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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

AMOR, ESSE IMENSO MAR - Isabel Lopes



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AMOR, ESSE IMENSO MAR
Isabel Lopes

Era um dezembro morno e as casas enfeitadas com sinos, guirlandas e pisca-piscas anunciavam a chegada de um Natal que eu queria evitar.

Mergulhada em minha rotina, eu me refugiava no quarto entulhado de livros e escritos ilegíveis, onde passava a maior parte do dia.

Na estante, um livro me escolheu (porque os livros fazem isso...) era Tudo e Todas as Coisas, de Nicola Yoon.

Li algumas páginas, buscando entender o que o titulo queria dizer. Depois, escorreguei na cama macia com o livro sobre o peito.

A campainha tocou e foi aí que, sem motivo aparente, uma alegria me tomou e, como uma criança espevitada, me enlaçou pela cintura fazendo meu mundo girar, embriagado por uma repentina felicidade.

O que aquilo queria dizer? A vida continuava tão igual.

A não ser pela chegada daquele inusitado visitante...

Minha mãe atendeu, era um amigo da família.  Quanto tempo, desde que se casou e depois mudou de cidade... soube que havia se divorciado.

Talvez estivesse se sentindo só. Procurava pelo meu irmão, eram amigos desde a adolescência.

Levantei-me e fui até a porta.  Fala “oi!”’, me obriguei um pouco desconcertada. Ele retribuiu e prosseguiu o diálogo com meus pais sobre os velhos tempos.

Eu acompanhava a conversa com os olhos, sem participar. Apenas sorrindo quando convinha, pois, precisava gastar a súbita carga de felicidade represada dentro de mim.

A vida seguiu sem novidade depois daquele dia, até quando ele fez o primeiro contato pelo serviço de mensagem instantânea.

Era o início de longas conversas sobre Tudo e Todas as Coisas, como o titulo daquele livro. Descobríamos semelhanças, afinidades, compartilhávamos paixões e desafetos... eram diálogos calorosos que não tinham pressa de acabar.

Falávamos apenas por mensagens... não tínhamos coragem de ligar! Medo de não saber o que dizer, da voz falhar, de escapar um suspiro que denunciasse aquilo que já sabíamos estar nos envolvendo.

Mas um dia ligamos! E foi na troca de doces palavras que tivemos a certeza que nos pertencíamos!

Então entendi aquela felicidade que havia se instalado previamente em mim. Era alegria que premonizava esse inusitado encontro que nos tornou adolescentes em plena maturidade!

Sem pudor, mergulhamos nas águas doces da paixão, até navegarmos pelas ondas profundas do mar do amor.

Hoje eu te olho e percebo que tudo tinha de ser como foi.

Seguimos velejando por esse imprevisível mar, sobrevivendo às ondas impiedosas, ousamos mergulhar cada vez mais fundo.


Belisa Poscam

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