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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

A lenda de Leucasia: Amor e Tragédia em Leuca - Alberto Landi

 


A lenda de Leucasia: Amor e Tragédia em Leuca

Alberto Landi

 

Na ponta mais ao sul da Puglia, onde o mar Jônico encontra o Adriático, existe um lugar banhado por luzes e lendas: Santa Maria de Leuca. Ali, as falésias brancas e as águas profundas guardam histórias antigas que ainda sussurram aos viajantes mais atentos.

O promontório de Leuca não é apenas rocha avançando sobre o mar.

Para os antigos, era o lugar onde a terra se ergue como um altar e conversa com os deuses do vento e das águas.

No encontro dos dois mares, as ondas não apenas se chocam, mas se abraçam em contrastes de cor e salinidade.

Foi nesse limiar que nasceu a lenda.

Entre elas, a mais lembrada é a de Leucasia, uma sereia de beleza incomum, com cabelos dourados, olhos azuis e pele tão branca como o leite. Encantadora e melodiosa, ela atrai marinheiros e pescadores para as águas do Salento.

Um dia, Leucasia avistou Melisso, um jovem pastor que conhecia o ritmo do vento e o murmúrio das ondas, apaixonado por Aristula, uma camponesa da região, de tranças escuras que cultivava trigo e esperança sob o sol dourado da Puglia.

Movido por desejo e inveja, a sereia tentou seduzir Melisso com o seu canto e beleza, mas o jovem permaneceu fiel à camponesa. Enfurecida e com o coração partido, Leucasia provocou uma tempestade que afogou os dois amantes.

Comovida pela tragédia, Minerva, a deusa romana da sabedoria, da justiça e das artes, sempre atenta aos destinos humanos, transformou os corpos de Melisso e Aristula em pedras, dando origem aos promontórios de Punta Meliso e Punta Ristola, que hoje delimitam a baía de Leuca.

Cada pedra tornou-se um guardião silencioso do amor que resistiu à morte.

Consumida pelo arrependimento e tristeza, Leucasia desapareceu nas profundezas do mar.

Seus últimos suspiros se transformaram em brisas suaves que ainda percorrem a costa de Leuca.

Os paredões rochosos de calcário branco recebem os primeiros raios do sol nascente e diante deles os dois mares se transformam em eternos abraços líquidos. O Adriático e o Jônico, distintos em cor e sal, desenham na superfície uma linha visível, quase mágica. Mas a ciência nos revela que essa fronteira não é separação: são correntes que se tocam, massas de água que dançam até se misturarem, lembrando-nos que, assim como o amor verdadeiro, a união não apaga as diferenças, mas as transforma em harmonia.

E assim a lenda permanece viva, sussurrada pelo vento, narrada pelo mar e iluminada pelo sol, fazendo Santa Maria de Leuca um lugar onde mito e realidade se entrelaçam para sempre.

 


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