“Olhai
os Lírios do Campo”
Hirtis
Lazarin
Depois
do estudo sobre Érico Veríssimo interessei-me pelo romance “Olhai os Lírios do
Campo”.
Foi escrito em 1938 e o título da obra foi baseado
num trecho do Sermão da Montanha, também conhecido por ‘Olhai os lírios do campo”.
Resumo
A história de “Olhai os Lírios do Campo” trata da trajetória de Eugênio Pontes, jovem humilde da Porto Alegre dos anos 30 com aspirações de grandeza. Esforça para se formar em medicina as custas dos sacrifícios dos pais e decide dar um passo pragmático e polêmico: casar-se por interesse com uma refinada integrante da alta sociedade
para ascender socialmente, ignorando os apelos do seu lado emotivo que apontam que, sem dúvida alguma. irá abdicar da companhia da mulher da sua vida. Decisão que ditará o rumo de sua vida e o colocará em debates constantes consigo mesmo, especialmente quando o passado retorna de forma abrupta e violenta, colocando-o em desesperada agonia.
Comentários
A linguagem que dá forma ao romance é um dos grandes trunfos do livro por conseguir em poucas linhas, com termos cirúrgicos e simples, retratar quadros vívidos de personagens e ambientes, qualidade que imprime dinâmica na narrativa mesmo quando se detêm em situações de cadência mais lenta, diálogos circunstanciais, avulsos, reflexões sobre aspectos secundários à trama, introdução de personagens e ambientes, resultando em uma leitura agradável de rápido consumo.
A estrutura da narrativa é bem trabalhada e exitosa, o que merece destaque, porque não se trata de esquema de simples execução, pois na primeira parte do livro o autor não segue uma narrativa linear. Veríssimo alterna, entre um capítulo e outro, relatos da infância, juventude e do presente de Eugênio, construindo um mosaico de memórias que traçam um panorama rico sobre a personalidade do mesmo e das principais figuras que viviam e vivem em seu entorno.
O esmiuçamento do lado psicológico do personagem, o seu modo de pensar, suas reflexões, seus medos, suas angústias, seus desejos são materializados no papel de forma muito competente.
Um dos motivos que faz com que a primeira parte do livro seja mais cativante e atrativa, é a situação de constante emergência na qual o personagem está inserido no tempo presente contra o tempo. Ter esticado um pouquinho é bem compreensível, porque a resolução só poderia ser apresentada no último instante para fazer sentido.
Escantear o momento presente por muito tempo poderia provocar esquecimentos de detalhes importantes para a trama, gerando confusão no leitor. Entretanto, inseriu eficientemente atmosfera de apreensão, de angústia crescente, que praticamente obriga o prosseguimento da leitura até a resolução dessa crise.
Outro ponto favorável em “Olhai os Lírios do Campo" são os momentos que
exigem as virtudes de um olhar arguto e sensível que normalmente destaca os grandes escritores da multidão. O professor se destaca por saber transmitir conhecimentos, o médico se destaca por fazer diagnósticos precisos, o escritor de pedigree se destaca por desnudar a alma humana, revelando o que ela tem de melhor e pior, horrorizando e comovendo o público a ser entretido.
A sensação ao terminar a leitura de ‘Olhai os Lírios do Campo " é a de se ter adquirido uma visão mais nítida sobre o que merece ser prioridade, um revigoramento de convicções sobre o que é mais edificante, uma mensagem otimista, mesmo que agridoce. Apesar de
todos os entraves que a vida proporciona, vale a pena trilhar os caminhos corretos. “Olhai os Lírios do Campo” mostra uma visão mais nítida sobre o que merece ser prioridade, um revigoramento de convicções sobre o que é mais edificante, uma mensagem otimista, mesmo que agridoce. E apesar de todos os entraves que a vida proporciona, vale a pena trilhar os caminhos corretos.
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