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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

MINHA VIDA SOB NOVA DIREÇÃO: TININHA! - Dinah Ribeiro de Amorim

 



MINHA VIDA SOB NOVA DIREÇÃO: TININHA!

 Dinah Ribeiro de Amorim

 

 

Minha neta é sócia de um clube perto de casa, o estádio do Morumbi São Paulo.

Geralmente, gatas e cadelas passeiam muito por lá e, quando estão prenhas, perto de dar à luz, escondem-se nos lugares mais estranhos, no meio das plantas.

Encontrou, certa tarde, uma cadelinha recém-nascida, quase morta, com frio, fome e sede.

Trouxe-a para casa, mas, sabendo que o pai não gosta de bichos, pediu-me para ficar com ela.

Não teve jeito, lá fui eu cuidar de Tininha, nome que escolhi, cheia de dó e compaixão.

Como não havia desmamado, chorava a noite inteira, acordando os vizinhos, do meu prédio pequeno, principalmente um senhor irritadiço que mora no andar debaixo. Ele batia com a bengala até eu pegar Tininha nos braços e fazê-la dormir. Enfiava a cabecinha nos meus cabelos e dormia, acho que confundia com os pelos da mãe.

Foi mesmo uma movimentação na minha vida.

Aos poucos, foi se recuperando e, quando eu acordava, era um tal de abaixar e levantar, jogar no lixo os jornais que forravam o chão da cozinha, limpar as sujeirinhas que fazia nos lugares mais estranhos, embaixo do fogão, da geladeira, do armário, nunca nos lugares que eu preparava, nem no tapete higiênico que havia comprado para ela.

Com isso, minha coluna foi para caos total. Abaixa, levanta, limpa, cruzes, nem podia comigo. Agora, um cachorrinho.

Tininha foi crescendo, comendo, tomando vitaminas, recebendo visitas ao veterinário, descobriu-se que era um Labrador, ficaria alta e forte.

Não poderia ficar muito tempo comigo, em apartamento pequeno.

Ficou linda. Comparei-a com uma antiga pintura de cães, de anos atrás. Era idêntica. Parecia coisa de destino.

Aonde eu ia, ela ia loga atrás. Se não deixava, chorava.

Ganhou brinquedos, casinha, berço, mas queria colo, dormia comigo.

Como era ainda nova, fui aconselhada a não a levar à rua. Poderia pegar algum vírus.

E eu, em casa, com ela.

Fui me afeiçoando muito a essa cachorrinha e ela a mim. Até hoje, quando lembro, me comovo e quase choro.

Tive que dá-la, por sorte, a uma amiga que mora em sítio e queria um Labrador.

Surgiu uma viagem à Europa, meio longa, e não tinha com quem a deixar.

Quando a amiga me disse que havia um lago e, essa raça gosta muito de água, não tive dúvidas, deixei-a ir.

Que saudades de Tininha.

Deve ter ficado uma linda cadela, bege claro, de bonito porte.

Nos dias que ficou comigo, modificou mesmo a minha vida.

Levanto, às vezes, de manhã, olho para a cozinha, parece que vejo, num relance, um bichinho gracioso, peludo e saltitante, alegre a me esperar.

Lembro-me dela. Como estará Tininha?

 

 

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