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quinta-feira, 1 de março de 2018

Tempestade - Hirtis Lazarin



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TEMPESTADE
Hirtis Lazarin

Era noite.  Uma pintura de céu.  As estrelas eram tantas que competiam espaço.
A lua, uma bola de fogo, iluminava o convés da embarcação que deslizava livre e tranquila.

Os dez homens que compunham a tripulação, esparramados pelo chão, bebericavam e jogavam conversa fora esperando o sono chegar.

Sem aviso prévio, o veleiro viu-se envolto por intenso nevoeiro.  A brisa agradável virou, em segundos, intensa ventania, fazendo o mar crescer.  Ondas volumosas aumentavam cada vez mais, tão escuras,   tão negras por baixo e tão alvas por cima.

Tudo andava tão temeroso com relâmpagos e raios que parecia fundir-se o mundo.

Objetos soltos misturavam-se num emaranhado de destroços, engolidos pelas águas que já tinham invadido todos os compartimentos.

Os tripulantes tentaram tudo o que suas forças permitiram, mas não havia mais nada a fazer.

Uma nau frágil provoca o naufrágio do ser humano.

A proximidade da morte certa faz uma revolução aos nossos sentimentos.

Os poderosos caem de seus tronos, os corruptos pedem clemência, os pecadores imploram perdão.

Todos se igualam e se humilham diante do inevitável.

Em meio a gritos, prantos, bramidos e até rezas, os homens põem-se de joelhos na tentativa de chegar com maior reverência diante do Deus que nos criou.

A tempestade durou o suficiente pra afogar todos e transformar a embarcação em pedaços de madeira que, agora, flutuavam em silêncio e sem destino.  

E tudo voltou como era antes. O mar sereno nem se deu conta dos dez homens e das toneladas de alimento que engoliu.

E, no alto do céu, as estrelas continuavam lá.  E a lua cheia também.
Testemunhas caladas... 

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