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terça-feira, 15 de junho de 2021

CURON - Henrique Schnaider

 


CURON

Henrique Schnaider

 

Eu tinha 7 anos de idade quando começaram as obras para criação do lago da cidade. Acompanhava caminhões fazendo centenas de viagens para fazer o aterro enorme onde iriam criar o lago.

Este tempo ficou marcado para mim, pois as coisas caminhavam muito bem, eram tempos felizes. Meu pai tinha um sítio próximo da cidade de Curon onde morávamos numa casa boa, com muito conforto. Meu pai cuidava para que não faltasse nada, pois uma boa parte do que era consumido,  vinha de tudo que cultivava.

A aroma dos doces e pães que minha avó e minha mãe faziam, enfeitavam de delícias nossa casa. Meu avô se sentava na cadeira de preguiça e me contava histórias na língua italiana macarrônica. Eu ouvia com toda atenção e sonhava juntamente com ele participando das aventuras da sua juventude.

Aos domingos todos os moradores da cidade participavam da missa rezada pelo Padre Jousepe. No final da missa havia uma confraternização e cada família trazia comida típica. Macarronada, Polpetone, brachola, pernil de porco e deliciosas sobremesas e doces variados.

Conforme fui crescendo, passando pela juventude, devido ao lago, a igreja foi reconstruída em um novo lugar, mas eu não esquecia da antiga e da sua torre e da missa e das reuniões dominicais, doces momentos guardados para sempre na lembrança.

Foi na antiga igreja que conheci Lina. Enquanto nossas famílias conversavam e trocavam guloseimas e fofocas quentinhas, nós dois brincávamos de corre-corre, pega-pega. Corríamos um do outro num  esconde-esconde que mexia com nossos pequenos corações.

Foi com Lina que me casei, numa cerimônia inesquecível ainda na antiga igreja antiga e celebrado pelo ancião, Padre Jousepe. Depois da cerimônia do casamento, a festa ficou na lembrança de todos. A alegria e a felicidade tomaram conta dos moradores de Curon, presentes naquele que foi o dia mais feliz da nossa vida.

Eu e Lina formamos uma família dos sonhos, 3 filhos encantadores,  2 meninos e uma menina. O tempo se encarregou de fazer a sua parte e meus avós e meus pais partiram, e os da Lina se foram, da mesma forma.

Passei a cuidar da pequena lavoura que meu pai me deixou e continuei com os mesmos costumes que meus pais me deixaram, e que eu e Lina passamos aos nossos filhos.

Estes dias a prefeitura da cidade iniciou pela primeira vez desde a criação do lago, a drenagem e limpeza do mesmo e à medida que a água baixou, começou a aparecer a torre da Igreja e da mesma forma vieram à minha mente as doces lembranças da minha infância e juventude e dos melhores momentos que vivi na minha querida Curon.

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