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quarta-feira, 27 de abril de 2022

O Olhar - Adelaide Dittmers

 


O Olhar

Adelaide Dittmers


Os veleiros pintavam o mar de diversas cores.  A espuma branca das ondas batia com força nos cascos. As velas cuidadosamente dispostas a favor do vento.  O mar vestia-se de um verde claro e transparente, que deixava vislumbrar no seu interior cardumes diversos.

Osvaldo conduzia a embarcação com maestria.  Forte, pele bronzeada, bonito, era admirado pelas mulheres e invejado pelos amigos.  Destacava-se em tudo o que fazia. Publicitário de sucesso colheu vários prêmios na profissão.  Sempre guiado pela razão, ponderava sobre cada passo dado para alcançar seus objetivos.

Com segurança, Oswaldo navegava em direção ao ponto de chegada.  Mais uma vez ganharia a regata.

No barco, outro rapaz o ajudava nas manobras com eficiência e atenção.  Celso, irmão de Osvaldo, era o companheiro no iatismo, esporte que adorava.  Amava o mar, sentir o vento e o balançar do barco, provocado pela dança das ondas. Sério, introvertido, tímido, o oposto do irmão.  Preferia ficar na sombra, ao contrário do irmão, que adorava ser admirado e bajulado.   A diferença entre os dois era marcante.  Um era o sol, o outro, a lua. Um iluminava tudo à sua volta, o outro refletia essa luz.  Um era a razão, o outro a emoção. Tinham visões de vida muito diferentes e, apesar do respeito que Celso tinha pelo irmão, a única coisa, que os aproximava, era a paixão pelo esporte.

Celso formara-se em filosofia o que o levava a observar e questionar a natureza humana, as fraquezas e contradições dos homens.  Seu objetivo, nas regatas de que participava, não era apenas ganhar, mas desfrutar do desafio, enquanto Osvaldo adorava ganhar os louros da vitória e ser admirado pelas conquistas.

O veleiro foi se aproximando rapidamente da linha de chegada e aplausos estouraram, quando a atingiu.  Mais uma vitória! Foram cercados pelas pessoas e Osvaldo sorrindo apertava com um prazer intenso a mão de seus admiradores.  Celso, ao contrário, conseguiu esgueirar-se e foi se afastando.

Mais adiante, uma bela jovem veio ao seu encontro e o abraçou carinhosamente, cumprimentando-o pela vitória.  Ele retribuiu com um sorriso tímido.  Era a namorada do irmão.  Conversavam animadamente, quando Osvaldo chegou, abraçou e beijou Marta.  No entanto, ela desviou o olhar para Celso, que viu nos olhos da moça algo diferente, que o fez estremecer por inteiro. O que significaria aquele olhar? O irmão estava com ela há dois anos, mas ultimamente notava que ela estava mais distante de Osvaldo.  Muitas vezes desviava-se dos carinhos do namorado com um sorriso forçado.  E agora aquele olhar intenso e angustiado, que lhe lançou.

Ele foi se afastando devagar.  De repente, notou que uma raiva súbita lhe subiu pela garganta. Admirava o irmão, mas ao mesmo tempo não apreciava a necessidade de ele aparecer. No âmago de seu ser sufocava o sentimento de saber que ele era egocêntrico e superficial. Marta era algo a ser exibido e não uma pessoa com alma e emoções.

O que estava acontecendo? Por que estava revoltado com isso? Não era de sua conta.  O que aquele olhar tinha arrancado de dentro dele?  Um pensamento faiscou em sua cabeça e iluminou o que não ousara ver: o sentimento que brotara silenciosamente no seu coração. Estava apaixonado pela namorada do irmão. Sacudiu a cabeça, como se quisesse espantar essa descoberta.

Entrou no carro e saiu em disparada.  Aquele olhar, que lhe mostrou que ela nutria algo por ele o estava desestabilizando. 

Tentava entender racionalmente suas emoções, mas era impossível.   Há algum tempo, tentava sufocar o desprezo pelas atitudes do irmão.  A vaidade desmedida, o egocentrismo, a necessidade de vencer sempre e ser incensado por isso. 

Será que o amor que sentia por Marta e que não quisera tomar consciência, o fez enxergar tudo o que sentia pelo irmão?

Não, ele não iria mais se submeter às vontades de Osvaldo.  Iria lutar por Marta, custasse o que custasse.

Chegou à casa e entrou como um furacão, mal cumprimentou os pais, que se entreolharam preocupados.

— Vou tomar um banho!

— Como foi a regata?  Perguntou o pai.

— Vencemos.

E saiu da sala.  O pai virou a cabeça para a mãe, encolhendo os ombros e virando as mãos para cima, sem entender o que estava acontecendo com o filho, sempre tão calmo e controlado.

Celso entrou no quarto e jogou as roupas com força.  Estava cansado do menosprezo de Osvaldo, que se sentia o melhor em tudo e até no esporte não reconhecia a ajuda dele para conquistar as vitórias.

Depois do banho, resolveu sair e dar uma corrida para espairecer.

— Aonde você vai, filho? Perguntou a mãe?

— Vou dar uma volta.

— Você não vai almoçar?

— Não, não estou com fome. E saiu.

O que estaria acontecendo com ele? Pensou a mãe.

Precisava correr para pôr a cabeça em ordem e decidir como iria agir.  Foi a um parque perto de sua casa e correu até cansar.  Sentou-se em um banco à beira do lago, cujas águas calmas davam às pessoas uma sensação de paz e comunhão com a natureza.  Abaixando-se pegou pequenas pedras, que atirou na água, o que assustou os cisnes, que por ali passavam, mas precisava jogar fora o que lhe agitava a alma e agir com a razão e não com a emoção.

Pegou o celular e seu dedo parou sem apertar o botão.  Apertou os lábios. Faria ou não faria aquela ligação.  Sim, tinha que ligar para ela. E pressionou o botão. 

A voz de Marta soou nos seus ouvidos.

— Celso? Tudo bem?

— Não, Marta! Não estou bem e nem sei como começar.

— O que aconteceu?

Ele estremeceu.  Será que estava certo e o que vira no olhar dela realmente significava alguma coisa? Ficou calado, paralisado pelo medo.

— Celso? Você está aí?

— Desculpe Marta! Estou nervoso.

— Por quê?

Como uma enxurrada, as palavras saíram de sua boca como se estivesse vomitando toda a sua emoção.

— Posso estar sendo um idiota, mas quando você olhou para mim hoje de manhã, li nos seus olhos algo que me atingiu como um raio e me tirou do prumo.  Vi tristeza e desconcerto, mas também vi paixão.

Parou para respirar.

— Desculpe se confundi tudo.  Afinal, você é a namorada do meu irmão.

O silêncio da jovem o deixou mais ansioso. “O que eu fiz”, pensou.

De repente, ela disse devagar, pesando cada palavra.

— Seu irmão saiu daqui há pouco.  Tivemos mais uma discussão. Não aguento mais sua indiferença e muitas vezes ser posta de lado. Suspirou fundo e prosseguiu:  O que você viu no meu olhar é sim amor. Me apaixonei pela sua simplicidade, seu modo de ver as coisas, a sua delicadeza em tratar as pessoas.  E não estou sabendo como lidar com isso.

Uma mistura de sentimentos contraditórios o assaltou: alegria e remorso, era amado e traidor. Era como se estivesse sendo arrastado por uma forte correnteza de emoções.

— Também não estou sabendo o que fazer, mas ao mesmo tempo, não temos culpa.  Aconteceu!

E com essas palavras, procurou justificar a si mesmo sua conduta.

— Venha até aqui.  Precisamos conversar pessoalmente e com calma.  Disse ela.

Foi uma longa conversa em que resolveram contar a Osvaldo o que estava acontecendo.

Na manhã seguinte, Celso foi ao apartamento do irmão, que se surpreendeu com a visita dele tão cedo. Com um tom muito sério ele disse que precisavam conversar.

A surpresa estampou-se no rosto de Osvaldo.  Sentaram-se um de frente para o outro.  A tensão pairava no ar.

— Desembucha!

— Me apaixonei!

— E isso é tão grave assim? Osvaldo disse com um ar zombeteiro.

— É.  Pela Marta e sou correspondido.  Aconteceu!

Osvaldo levantou-se.  A expressão transtornada.
— Você tem coragem de vir aqui me dizer isso! Meu próprio irmão me apunhalar pelas costas!

Celso empalideceu:

— Tudo foi muito de repente! Nem sei como explicar.

— Isso não tem explicação. E foi para cima do irmão, desferindo-lhe um bofetão no rosto. 

Celso ergueu os braços para se defender do irmão, que descontrolado, continuava a açoitá-lo. Dona Júlia, a empregada de alguns anos, entrou na sala assustada com os gritos e os sons das pancadas de Osvaldo.

— Parem com isso!  E tentava separá-los.

— Por favor, Dona Júlia, saia daqui.

— Não saio. Não sei o que está acontecendo, mas você tem que se acalmar.

Como se tivesse recebido um balde de água fria, ele abaixou os braços e jogou-se na poltrona. Os olhos destilavam ódio.

— Sempre te apoiei nas tuas inseguranças e o que recebo de volta...

— Soube que vocês não estão se entendendo mais.  Celso respondeu, tentando se recuperar das agressões.

— Verdade! Nosso relacionamento está se esgarçando.  Ando cansado das exigências dela.  Quer atenção o tempo todo.  Não sou homem para isso. Posso ter as mulheres que quiser. Mas terminar a relação pela traição de meu irmão. 

— Nós nos apaixonamos sim, mas só descobrimos isso ontem e vim dizer a você.

— Você não entende nada mesmo! Eu é que tinha que terminar primeiro e não ela vir amanhã e dizer que tudo está acabado, depois de você confessar a sua traição.

Celso sacudiu a cabeça ao compreender a reação do irmão.  Ele não estava sentido pela perda da namorada.  Estava furioso por ter sofrido uma derrota. Um esgar de asco contraiu as feições de Celso. Que tipo de homem era ele?

Controlou-se para não dizer tudo o que estava sentindo e saiu porta afora.

Entrou no carro e tentou se acalmar.  Encarar pela primeira vez a personalidade do irmão o surpreendeu. A admiração e o orgulho que tinha por ele foram por água abaixo. De repente, porém, um pensamento surgiu imperioso.  E ele, o que sentia pelo irmão, será que não era inveja? O fato de se sentir em segundo plano, bem no âmago do seu ser, não o tinha incomodado? Quando decidiu lutar por Marta, não sabia o que ela significava para o irmão e assim mesmo foi em frente, mesmo sabendo que poderia causar sofrimento a ele.  Será que poderia se considerar melhor do que ele?

Subitamente se sentiu apaziguado.  Osvaldo tinha defeitos, mas ele também não era santo.  Não iria mais ser o reflexo do irmão, mas seriam dois homens com defeitos e qualidades, que se respeitariam.  O orgulho de Oswaldo faria com que transformasse a traição a seu favor.  Vítima, mas livre de um relacionamento, que já não funcionava mais.

Deu partida no carro e acelerou em direção do apartamento da amada.

 

CARCASSONE - Alberto Landi

 


CARCASSONE

Alberto Landi

 

Sempre que se ouve falar de cidades medievais, castelos, muralhas, torres de pedra e calabouços, pensamos em contos de fadas e cenários de filmes.

Na França há uma verdadeira relíquia da Idade Media e uma das mais fantásticas, a pitoresca Carcassonne.

Situada na região de Languedoc-Roussilon, avista-se no alto de uma colina as muralhas desta cidade medieval e suas 52 torres pontiagudas apontando ao céu.

Começa o conto de fadas ao cruzar uma ponte levadiça.

Dentro de suas enormes muralhas e torres de pedra, há um labirinto de ruas estreitas que liga palácios, igrejas, casas antigas.  São ruas de pedra iluminadas apenas pelos antigos candelabros das casas. É uma volta ao passado.

É interessante visitar locais tão antigos, que foram palcos de muitas batalhas.

Na entrada principal, há um busto da Dama de Carcas, figura lendária, que deu origem ao nome do local.

Os principais atrativos são a Basilique Saint Nazaire com seus vitrais de mais de 700 anos, que foram desmontados e escondidos dos nazistas nas montanhas locais e o Chateau Comtal.

A arquitetura da Basilique é um misto de dois estilos: a românica e o gótico.  O primeiro se caracteriza por construções mais quadradas, pesadas, sem muitas janelas e ausência de vitrais. O gótico tem edificações com linhas mais angulosas, com as aberturas em forma de ogivas, os vitrais dão cor e vivacidade às janelas. 

Em 1840 virou patrimônio e passou por uma revitalização, pelo arquiteto Le Duc, o mesmo que também revitalizou a catedral de Notre Dame de Paris, nessa época.

O Chateau Comtal foi construído para proteger os nobres durante o período das cruzadas. Eles resolveram proteger os cátaros, um grupo que começou a questionar certos dogmas e posturas da igreja católica, e foram considerados hereges. Desta forma, os cruzados passaram a atacar a cidade medieval em busca desses profanadores da fé. A fortificação foi construída no século 12 por um nobre chamado Trencavel. Nessa época acreditava-se que o Santo Graal estivesse sob o domínio dos cátaros e até hoje existe essa lenda referente a esse tema.

Algumas alas chamam a atenção, o pátio, poço, capela interna, os afrescos pintados em parede e no teto, bem como as esculturas e os conjuntos de sarcófagos também esculpidos. Vários elementos remetem aos sarracenos.

Essas fortificações deveriam ser muito insalubres, seja pela falta de esgotamento sanitário, seja pela forma típica de construção, o que tornava os ambientes úmidos e frios.

A vida glamorosa desses castelos é invenção de Hollywood.

Tanto o castelo como as muralhas, possuem diversos nichos, que serviam para que as sentinelas ficassem de guarda.

É a cidade medieval mais preservada da Europa e conhecida pela sua fortaleza, construído entre 890 a 910 para defesa contra os ataques dos normandos.

Foi habitada por romanos, visigodos, sarracenos e cátaros, esses, com as cruzadas do papa Inocêncio III foram perseguidos e dizimados.

É inevitável imaginar as muralhas com 1.200 guerreiros, as suas ruas ocupadas por cavaleiros com armaduras.

Essa é uma pequena historia medieval desse fantástico lugar!

O HERÓI É HUMANO - Henrique Schnaider

 



O HERÓI É HUMANO

Henrique Schnaider


Ariovaldo é um homem destemido. Ele gosta de ajudar pessoas que se veem em situação difícil. Ele é bombeiro. Já salvou nestes 30 anos de profissão, muitas pessoas entre adultos e crianças, das mais diversas maneiras. Pessoas presas dentro de carros no meio da enchente. Crianças que caíram em poços ou perdidas na mata.

Ele ama a profissão que escolheu.  Pois sente que nasceu para isso. Porém, ele quando está em missão de salvamento, no afã de salvar pessoas e levar a cabo o atendimento, acaba passando dos limites. Esteve nos dois incêndios que fizeram história nos acontecimentos trágicos de São Paulo. O incêndio do Edifício Andraus e do Edifício Joelma.

No Edifício Andraus, Ariovaldo corajoso determinado a ultrapassar todos os limites para salvar o maior número de pessoas, o bombeiro esqueceu a principal lei que rege a vida de um soldado do fogo. “Em primeiro lugar cuida de ti, para depois salvar os outros. “

Ariovaldo entrou no meio daquelas enormes labaredas não pensando em mais nada, ao ouvir os gritos de socorro desesperados das pessoas. Não recuou, ainda que o fogo chegasse tão perto, quase lambendo a sua face.

Ele conseguiu salvar várias pessoas devido a sua coragem indômita. Pagou um preço caro por isso. Acabou tendo queimaduras de segundo e terceiro graus. Precisou ficar internado num hospital de queimados por dois meses, inclusive tendo que fazer transplante de pele.

Quando recebeu alta do hospital, ainda teve que ficar mais um mês em casa, terminando de se recuperar. Acabou com o rosto um tanto desfigurado. Apesar de todo tratamento moderno que recebeu. Nunca mais seria aquele homem de perfil grego perfeito, antes da tragédia.

Quando ficou na recuperação em casa, percebeu que, por ser um bombeiro extremamente dedicado à profissão, acabou relaxando na vida em família. Não dava a devida atenção à esposa e nem ao filho. Ambos se queixavam da pouca participação de Ariovaldo nos problemas familiares.

A esposa cuidou com todo carinho do marido e do filho da mesma forma e aquele bombeiro corajoso por sua vez, tentando se redimir da pouca atenção que dera a família.

Finalmente, Ariovaldo teve alta e voltou às atividades perigosas da profissão. Ele não perdeu aquele instinto de ir além dos limites toleráveis. Sempre nas missões mais perigosas lá estava o nosso herói pondo novamente a vida em risco.

Apesar do perigo, por diversas vezes entrou em atoleiros de enchentes de morros que deslizaram, soterrando dezenas de casas. Tentava desesperadamente localizar pessoas que ficaram embaixo daquele mar de lama, levando a missão ao êxito e em outras fracassando. Mas, sempre indo um passo além do que devia. Acabava se machucando, precisando de atendimento médico.

No lar as coisas iam de mal a pior. A relação com a esposa esfriou de vez e até pensavam em divórcio. Ariovaldo chegava em casa depois de um dia extenuante de tragédias, cansado, sem fome. Não conseguia sequer assistir T.V., cochilava sob o olhar desanimado da esposa.

Com o filho a relação tornou-se tensa. Já que com a ausência do pai e sem a devida e necessária atenção ao rapaz, a situação ia ladeira abaixo. Por várias vezes os pais foram chamados à escola, devido ao mau comportamento do rapaz.

A esposa de Ariovaldo ainda lhe chamou a atenção. Ultimamente ela notou que o filho estava andando com más companhias. Ela encontrou drogas nas roupas do rapaz, maconha e cocaína. Ariovaldo o herói corajoso, um fracasso como pai, marinheiro de primeira viagem. Não conseguia lidar com tantos conflitos. Covarde, fugiu da sua obrigação paterna. Entrava de cabeça nas missões mais perigosas.

O incêndio do Edifício Joelma foi terrível, morreram dezenas de pessoas. E lá estava o nosso herói pela metade. Não pensou duas vezes e foi prédio adentro. Tentando salvar as pessoas presas naquele mar de chamas. Ariovaldo conseguiu salvar várias pessoas. Na última entrada para mais uma tentativa de tirar alguém, a tragédia aconteceu e desta vez ele não voltou. Seu corpo foi encontrado carbonizado.

Ariovaldo teve um enterro com todas as homenagens devidas. Medalha de honra ao mérito post mortem do herói Bombeiro. Toque do silêncio e discursos elogiosos. Presentes a esposa e o filho. Orgulhosos pelo Bombeiro tão admirado que foi, mas tristes, porque apesar de ele ter sido um pai fracassado e ausente, iria fazer muita falta. Retiraram-se arrasados e desconsolados para uma nova vida sem a presença dele em casa.

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

ICAL - HIRTIS LAZARIN NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO

ERA O ANO DE 2012

O ICAL NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO


Destaque Nacional entrevista a escritora Hirtis Lazarin na Bienal

Durante o lançamento do livros infantis na Bienal, a Hirtis Lazarin foi entrevistada Destaque Nacional. 

Veja a entrevista e sinta a emoção da escritora ao falar de seus livros, e do ICAL. 

Parabéns Hirts! Parabéns a todas! 

Agradecemos a nossa amiga, escritora Hirtis Lazarin.

Agradecemos ao Destaque Nacional, e ao simpático repórter Edgar Santos pelo bom trabalho.

Adamastor, o gigante - Alberto Landi

 


Adamastor, o gigante

Alberto Landi

 

Adamastor é um mítico gigante, baseado na mitologia Greco-romana, citado por Camões em os Lusíadas.

Representava as forças da natureza contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade, ameaçando a ruína daquele que tentasse dobrar o cabo da Boa Esperança e entrasse ao Oceano Índico, que eram os domínios desse gigante.

Ele afundava naus, cuja figura se desfazia em lágrimas, que representava as águas salgadas que banhavam as confluências dos oceanos Atlântico e Índico.

Era uma oposição dele à audácia dos navegadores portugueses. Porém, ele tinha uma fraqueza, um amor impossível, mostrando que até o mais poderoso se padece dessa doença benigna, que é o amor.

Os navegadores e marinheiros aprenderam a recusar esses mitos e chegaram a esse Cabo, conhecido pela impossibilidade de se navegar, o que propiciaria abrir às portas da Índia.

Esses mares serviram muitas vezes de sepultura à embarcações e a gentes carregadas de riquezas e de desilusões, como que comprovando as profecias de Adamastor.

Há uma citação interessante de Bocage:

“Bem te vingaste em nós do destemido Vasco da Gama!

Pelos nossos desastres és famoso!

Maldito Adamastor! Maldita fama!”

Representa a figura mítica que Camões criou para simbolizar a passagem para as Índias. Hábeis marinheiros conduzidos por Bartolomeu Dias, em 1488 esse gigante deixou de ser assustador.

Há uma estátua do gigante Adamastor em Lisboa, no miradouro de Santa Catarina, com vista privilegiada para o Tejo, e é hoje a melhor companhia para ver o crepúsculo desde esse miradouro!

 

Fontes; anotações pessoais, leitura de Os Lusíadas e alguns sites.

CARAMELOS DELICIOSOS - Helio Fernando Salema

 




CARAMELOS DELICIOSOS

Helio Fernando Salema

 

Saí da pizzaria, caminhava para tomar o metrô. Meu desejo era ir para casa, ouvir música e dormir. Mas surgiram na minha frente duas amigas. Foi um ótimo encontro.

Só não imaginava a mudança que iria ocorrer.

Ficamos contentes, pois há muito tempo que não nos víamos. Lembramos que a última vez foi numa festa organizada por uma delas, a Sara. Que fez questão de ressaltar a minha participação naquele evento.

Realmente, colaborei com sugestões, ajudei nas compras e na arrumação, que ela insistia chamar de decoração.

Nesse instante aparece a ”figurinha” conhecida como SHIELA, mas no registro Shirlei Elena.

Já chegou intrometendo-se:

— Vocês vão no niver da Margarida? Lógico que vão né?

— Não! Estamos indo para a casa da Marisa. Respondeu Sara.

— Quem? Eu não conheço!

Luciana completou:

— Colega nossa de trabalho.

— Posso ir também?

Sabendo que não haveria outra alternativa, Sara se adiantou:

— Vamos logo, é aqui perto, no outro quarteirão.

Avisei que não iria. Luciana com aquela postura de mandona, que possuía, olhou para mim e ordenou:

— Vamos!

Usei todo o meu talento e argumentos:

— Claro que não! Não conheço a dita cuja. Não fui convidado. Não tenho vocação para penetra. Ainda mais, não tenho presente para a aniversariante. Acabei de saborear e me empanturrar de pizza. Trabalhei que nem um burro velho, transportando carga pesada.

 

Inclinei-me em direção a Sara para dar os beijinhos de despedida. Luciana me agarrou pelo braço e ordenou:

— Vamos! Não é hora de despedida.

Assim, com apoio da Sara, Luciana foi me puxando pelos braços. Literalmente arrastado por duas mulheres, sem nenhum homem por perto para me socorrer. Somente atrás de mim Shiela, convidando-se:

— Então eu vou com vocês.

Luciana e Sara se mantiveram caladas como se estivessem dando recado para a penetra audaciosa.

Na entrada do prédio, o porteiro que conversava com outras senhoras, arregalou os olhos. Perguntou se precisávamos de ajuda. Imaginei minha cara, era de alguém passando muito mal. Elas que, certamente, eram frequentadoras do prédio, ele as conhecia de longa data. Elas então, apressaram-se em dizer que não havia necessidade.

Por um instante, pensei em fingir que estava mesmo passando mal e assim escapar. Certamente, não daria certo. Perderia de 3 x 1.

Aceitei a derrota. Fomos para outro jogo. Num campo que não conhecia e em desvantagem numérica.

Ao chegarmos fomos recebidos com muita alegria pela aniversariante, Marisa. Também pela meia dúzia de mulheres que ali estavam, ou seja, a maioria numérica era feminina.

Antecipei-me para desculpar e explicar por não ter levado presente. A aniversariante, muito simpática, disse que a nossa presença era o melhor presente. Que eu era muito importante para que não parecesse o Clube das Luluzinhas.

Shiela, como não deixava passar em branco:

— Também se ele trouxesse, pão duro do jeito que é, seria a famosa ”lembrancinha”.

Houve uma explosão de risos, o que me deixou ainda mais envergonhado. No pensamento eu enviei Shiela para vários lugares conhecidíssimos, inclusive para a ponte que caiu.

Luciana explicou que Marisa tinha prazer em receber pessoas. Ela é que nos presenteava com seus maravilhosos doces. Minhas três amigas fizeram questão de me levar até o recanto das formigas.

Meus olhos fitavam e minha boca transbordava de saliva “Meus preferidos caramelos havia, percebi assim que os vi sobre a mesa, uma verdadeira adoração. ”

Minhas amigas, unidas como, três “moscas inteiras”, me acompanharam na maravilhosa batalha de provar todo aquele arsenal. Cada doce era seguido de comentários exaltados de Shiela:

— Nossa, que delícia! …Nunca provei coisa igual! … Não dá mesmo vontade de parar. Não é?

Em silêncio e concentrado nos caramelos, ignorei o palavreado de Shiela.

Para a Marisa, que estava ao meu lado, expliquei o meu encanto por caramelos. À medida que os saboreava fazia sinceros elogios.

Pela expressão da aniversariante, fiquei tranquilo. Vi que ela demonstrava satisfação pela  minha aprovação e elogios, recebia-os como meu presente.

 

Santa Maria di Leuca - Alberto Landi

 



Santa Maria di Leuca

Alberto Landi

 

Santa Maria di Leuca, é uma pequenina cidade, provida de muitas lendas, muita natureza, mar e sol, e outras belezas.

Situada na província de Lecce, entre os mares Adriático e Jônico, bem no extremo do calcanhar da bota, na região de Puglia. Seu nome deriva do grego, Leukos, que significa iluminado pelo sol.

Há uma lenda muito interessante, que dizem, que no extremo da península de Salento vivia uma linda mulher, com delicada pele branca como porcelana, olhos azuis como o mar e cabelos dourados como trigo, seu nome, Tálassa.

O seu canto chamava a atenção, até que um dia, um pastor chamado Menelau, passando com seu rebanho, foi atraído pela sua voz suave e delicada.

Tentou seduzi-lo, mas foi em vão, ele já estava comprometido com uma mulher da aristocracia de Lecce, de nome Ilítia.

Furiosa diante da recusa, Tálassa jurou vingança.

Com o decorrer do tempo, ela percebeu que o casal gostava de caminhar ao longo da costa, evocou os deuses, para que uma grande tempestade desabasse, deixando os céus cinza, o mar revolto e ventos ferozes.

Caíram no mar, e morreram.

Minerva, a deusa, vendo esta cena do Olimpo, sentiu muita pena do casal e resolveu petrificar os corpos, para eternizá-los. Para isso criou dois promontórios, entre os dois mares.

Assim, eles puderam manter o amor, porém, sem poder se tocar.

Com muito remorso, Tálassa, perdeu sua linda voz e por fim se suicidou.

Dizem que ela se transformou em rochas brancas que ficam entre dois cabos. Essa é uma das lendas muito comentadas nessa região.

O lugar mais interessante e com um visual de tirar o fôlego, é da Basílica, situada ao lado do farol, onde há um templo dedicado à Minerva, e para os cristãos simbolizam o portal para o paraíso. Deste ponto se avista os mares Adriático e Jônico, com suas águas cristalinas e o céu azul, parece uma pintura feita por um grande artista.

Descendo para a marina, há escadarias, são 284 degraus para descer e outros tantos para subir.

É um pedaço da Itália sensacional!


O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...