, surge uma mulher diabólica, meio bruxa meio fera, de olhar faiscante, cabelos vermelhos semelhante a fogo, soltando baforadas de fumaça, apontando uma varinha em sua direção, firme, com garras no lugar de mãos, ameaçando-o transformá-lo num sapo com gargalhadas estridentes.
  De repente, para seu espanto, abriu-se um livro da infância “A Casa Sonolenta”, esquecido no meio daqueles outros. De dentro dele saíram a vovó de vassoura na mão, expulsando os gladiadores e a bruxa, com um grito. O cachorro amigo, com seus latidos, expulsa os morcegos invasores e o vampiro. As feras raivosas se encolhem medrosas com o gato e o rato, fugindo para dentro do livro. A pulguinha, graciosa e saltitante, que acordara todos eles para auxiliá-lo, dá-lhe uma coceirinha no pescoço, libertando-o daquela alucinação.

  Tudo volta ao normal! Carlinhos acalma-se.


 Que bom ter conservado aquele inocente livro da infância! - Pensa.

CÃES E GATOS - M.Luiza de C.Malina



CÃES E GATOS
M.Luiza de C.Malina

Cães e gatos vizinhos não combinam. Muito menos as vizinhas.

A vizinha, dona do cão de raça Dog Alemão, não suporta os 27 gatos uivando no cio e de sobra, fazendo sujeira no seu jardim, tampouco a gritaria que a mesma faz com os  filhos. A gritaria é tamanha que ao abrir a janela, o cão pula no muro latindo para a mesma. Acredito que o timbre da voz o incomode.
- Eu mato este cachorro, juro que o mato... Julianoooooo! Grita a vizinha chamando o filho.

- Au... Au... Au...

- Julianooooo! Está surdo? Venha aquiiiiii!

- Auauauauauauauauauauuuuuu!

- Ploft (a janela é fechada com toda a força) A conversa continua em tom de briga e o cachorro fica inquieto, sem latir, em posição de atenção. Juliano chora – o cão late e late...

- Eu mato este cão... Grita mais irritada abrindo a janela.

Dali a pouco é hora do almoço.

- Julianooooooooo! E o cão late....  - Eu já estou acreditando que o cão pensa que este é o nome dele.  É muito engraçado, eu fico na minha.

Em seguida:

- Blém... Blémmm... Blémmmmmmm  - batidas no panelão de alumínio chamando os gatos para o almoço que mais cheirava a carniça - MetidA! ExibidA! FeiosA! EspantalhA! FididA!... e os adjetivos seguiam boca à fora em número de 27 por todo o vale. Haja dicionário!

Um a um os gatos foram sumindo.  Juro. Eu não tive culpa no cartório.

Um dia a vizinha sumiu.


Sons ao redor - Jany Patricio



Sons ao redor  
Jany Patricio

Sábado à tarde. Marcia liga o aspirador que sufoca o som da música. Continua dançando no embalo do samba. Cantarolando Maria Rita ela se empolga na faxina.

        Seus ouvidos apurados percebem o barulho de chaves. É Rogério chegando com sacolas de supermercado que ao tocarem no chão revelam o som de garrafas.

        Sempre correndo. Trabalho, pós-graduação, academia, feira, mercado, cuidar de Bob, seu gato, ela não costumava prestar atenção nos sons da vizinhança. Só às vezes, quando latidos de cachorros ou disparos de alarmes atrapalhavam seu sono.

        Porém, num sábado à tarde, após terminar a limpeza da casa, tomar banho, e descansar no sofá, um som de bolero sorrateiramente entrou pelo vão da porta da sala.

        Lembrou-se das aulas de dança que parou de fazer desde que iniciou a pós.

        Desde então começou a observar os sons ao redor. Bolero, tango, samba e outros ritmos tocavam no apartamento vizinho aos sábados.

Na semana, ele saía cedo e ela chegava tarde.

        Numa segunda-feira, após participarem da assembleia do condomínio desceram juntos no elevador comentando sobre os assuntos da reunião. Pararam no mesmo andar. Olharam-se com surpresa.

        - Você mora neste?

        - Sim.

        - Damas primeiro.

        - Obrigada.

        Seus passos seguiram na mesma direção.

        - Somos vizinhos!

        Sorriram.

        - Boa noite, Márcia

        - Boa noite, Rogério

        Na semana seguinte iria ter uma festa na academia de dança do bairro. Convidada por uma amiga, Márcia foi espairecer.

        Quando chegou ao salão tocava um bolero. Avistou Rogério vindo em sua direção.

        - Você frequenta aqui?
                                                      





O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...