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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O SONO DE AMÉLIA - Helio Fernando Salema

 



O SONO DE AMÉLIA

Helio Fernando Salema

 

 

 

A festa junina do bairro estava no auge. Música alegre, grupos dançando quadrilha e a fogueira acesa. Em cada barraca, rigorosamente enfeitada, muita variedade de comidas típicas, todas elaboradas pelas mãos experientes das senhoras, que orgulhosamente exaltavam suas particularidades.

 

Amélia, uma jovem de pouco mais de vinte anos, corre para sua casa chorando, sem que ninguém perceba. Entra ofegante, quase tropeçando nas próprias pernas e vai diretamente para o seu quarto. Ao aproximar de sua cama se atira como se estivesse indo para outro mundo.

 

Seus pais chegam muito depois. Sua mãe, D. Esmeralda, ao ver a porta do quarto aberta se espanta, mas ao perceber que a filha estava deitada e acreditando que ela dormia pelo cansaço da festa, encosta a porta, para que ninguém a incomode.

 

No dia seguinte, todos se levantam e se dirigem a mesa de café. Em seguida percebem a ausência de Amélia. Enquanto o pai e o irmão tomavam café, sua mãe preocupada vai ao quarto da filha chamar por ela. Não obtendo resposta fica mais assustada ainda.  Na dúvida se acorda a filha ou a deixa descansar mais um pouco, opta pela segunda. E o coração de mãe que coloca a vontade da filha acima de qualquer coisa.

 

Depois que todos terminaram o café, seu irmão lembrou que Amélia lhe disse, no dia anterior, que iria cedo sair com a amiga Clélia para visitar alguém que estava se recuperando de uma cirurgia. Então, D. Esmeralda decidiu chamá-la.

 

Junto à porta repetiu o nome da filha várias vezes sem ter resposta. Caminhou, vagarosamente, até a cama. Muito levemente, colocou sua mão no braço da filha e não percebendo nenhuma reação sacudiu… Outra vez, mais uma… E veio o desespero. Começa a gritar por socorro. Marido e filho chegam e veem uma cena terrível. Mãe ajoelhada junto a cama da filha, em prantos, enquanto a filha sem reação alguma.

 

O irmão tenta animar Amélia e percebe que ela respira. Pede para o pai correr para o carro. Com todo cuidado a carrega e consegue colocá-la no colo do pai que estava sentado no banco traseiro. Grita com a mãe que Amélia está respirando, está viva.

 

No hospital, o médico de plantão a examina e confirma que os sinais vitais estão normais. A coloca no soro para mantê-la até que outros médicos possam examinar e dar uma resposta mais precisa.

 

A junta médica, após examinar a paciente, exaustivamente, conclui que ela poderá permanecer assim por um longo tempo ou até mesmo voltar ao normal a qualquer momento. Completa recomendando alguns cuidados e sem receber visitas, somente as do médico.

 

Depois de algumas visitas dos médicos, uma amiga tentou relatar para eles o que talvez fosse a causa. Porém, eles não quiseram ouvir.

 

Amélia sempre foi uma pessoa muito sensível. Muitas vezes chorava ao saber do falecimento trágico de alguém que ela jamais ouviu falar. Ficava muito triste ao ser contrariada ou receber uma crítica. Sempre foi a grande preocupação de seus pais.

 

Os dias foram passando, D. Esmeralda sempre cuidando da filha e se definhando. Estava no quarto observando a imobilidade de Amélia e como sempre fazia, rezando. Ao ouvir a campainha, sai apressada e desta vez esquece de fechar a porta. Era a vizinha que desejava saber notícias de Amélia para informar ao Padre Gerônimo, que sempre perguntava.

 

Enquanto isso, a porta do quarto permaneceu aberta, o cachorrinho que sentia tanto a falta da sua amiga, aproveita e entra. Sobe na cama e começa a se esfregar no braço, na mão e finalmente no rosto da Amélia:

— Din Dinho!!! Você veio me acordar. Amélia, aos gritos.

 

 

 

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