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quinta-feira, 10 de maio de 2018

FIM DE LINHA - Hirtis Lazarin


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FIM DE LINHA
Hirtis Lazarin


Nasci numa família pobre e desestruturada.  Um pai alcoólatra e uma mãe que aceitou a cruz como se não houvesse nada mais além. 

Cansei de ouvir: "É o destino, filha".

Os domingos em casa eram torturantes.  O homem não saía, bebia sem parar, fome não tinha.

À chegada da noite, ele desmaiava no sofá da sala para acordar só na segunda-feira.  Ou então recitava incansavelmente a mesma ladainha recheada de palavrões acompanhada de pratos despedaçados contra paredes, panelas e comida quente esparramadas pelo chão.

Lembro-me que, ainda pequenina, mamãe e eu atemorizadas e trancadas no quarto, rezávamos ajoelhadas, implorando proteção à Nossa Senhora.  Quantas velas acendemos!

À medida que fui crescendo e entendendo um pouco mais da vida, fiquei revoltada.  Não suportava as loucuras do meu pai, nem a passividade de minha mãe.  Sentia raiva, muita raiva...

Nunca tive a oportunidade de trazer amigos, ouvir música, ou escolher o programa de TV.

Sentia vergonha da minha família.

Aos dezoito anos, abandonei os estudos e fui morar com meu primeiro namoradinho.  Que experiência eu poderia ter?  Mas qualquer coisa seria melhor que viver insegura e revoltada naquela casa horrorosa.

Samuel era um rapaz bom e trabalhador, bem mais velho que eu.

Fez de tudo para me ajudar.  Pagou psicóloga, psiquiatra e acreditem, até me deu um cavalo de presente pois sabia que eu amava cavalos.  E ouviu dizer que equitação é um bom remédio para diversos distúrbios.

Segui à risca todo tratamento, mas com o passar do tempo fui desanimando.  Eu continuava deprimida e revoltada.

Carregava tantos traumas que me fizeram uma mulher fechada, de palavras amargas e frias.

Descobri que as manchas roxas que marcavam temporariamente a pele branquinha de mamãe, arroxearam para sempre minha alma sofrida.

Tentei engravidar.  Quem sabe o riso e o choro saudável de crianças pudessem me ajudar.  O trabalho dobrado preencheria esse vazio existencial.

Não consegui.

Em casa não havia mais música. O silêncio ficou doloroso.

As janelas, mantinha-as fechadas.  A ausência de sol deixava o ambiente interior impregnado de um cheiro embolorado, úmido e cinzento.

Até os muros que nos rodeavam denunciavam melancolia.  Cuspiam cal e cimento e os buracos surgiam desprezados.

Samuel não suportou viver junto de tanta amargura.  Ele estava certo.  Era jovem e cheio de vida.  Tinha direito à felicidade.  Deixei-o partir.

Eu estava ciente de que acabava de fazer um buraco profundo para enterrar minha última possibilidade, meu último desejo.

Desisti, então, de vez da magia de viver.  Desisti de tirar o coelho de dentro da cartola.

Era a primeira noite que dormiria sozinha.  Senti falta do corpo dele roçando o meu.  Senti falta do seu cheiro e até do seu ronco...

Chorei tanto que eu e meu travesseiro dormimos molhados.

Acordei sobressaltada.  O relógio marcava quatro horas da manhã.

A energia estava cortada.  Por uma fresta da janela, espiei e lá fora um vendaval uivante derrubava tralhas e arrastava outras.  Os galhos mais frágeis se contorciam em desespero, teimando em não abandonar o tronco das árvores.
Relâmpagos intermitentes clareavam e escureciam os aposentos.  Os raios pareciam explodir dentro de casa.

Desci as escadas tremendo de pavor. Nunca vi coisa parecida em toda minha vida.

Encontrei as janelas e portas da cozinha escancaradas.  O meu cavalo solto no quintal só se aquietou quando apareci na porta.  A louça do nosso último jantar eram cacos espalhados pelo chão.  As cortinas de tecido fino feito velas desgarradas em alto mar, entrelaçaram-se em nós.

Uma chuva torrencial desabou.

Eu já não tinha mais nada a perder.  Então soltei os cabelos longos, despi-me e nua montei no cavalo branco.

E galopando freneticamente me perdi em meio à tempestade.


Em algum lugar do oceano - Ana Catarina Sant’Anna Maués



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Em algum lugar do oceano
Ana Catarina Sant’Anna Maués

    Permitiram-se uma segunda chance decidindo viajar. Escolheram refazer o passeio de anos atrás ocasião em se conheceram, desta vez no iate, o xodó de ambos. O casal chegou à marina e o barco majestoso de cento e quarenta pés já os esperava. Celso conhecia bem o mar por isso dispensou a tripulação, e em águas azul turquesa lançaram-se.
      Calados estavam já havia algum tempo, ele no timão e ela aproveitando um bom whisky no deck, no horizonte só água. Ele meditava: Que amor é esse que me toma dessa forma, me domina me entontece é tanto amor que maltrata éramos felizes os dias passavam lentos aqui neste barco nos amávamos porque lembrei disto ela está aqui não está podemos fazer de novo teremos a mesma rotina sim é possível basta que eu esqueça tenho que esquecer mas como fazer foi muito cruel me traiu aqui neste lugar absurdo como pode quantos teriam sido só aquele não não ela andava diferente ingrata víbora sempre me dediquei idiota como fui idiota em que estará pensando a vagabunda.
De repente ele acionou o piloto automático e foi até ela. O rosto não estava mais sereno, carregava olhar frio e penetrante tamanha vontade de invadir os pensamentos dela, o ódio fervia dentro e isso era flagrante enquanto se aproximava.
     Ela notou e um frenesi mental se sucedeu. Não devia ter vindo não devia ter confiado está com o olhar daquela noite se me provocar não vou calar desta vez vou reagir se mostrar medo será pior meu Deus será tudo um plano será que quer acabar comigo que faço se me agredir vou revidar vou revidar.
Estela inicia busca rápida em volta procurando com o que se defender caso ele queira agredi-la fisicamente.
― Pensando nele? Fala aí, pode falar sua vagabunda, vamos lavar nossa roupa suja! Como teve coragem! Usar nosso iate, aventureira ordinária! Isso aqui foi um sonho, o nosso sonho. Desgraçada, cretina, eu te dei de tudo. Você não presta.
   Estela, tensa com o corpo a tremer espera por violência. O desespero aumenta porque está só, nas brigas anteriores, familiares ou amigos estavam por perto.
   Inicia-se uma sessão de insultos de parte a parte, o tom de voz aumenta, o ânimo explode, ela atira o copo e acerta em cheio a fronte. A pele abre, o sangue escorre. Ele fica possuído pelo mal, passa a agredi-la com socos e chutes. A luta se instala. Ela também ataca, chegam até o parapeito da embarcação que balança bastante devido a velocidade que apresenta e o agito das águas. Celso aperta com força o pescoço dela e a empurra observando-a sumir na espuma.
   O calor o desperta. A pele arde com as queimaduras do sol, o rosto inflamado estourou em bolhas, pescoço e braços rasgados indicando marcas de unhas, assim ele desperta do que pareceu ser um transe.  Não tem noção de tempo, não sabe dizer se ficou desacordado horas ou dias. Procura por Estela, percebe que está só. O iate sobre um banco de areia com a proa toda destruída. Dentro tudo revirado, louças e móveis quebrados, instrumentos e painel de controle, sem bússola, rádio e o motor em pane. Percebe que será seu fim. Imagens de um passado recente chegam, a consciência aflora. Num choro sem trégua amarga o acontecido e como penitência se entrega, sem reagir, aceita a morte iminente.

O INFERNO - Henrique Schnaider



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O INFERNO 
Henrique Schnaider

Meu nome é Samir, moro na cidade de Alepo na Síria, minha infância foi alegre, feliz com meus pais, muito zelosos. Éramos oito irmãos, quando sentávamos à mesa, era uma algazarra, nós e meus avós paternos, o aroma do pão pita que dominava o ar, exalando o perfume doce do trigo com o aroma peculiar da zátara.

Todas as tardes exatamente as seis horas do alto do minarete, o Muezim anunciava, que era hora de se ajoelhar e rezar em direção a Meca. Fazíamos nossas orações com a maior convicção, com o coração cheio de fé.  Como acreditávamos no profeta Maomé e que Alá é grande, nos protegeria de tudo e de todos os inimigos infiéis de poderes imensuráveis.

As aulas de Alcorão na mesquita de Al Aksa, ministrada pelo Aiatolá Mohamed, eram uma mistura de ar impregnado do doce e rubro carmim, todos nós sentados no chão, atentos à aula com uma mistura de respeito e medo, deliciados, ouvidos atentos ao Aiatolá que quando terminava nossos estudos, oferecia o Halawi, iguaria dos Deuses.

Até ali tinha uma vida feliz, mas quando começou a guerra na Síria, não entendíamos nada do que ocorria, apesar de ser um adolescente, não conseguia assimilar a crueza da guerra, que nos machuca como ferro em brasa.

A violência crescia cada vez mais. Bombas não paravam de cair, uma chuva de meteoros. Ora estávamos dominados pelo Estado Islâmico, ora os rebeldes adversários do Presidente Hafez Assad, também o exército sírio invadiam nossa cidade. Não importava quem nos dominasse, éramos nós que sentíamos a dor aguda dos bombardeios.

Nesse inferno que se tornou nossa vida, um dia, durante um bombardeio atroz, nossa casa foi atingida em cheio, pedaços de concreto voaram estilhaçados por todos os lados. Nossa vida passou a ser amarga. Morreram cinco dos meus irmãos, meus avós, meus pais.

A dor lancinante de tamanha perda, foi demais para mim. Desnorteado, sem saber o que fazer, a única coisa que sei, é que reuni meus irmãos e tratei de sair daquele inferno.

Foram dias de muito sofrimento, fomos em direção ao mar, na esperança de encontrar lá algum barco, que nos tirasse da Síria para qualquer outro lugar.

Já não tinha mais o que fazer, só restava orar à Alá. Chegamos na praia depois uma odisseia indescritível de dias intermináveis de sofrimento. Havia um barco no local com pessoas tentando entrar, nos juntamos ao grupo. Depois de uma luta terrível conseguimos adentrar no velho barco caindo aos pedaços.

Em algumas horas estávamos em alto mar, balançando ao sabor das ondas. Na embarcação que caberia no máximo trinta pessoas, havia cinquenta, sem água sem comida, pessoas passando mal, outras dependuradas vomitando o pouco que haviam comido. A cena no local era de puro desespero.

Rezava para Alá, agora já não mais com fé, mas sim com pura revolta, querendo saber o que fiz para merecer tamanha desdita. Não acreditava em mais nada como poderia haver um Deus que permitisse que aquilo acontecesse.
Depois de dias sem comer e beber, já haviam falecido umas vinte pessoas, estávamos em estado lamentável, nos sentíamos como ratos de esgoto.

Finalmente chegamos nas piores condições possíveis, próximo da Ilha de Lampedusa na costa italiana.

Vieram as autoridades de saúde da Itália, para nossa alegria ilusória que durou pouco, fomos tratados feito vermes, depois de algum tempo nos recolheram em um acampamento de refugiados onde nosso martírio continuou, aqui estamos aguardando o que vão fazer conosco, só Alá é quem sabe.

  







quarta-feira, 25 de abril de 2018

AS ARMADILHAS QUE VIDA NOS ARMA - Henrique Schnaider



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AS ARMADILHAS QUE VIDA NOS ARMA
Henrique Schnaider

Carlos era rico, um homem de boa aparência, cabelos louros, lisos bem tratados, chamava atenção pelos olhos azuis.

Era um atleta, corpo delineado, malhado na Academia.

Sua tez era de um branco nórdico. Muito vaidoso, andava sempre bem vestido, seja esporte ou social.

Possuía uma mansão, num dos bairros mais elegantes da capital, com muitos empregados. Moravam com ele a esposa Clarissa, mulher atraente, frequentadora da alta sociedade, dois filhos André e Silvio, ambos cursando Faculdade de Engenharia.

Levava uma vida agitada, mas apesar de possuir tudo que uma pessoa sonha ter e fazer, não conseguia sentir-se feliz, procurava ter paz de espirito. Tinha entusiasmo por tudo que fazia, mas acabava por magoar as pessoas sem intenção.

Clarissa e os meninos tinham outras atividades, pouco participavam da vida de Carlos.

Até que certo dia, coisas do destino, Carlos conheceu Andrea, frequentadora do mesmo circulo social. A paixão foi imediata, muitos encontros, parecia que ele finalmente encontrara a felicidade nos braços de Andrea.

Depois de certo tempo, no iate de Carlos, fazendo um cruzeiro pelos mares do Caribe, algo inesperado acontece!!!

Carlos começou a sentir fortes dores constantes nas costas, a tal ponto que tiveram que interrompera viagem. Assim que chegou foi consultar um especialista, que diagnosticou câncer de pulmão.

O mundo de Carlos desabou, para ele que possuía tudo, dinheiro, beleza, amor, nada tinha agora nenhuma importância, não lhe restava mais do que três meses de vida.

Os tratamentos iniciados com quimioterapia, radioterapia, de pouco adiantaram.  Carlos passou por um sofrimento atroz na medida que doença avançava, tirando completamente as esperanças de uma cura, causando-lhe profunda depressão.

Andrea, tratou de sumir da vida dele. Apesar de estar sendo tratado no melhor hospital do país, com todo luxo e conforto, via sua vida se esvair rapidamente.
Na cama sem forças para levantar, ele imaginava quanta coisa poderia ter feito, que não deu importância quando teve chance de fazer. Concluiu que a vaidade é um sentimento efêmero, a beleza é passageira, o dinheiro nada vale se não tivermos saúde.

O fim estava próximo, Carlos chamou mulher e filhos, sorriu, conseguiu, finalmente alcançar a paz que sempre almejou, fechou os olhos, se foi para sempre como uma vela que se apaga.


segunda-feira, 23 de abril de 2018

Método Snowflake para construção de romances



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Surgiu uma nova ideia para um livro?
Precisamos planejar o roteiro do enredo.

O roteiro do enredo é fundamental para que o autor não se confunda, não se atrapalhe com os acontecimentos.
O que é roteiro de enredo?
É um arquivo onde vai ser anotado tudo o que vai acontecer na uma história, das cenas descritas aos diálogos dos personagens – exatamente como o roteiro de um filme.

Há quem não precise desse roteiro. 

Esse, por exemplo, é o roteiro de Harry Potter e a Ordem da Fênix, feito por J.K. Rowling para que ela pudesse ter uma ideia mais concisa da história


Método Snowflake para construção de romances

Randy Ingermanson criou o método “snowflake” (floco de neve) para os novos escritores começarem a estruturar o enredo de seus livros. Isso foi pensado porque muitos escritores têm dificuldade em estruturar o enredo.

E como funciona? Através do outline (esboço, esquema) é construído o roteiro partindo de um resumo. Parece estranho partir de um resumo se nem se conhece ainda a história, não é mesmo? Pois é isso mesmo, em vez de partir do enredo para o resumo, neste método o autor vai partir do resumo para elaborar a estruturação do romance.

O método é composto de 10 etapas, e quando elas estiverem prontas, já haverá uma história completa faltando apenas alguns acertos e a revisão.

Vamos ao método snowflake?

Primeira Etapa: Resumo em 1 linha

Se você fosse resumir a história que deseja escrever, em apenas uma linha, uma única linha, como seria?
Por exemplo, Vidas Secas seria assim: Saga de uma família de retirantes da seca do nordeste.
Faça isso com a sua história, experimente.

Segunda Etapa: Criar 1 parágrafo

Crie agora um parágrafo que resuma a história do começo ao fim. Construa esse parágrafo com 5 frases.

Na primeira frase insira o cenário, local, e já comece a contar o que acontece lá.

Na segunda e terceira insira o que seria o “arranque” da história. Isto é, dedique-as às aventuras, aos acontecimentos que vão impulsionar os personagens principais. Aqui o autor vai apresentar o que chamamos de picos dramáticos que são os momentos de maior tensão da trama.

As duas últimas frases são reservadas para o desfecho, uma vai indicar a direção da história, e a última vai finaliza-la.



Terceira Etapa: Resumo de personagens principais.

Aqui é onde você poderá se focar nos seus personagens. Randy Ingermanson diz que é preciso fazer uma página de resumo sobre cada personagem principal, que contenha: Nome do personagem, sua função na história, objetivo do personagem, sua motivação, os obstáculos em seu caminho, a sua aprendizagem no fim da história e, por fim, um parágrafo completo da história pelo ponto de vista do personagem.

É preciso fazer isso para cada um dos personagens principais.

Quarta Etapa: Parágrafo completo do resumo dos acontecimentos.

Nessa fase você terá de voltar ao resumo de acontecimentos (Etapa 2) e fazer um parágrafo completo de cada um dos acontecimentos, do cenário à conclusão. Isso mesmo, vai transformar cada frase em parágrafo completo traçando um resumo dos acontecimentos. Aqui é onde você pode começar a adicionar mais detalhes sobre o que deve acontecer e até sobre o que os personagens irão conversar.

Quinta Etapa: Roteiro de personagens secundários e expansão dos personagens principais.

Agora você deve começar a fazer um resumo dos personagens secundários usando a mesma base do resumo dos principais. Aqui você deve escrever no que os principais irão se transformar.

Vai também voltar à Etapa 3 onde fez Resumo de Personagens Principais, e vai expandir a fixa dos personagens principais, adicionando mais detalhes à história de cada um e sua relação com os demais personagens, sejam principais, secundários ou aqueles que só ficam no fundo (personagens background).

Aqui você pode desenvolver as tramas secundárias, que podem ajudar ou problematizar a história. Você começa a perceber que nasce a trama paralela à primeira (ou segunda trama).

Sexta Etapa: Expansão dos parágrafos, texto completo.

Nessa fase você terá de pegar cada um dos parágrafos dos acontecimentos que estão na Etapa 4 e escrevê-los em uma página, adicionando novos detalhes, além das falas e relações entre os personagens que serão desenvolvidas nessa cena. Cada parágrafo da etapa 4 vai virar 1 página.

Aproveite nesta Etapa para inserir as informações da Etapa 5 sobre os personagens.

É aqui que a história realmente começará a ser desenvolvida a trama, vai nascer um resumo entrelaçando a trama principal e a secundária. Aqui nascerão seus primeiros capítulos.

Sétima Etapa: Criar Fichas de personagens.

Nesta Etapa você vai construir o Arco dos Personagens.

Volte aos resumos dos personagens na Etapa 5. A partir daí você vai escrever uma ficha completa e detalhada sobre cada um dos personagens (principais, secundários e até background, se você quiser).

Aqui você vai adicionar mais detalhes para os resumos de motivação, obstáculos e aprendizagem de acordo com as mudanças que você fez na história nos últimos passos. Mas também pode adicionar detalhes mais simples e que podem ser até sem importância, como a cor dos olhos, outros traços físicos, hobbys, etc…


Etapa Oitava : Divisão dos parágrafos em capítulos e cenas.

Esta é uma continuação da Etapa 6. Agora você pode começar a desenvolver seus capítulos e as cenas que farão parte da história. Como fazer isso?
Tome a Expansão da Etapa 6 onde você expandiu cada parágrafo em 1 página, e divida em Capítulos.

Você poderá fazer isso no Word, Excel, ou ainda em pastas contendo os núcleos de cada personagem.

Etapa Nona: Desenvolvimento de cenas

(Há um passo opcional no meio disso tudo, o passo 9, o rascunho completo de cenas, mas não irei adicionar aqui porque ele já vem sendo desenvolvido nas Etapas 4 ou 8, e será concluída com a fase 10).

Desenvolver com mais vagar as cenas que foram criadas. Nesta Etapa você pode fazer um rascunhão do livro e inserir diálogos, descrições.

Este ainda não será o texto oficial, mas um esboço completo já maduro que dará ao autor visão geral do que está acontecendo na história.

Etapa décima:  Texto Oficial

Aqui sim será o texto é oficial, aquele em que a história apresenta todos os detalhes, todas as ferramentas literárias. Nesta Etapa há total preocupação com o texto, pois é a primeira versão do livro. Não chamamos mais de resumo este texto.

O que há de bom no processo snowflake é que o autor pode voltar à qualquer fase e modifica-la como desejar. Isso só vai contribuir com a clareza do texto.

Origem: linadoon.wordpress

"Saber viver, não é fácil" - Hirtis Lazarin



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"Saber viver, não é fácil"
Hirtis Lazarin

Thomas, filho único de empresário bem-sucedido, já nasceu cheio de privilégios.
Cercado de mimos e dengos, nunca ouviu palavras negativas e tão necessárias. 

 São elas que nos ensinam que na vida nem tudo é possível e que ouviremos muitos ”nãos".  E são esses "nãos" que nos darão forças para continuarmos na luta que não privilegia ninguém.

O menino cresceu sem limites, nem restrições.  Aos dezesseis anos já conhecia quase todos os países, além do Atlântico.

Ia à faculdade para agradar e fazer um carinho à mãe, que não se conformava com o filho "bom vivant". Sabia o quanto errou em sua formação. 

Thomas sabia que não precisava trabalhar, pois na ausência dos pais, teria dinheiro suficiente para viver muito bem pro resto da vida.

Mas a vida não é um caminho retilíneo e previsível.  Todo cuidado é pouco nas curvas que surgem inesperadamente.  Uma freada brusca pode provocar capotamento capaz de trazer estarrecimentos sem solução.

E foi numa dessas curvas perigosas que Thomas, em alta velocidade, não respeitou as placas de trânsito e não freou a tempo.

Sua vida virou de ponta cabeça.

Numa noitada carioca como outras tantas, conheceu Helô, mulher exuberante, alguns anos mais velha.

Helô era culta, inteligente e divertida.  Conhecia a noite, a lua, as estrelas e os encantos que ela produz.  Uma companheirona.

Thomas apaixonou-se perdidamente por Helô.  Dizem que o amor cega.  Thomas foi aconselhado.  Não deu ouvidos aos conselhos dos pais nem dos amigos.  Não sabia ou fingia não saber que sentimentos que brotam rápido demais podem morrer num piscar de olhos. 

Ninguém o reconhecia mais.  Era outro homem.  Contrariando a todos, mudaram-se pra Nova York.  Dinheiro não faltava.

Tudo perfeito...Um casal jovem em pleno vigor.

Thomas realizava todos os desejos, sonhos, fantasias e loucuras da amada.  Só para citar uma loucura, num mesmo dia, numa única loja, comprou vinte pares de sapatos Prada pra Helô.

Já estavam juntos há pouco mais de um ano. A vida que todos sonham.

Depois de uma noite bem dormida que costumava se prolongar até às treze horas, Thomas acordou e sentiu a falta da mulher na cama.  Estranhou. Sempre foi difícil tira-la debaixo dos lençóis.

Chamou-a várias vezes e nada...  Percorreu todos os aposentos do loft e nada também.

Acendeu as luzes.  As portas do guarda-roupa estavam escancaradas.  As gavetas e cabides vazios.  Algumas peças perdidas no chão revelavam pressa.  Sobre a mesa de jantar um bilhete:

"Thomas,
               nossa saga terminou.
               Você é maravilhoso.
               Sou aventureira.
               Minha vida segue. 
                    Adeus...
                                          P.S. Levei todo dinheiro da nossa conta conjunta.

O homem rico, seguro, apaixonado desmoronou.  Acordou horas depois, quando o cachorrinho lambia-lhe a boca.

Perdido e só.  Ali estava o homem fraco que não aprendeu a ouvir não.  Não sabia perder. Sem rumo, caminhou dias e dias pela cidade sem dormir nem comer.

Anestesiado pelo álcool, andou quilômetros e mais quilômetros de estrada até uma cidadezinha.  Perambulando pelas ruas, encontrou, num beco sem saída, um fusca abandonado. 

Fez dele sua morada.  O novo morador chegou quietinho e assim ficou.  Nunca atrapalhou ninguém.  Pouco falava.  Magro, franzino, vivia de comida e roupas doadas.

O nome?  De onde vinha?  Nunca mais se lembrou.

A solidão levou-o à bebida.  A bebida ingerida em excesso transformou-o num fantasma que vivia só porque ainda respirava.  Os dias passavam e ele perambulava pelas ruas.  À noite recolhia-se no seu cantinho.

O outono foi-se e o inverno despontou rigoroso.  O asfalto, as árvores, os telhados, o fusca, amanheceram enfeitados de neve.  Um vento frio e cortante assobiava aos ouvidos, as nuvens embaçadas entristeceram o dia. 

Thomas, encolhido no espaço reduzido do carro enferrujado e frio, foi encontrado morto de mãos juntas.

Um pedido de socorro que jamais balbuciou.

Frustação. - Dinah Choichit


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Frustação.
Dinah Choichit


Miro estava a passeio em São Paulo e resolveu ir para a fazenda de seus pais.  Estava desconfiado de que algo não estava correndo bem.

Seu pai andava muito preocupado, as contas não batiam com o saldo bancário.

Miro tinha um primo que trabalhava com ele na fazenda, era encarregado da administração. Eduardo ganhava bem, mas tinha muito ciúmes de Miro. 

Acontece que o pai de Eduardo também já teve bens, mas perdeu tudo na mesa de jogo. A mãe fugira com o capataz. Eduardo revoltou-se, tornou-se vingativo. Até que foi acolhido pelo tio.

A má índole do menino imperava. Desde pequeno não se conformava com a situação. Vivia pensando com pegar o dinheiro do tio e fugir. Até que planejou como fazê-lo. Começou desviando pequenas somas e sondou o tio. Depois passou a maiores quantias, e viu que o velho já andava desconfiado. Quando soube que Miro viria, ficou preocupado.

O tio não tinha outros parentes, somente Miro e ele, Eduardo. Sabia também que se Miro morresse, ele seria o herdeiro do tio. Dali à arquitetar um plano, foi um pulo.

Miro chegaria daqui a dois dias. Ele e que iria buscá-lo no aeroporto. Revólver ele já tinha, mas como matá-lo para que não desconfiassem dele?

Pedir ajuda nem pensar. Lembrou-se da cachoeira no caminho, Miro sempre pedia para parar e dar uma olhada. Era bem funda, perigosa. Miro ficava sentado alguns minutos admirando o cair da água. Dizia que se acalmava olhando a natureza, principalmente aquela cachoeira.

Não teve dúvida, pegaria o revólver e quando Miro sentasse daria o tiro nas costas e o jogaria cachoeira abaixo. O corpo seria tragado pelo turbilhão da água e seria levado para bem longe.

Ficou tranquilo. Limpou a arma, guardou e esperou o dia.

Foi buscá-lo por volta das 10.00 horas da manhã, como combinado. Abraços para cá, abraços prá lá, e Miro apresentou a namorada que viera conhecer os pais.

Eduardo ficou uma arara. Seus planos foram por água abaixo. Disfarçou sua ira, e tratou de carregar as malas.

Acabara de se acomodar quando Miro viu o revólver na cintura do Eduardo. Perguntou o que ele pretendia com aquela arma.

Eduardo quase bateu no barranco.  Se controlando disse que havia certas notícias de ladrões de gado assaltando as fazendas. Estava só prevenido.

Foi conversando alegremente com o primo e a namorada até chegarem na fazenda. Recolheu-se ao quarto e deu um tiro na cabeça.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...