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terça-feira, 30 de março de 2021

MICHELANGELO DI LODOVICO BUONARROTI SIMONI - Leon Vagliengo

 


MICHELANGELO DI LODOVICO BUONARROTI SIMONI

Leon Vagliengo

Pesquisa biográfica

 

A arte ocidental não seria a mesma sem Michelangelo Buonarroti. Vaidoso, ciumento, obsessivo, tímido, excêntrico e genial, ele transformou para sempre nossa ideia do que pode ser um artista. Sua vida e a complexidade das obras que produziu podem ser comparadas à saga de um herói da mitologia clássica. Do jovem artista tentando agradar um protetor rico, passando pelo homem que com apenas 26 anos escolhe um bloco de mármore para retirar dele o Davi, até o reconhecido mestre, já no início da velhice, pintando o enorme afresco do Juízo Final na capela Sistina.

 

Michelangelo Buonarroti foi um importante artista do Renascimento. Nasceu na Itália em 6 de março de 1475.

Na escola interessava-se apenas em desenhar, para desespero da família, que desprezava a profissão de artista. Sua obstinação acabou vencendo, e aos 13 anos de idade tornou-se aprendiz do estúdio de Domenico Ghirlandaio.

Desejando uma arte mais heroica, ingressou posteriormente na escola de escultura de Lourenço de Medicis, que o hospedou em seu palácio.

Convivendo com a elite nobre e intelectual, empolgou-se pelas ideias do Renascimento Italiano.

Sua grande paixão foi a escultura. Certa vez ele disse: “A figura já está na pedra, trata-se de arrancá-la para fora”.

Pintura

Em 1508, quando o Papa Júlio II encarregou o artista de decorar a Abóbada da Capela Sistina, na Catedral de São Pedro, em Roma, Michelangelo exclamou: “Não sou pintor, sou escultor”.

Mas seus protestos de nada valeram e, durante quatro anos, realizou esse exaustivo trabalho, que resultou em 300 figuras.

Na abóbada, de 40 metros de largura por 13 de altura, move-se uma multidão de figuras, umas sentadas, outras flutuando.

Michelangelo pintou os episódios do Gênesis: Criação de Adão, Pecado Original e Dilúvio, acompanhados de profetas.

Nos quatro ângulos, reviveu a libertação milagrosa de Israel: a Serpente de Bronze, os Triunfos de Davi, de Judite e Ester.


Durante o pontificado de Paulo II, entre 1534 e 1541, Michelangelo pintou um grande afresco na parede do altar da Capela Sistina: O Juízo Final.

A ideia que define este conjunto é a da vingança: Cristo aparece como um juiz inflexível e a Virgem, assustada, não se atreve a contemplar a cena.

Nesse afresco religioso, Michelangelo só pintou “nus”. Este fato provocou tanta polêmica, que o Papa Paulo IV pensou em destruir a obra. Mas, contentou-se em mandar o pintor Daniel de Volterra cobrir os nus mais ousados.


Escultura e Arquitetura

Entre 1501 e 1504 Michelangelo trabalhou na escultura de David, herói bíblico que venceu o gigante Golias.


Em 1505, foi para Roma a chamado do Papa Júlio II, para reconstruir a Catedral de São Pedro e a edificação de seu mausoléu.

Em 1499, trabalhou na escultura Pietà, onde o tema é a Virgem Maria envolvendo o Filho morto. O tema talvez lhe tenha sido o mais querido, pois o repetiu quatro vezes.


Sua paixão pela grandiosidade transpareceu principalmente na arquitetura. Em 1520 planejou o edifício e o interior da Capela de São Lourenço.

Em Florença, de 1523 a 1534 esculpiu as estátuas de Juliano e Lourenço de Medicis e as sombrias figuras da Noite, o Dia, a Aurora e o Crepúsculo, reclinadas sobre seus túmulos.

Em 1535, sob o pontificado de Paulo III, passou a ser o arquiteto, pintor e escultor do Palácio Apostólico e replanejou a Colina do Capitólio em Roma, obra que jamais foi terminada.

Em 1552 iniciou a construção da Catedral de São Pedro, mas só viveu o suficiente para ver sua enorme cúpula concluída. Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni morreu em Roma, no dia 15 de fevereiro de 1564.

Tinha orgulho de sua ascendência aristocrática, “por sua raça” – como escrevia em suas cartas: “Eu não sou o escultor Michelangelo, sou Michelangelo Buonarroti”. Entrou para a história como um ícone do período, conseguindo transportar para sua arte os ideais humanistas, as transformações culturais, políticas e religiosas.

quarta-feira, 10 de março de 2021

O LOBO BOM E OS TRES PORQUINHOS DO MAU - Henrique Schnaider

 



O LOBO BOM E OS TRES PORQUINHOS DO MAU

Henrique Schnaider


Era uma família terrível a dos três porquinhos, o pobre coitado do lobo bom, sofria demais nas mãos deles. Cada vez que ele passava nas casas onde moravam era um suplício.

O pobre do lobo só queria matar a fome e nem pensava neles como comida. Só pedia aos porquinhos algo para comer e assim não ter maus pensamentos. Com a barriga vazia poderiam vir à tona, desejos escondidos de tempos passados, grurrrr, grurrrr, onde ele sonhava em comê-los assados no espeto, mas falhava sempre. Aí resolveu se regenerar.

Cada vez que ele passava na casa deles. Tentando uma aproximação. Havia uma nova armadilha e o lobo bom que em outros tempos tinha uma pelagem tão bonita, lisa de cor brilhante. Agora estava todo chamuscado, por causa das artimanhas que sofria.

Ele andava com o estômago gemendo e roncando, roinnnnk roinnnnk, Os terríveis porquinhos comiam do bom e do melhor. As casas sempre exalam aromas que mexem com todos os meus sentidos. Guloseimas salgadas e doces dignos de chefs cozinheiros. Eles eram bons na cozinha e o lobo rondava as casas uivando, aaahuuu, aaahuuu com fome.

À noite o lobo se recolhia na toca. Enfrentando o seu pior inimigo, a fome. Acabava influenciado pela situação. Tendo terríveis pesadelos onde ele estava sendo assado numa enorme panela fervente, cheia de legumes.  Ele era o prato principal.

Na sequência dos péssimos sonhos. Ele se via sendo servido assado. Numa mesa, em uma travessa, com uma maçã na boca. Ele acordava suando frio ouvindo o assovio e ronco, roinnnnk, roinnnnk, era seu estômago vazio chamando-lhe a atenção.

Ele até deu umas voltas. Tentando comer umas frutas das árvores nas redondezas. Mas na verdade elas não faziam parte da sua dieta.  Não lhe dava nenhum prazer ao paladar.

Maus pensamentos já começavam a fluir. Ele tinha problemas de consciência e medo de ter uma recaída. Mudava o foco para coisas amenas. A fim de se acalmar.

Dia vai dia vem. Ele continuava a implorar, para mexer com o coração deles, mas eram ruins e continuavam a fazer traquinagens. Riam muito da situação triste. Se deliciavam por vê-lo naquele sofrimento.

O instinto de sobrevivência falou mais alto. Não teve jeito. O lobo bom recebeu de volta o lobo mau grurrrr, grurrrr. Não teve dúvidas foi a casa dos seus inimigos e eles pensando que, ele ainda era bom, se descuidaram. Facilmente os caçou.

Os três porquinhos assados no espeto eram uma delícia, Nham, nham nham, ele passando a língua enorme entre os lábios, de satisfação. Os olhos do lobo brilharam de prazer e alegria. Teria comida por vários dias. Desse jeito a história prova, que ninguém foge da sua natureza.

A Pistoleira - Adelaide Dittmers

 


A Pistoleira

Adelaide Dittmers

 

Rose saiu revoltada da sala do xerife.  Só porque era mulher não podia ajudar nas investigações.  Atirava muito melhor do que a maioria dos homens, que conhecia.  Não sentia medo de nada.  Seu avô e seu pai a prepararam para saber se defender em quaisquer circunstâncias.  Montou o seu cavalo, decidida a desvendar o que aconteceria naquele dia e a se vingar daqueles que provocaram aquele terrível tiroteio, em que morreu tanta gente.

A realização da primeira feira de gado leiteiro trouxe muitos rancheiros, que queriam exibir seus animais e vendê-los a bons preços, mas ela soube que apareceram por lá quatro forasteiros, que, segundo a descrição dos que os tinham visto, eram mal-encarados e metidos a valentões.  Olhavam os habitantes de soslaio, como se estivessem a avaliá-los um a um.  Iam ao salão para jogar, beber e tentar as mulheres.  E se alguém os encarassem, imediatamente punham a mão no coldre empunhando o revólver.

O que queriam aqueles homens?  O que estavam fazendo naquela pacata vila?  Perguntou-se ela.

Na volta para casa, passou por ela um amigo de seu pai, que quando a viu, puxou as rédeas de seu cavalo, chamou-a  e contou-lhe que muitos animais expostos na feira tinham sido roubados e tudo foi tão de repente que ninguém conseguiu reagir rapidamente e por isso começou aquela enorme troca de tiros.  Dois capangas levaram os animais e outros dois ficaram um tempo para cobrir os companheiros e depois desapareceram rapidamente.

Segundo a narrativa dele, a confusão se alastrou pela cidade como um rastilho de pólvora.  Ela ouviu-o atenta. Depois de ele externar seus sentimentos pela morte de seu pai, perguntou-lhe se precisava de alguma ajuda.  Ela balançou a cabeça, dizendo que não.  Os dois despediram-se e Rose seguiu seu caminho.

Agora tinha a certeza a que vieram os forasteiros.  Vieram para roubar o gado e ela iria persegui-los até ao fim do mundo e iria acabar com eles.

Chegou à casa, apeou-se do cavalo e entrou com passos firmes.  Seu rosto parecia ter sido esculpido em uma rocha.  Dirigiu-se ao quarto, onde pegou algumas roupas e dinheiro. Depois escolheu alguns víveres e encheu um cantil com água e colocou tudo em uma pequena bruaca.  Enfiou nos coldres dois Colts e à tiracolo uma tira de couro com munição adicional.  Olhou com tristeza a sua volta, despedindo-se de cada cantinho da casa, onde nascera,  crescera e onde fora muito feliz.

Montou o seu cavalo e a galope saiu de sua pequena cidade em busca dos assassinos de seu pai e de tanta gente do lugar.  Tinha que ir rápido para alcançá-los. 

Cavalgou por um bom tempo, mas eles tinham desaparecido.  Anoiteceu e Rose procurou um lugar perto de um rio para dormir.  Ao amanhecer, ela banhou-se nas águas frias do rio.  Sentiu-se disposta e com muita energia para seguir viagem e enfrentar aqueles capangas. E lá se foi atrás de seu objetivo.

Um pouco mais adiante, encontrou um homem, que colhia milho em uma pequena plantação.  Rose cumprimentou-o e perguntou-lhe se tinha visto quatro homens a cavalo, que tocavam várias cabeças de gado. O homem olhou curiosamente para ela e disse que não os vira, mas antes do amanhecer ouviu de sua casa, que ficava próxima, o barulho de um tropel de animais, que passaram velozmente por lá.

O rosto de Rose acendeu-se.  Não deviam estar muito longe.  Algum tempo depois, avistou o que estava procurando.  Bem adiante, à beira de um regato, sombreado por  frondosas árvores, lá estavam eles, em pé perto dos animais, que bebiam a água corrente.  Ela desmontou, puxou-o para o meio da folhagem espessa e silenciosamente caminhou até chegar bem perto deles.

Os bandidos conversavam e riam distraídos.  A jovem puxou seu revólver e com tiros certeiros atingiu três dos homens, que caíram mortos na relva.  O quarto, no entanto, virou-se rapidamente e pode divisá-la atrás de uma moita.  Apontou a sua arma e de repente ouviu-se um tiro vindo de outro lugar, que o atingiu em cheio nas costas e o matou.

Rose, muito surpresa, saiu de seu esconderijo.  Atrás do homem morto, apareceu um homem alto e forte, que desmontou o cavalo e veio até ela.

— Olá senhorita! Vi que estava em apuros e ia ser surpreendida por um dos homens.  Estava perto, observava os homens e supus que eram ladrões de gado.  Parabéns! Nunca vi uma mulher atirar tão bem como a senhorita.

A moça estava espantada e olhou desconfiada para o seu salvador.

— Quem é você?

— Good Joe.  E a senhorita, quem é? Por que os perseguia?

Ela não respondeu à pergunta.  Muito admirada, falou:

— Good Joe! O famoso justiceiro do oeste, que persegue os malfeitores por todo o lado. Não acredito! Sempre o admirei muito!

Joe deu uma sonora gargalhada.

— Sim, sou eu e estou lisonjeado por ser admirado por uma garota tão bonita e corajosa.  Agora responda à minha pergunta. Por que perseguia esses capangas?

—Eles roubaram o gado de uma feira na minha vila.  Provocaram um grande tiroteio, que matou muita gente inocente e entre elas meu amado pai.  Então, sai da cidade em busca deles e me prometi que iria fazer justiça por este Oeste afora.

— Isso é muito perigoso.  Além de se ter que lutar com bandidos, temos que fugir dos patrulheiro, para quem somos foras da lei.

— Não tenho medo de nada. Fui criada pelo meu avô e meu pai, que me ensinaram a me defender e ter coragem para enfrentar qualquer obstáculo que estiver à minha frente. 

Joe estava pasmo. Nunca vira uma mulher tão corajosa e decidida.

— Então vou propor-lhe uma coisa.  Você quer vir comigo e juntar nossas forças e habilidades para vencer esses bandidos?

Rose abriu a boca numa expressão de espanto e contentamento.  O grande Joe a estava convidando-a para lutar pela justiça com ele.

— Claro que aceito e dando um passo em direção a ele, apertou-lhe a mão como a selar um acordo entre eles.

Ele sorriu satisfeito. Ia ter a companhia de uma linda e corajosa mulher.

— Primeiro temos que voltar à sua vila e devolver esse gado a quem pertencer.  

Rose concordou satisfeita e um sorriso iluminou seu belo rosto.

Montaram em seus cavalos, juntaram as vacas e as foram tocando pelo caminho de volta.  

Foi uma grande festa, quando os moradores da vila, viram Rose e Joe trazendo o gado que havia sido roubado. Estavam muito gratos pelo que os dois tinham feito e orgulhosos de Rose, uma moça da vila, que demonstrara tanta coragem.

 Por vários dias permaneceram na cidade para Rose organizar tudo o que lhe pertencia.  Escolheu um grande amigo de seu pai em quem confiava plenamente para administrar seus bens, cuja renda seria útil nas suas futuras andanças por aquela região inóspita e perigosa.

Quando tudo estava acertado, partiram e, durante muitos anos, vaguearam por todo o Oeste, defendendo os habitantes dos saqueadores, ladrões de banco e matadores. 

Joe e Rose tornaram-se a dupla de pistoleiros mais famosa daquela região.  Muitas vezes, os patrulheiros fingiam que não os viam porque tinham uma admiração secreta por eles, afinal faziam muito bem o trabalho que lhes cabia.

 Com o tempo, a convivência, os grandes desafios e perigos, que enfrentavam, foram os unindo cada vez mais e a confiança e admiração que sentiam um pelo outro se transformou em um grande e duradouro amor.

Viveram juntos até a velhice, quando se estabeleceram em um pequeno rancho, levando uma vida tranquila.   Nos fins de tarde, costumavam sentar-se na grande varanda, que circundava a casa e contavam as suas aventuras para os inúmeros amigos, que haviam conquistado durante os muitos anos, que vagaram por aquelas plagas.   E enquanto narravam as suas histórias, seus rostos cansados pareciam rejuvenescer e seus olhos brilhavam de alegria.

Depois de partirem para sua última e grande viagem, em uma das vilas, foi erguida uma estátua em homenagem ao casal, imortalizando todos os seus feitos e até hoje são considerados os grandes heróis de seu tempo.


quinta-feira, 4 de março de 2021

A HISTÓRIA DE CHAPEUZINHO VERMELHO AO CONTRÁRIO - Alberto Landi

 

A HISTÓRIA DE CHAPEUZINHO VERMELHO AO CONTRÁRIO

Alberto Landi


Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho. Todos a chamavam assim, porque usava uma bonita capa vermelha com capuz confeccionado por sua avó.

Era uma menina bem alegre e feliz, cuidava da natureza e vivia proseando com os passarinhos, tucanos, esquilos... Todos da vizinhança a apreciavam, pois era muito generosa.

A mãe disse a ela:

— Filha, preparei uma cesta de doces para levar para sua avó, que não está bem de saúde. Mas não pare no bosque e nem converse com estranhos, é muito perigoso.

Lá foi ela pelo bosque cantarolando sempre a mesma canção:

— Pela estrada a fora eu vou bem sozinha... e o Lobo Mau passeia aqui por perto. O Lobo ao ouvir esse canto, entristeceu-se, e ao encontrar a menina:  

— Olá boa menina! Aonde vai debaixo desse sol quente? Assustada ela respondeu:

— Olá Sr. Lobo, que susto você me deu! Me desculpe, mas a minha mãe recomendou, que não conversasse com estranhos, pois além de ser perigoso, há um lobo mau, fazendo malvadezas por aqui.

O lobo mau respondeu:

— Sua mamãe tem toda razão, mas hoje, sou um velho e lobo sábio, arrependido de tantas maldades que fiz no passado. Agora sou um outro lobo. Em certa ocasião um caçador me ensinou uma porção de coisas, e quem faz maldades, um dia, acaba se dando mal na vida. Aprendi essa lição e ensino todos os outros lobinhos a serem bons e não praticarem nenhum tipo de maldade.

— Mas, me diga uma coisa, minha menina, onde você está indo?

— Vou levar esta cesta de doces para a vovó que está enferma.

— Justamente é por isso, minha doce menina que sua vovó não fica boa. As pessoas enfermas devem comer alimentos saudáveis e equilibrados para se curar. Doces somente de vez em quando, somente como sobremesa e não como refeição principal. A refeição deve vir acompanhada de legumes e carne. Você sabe quais são os alimentos saudáveis?

E o lobo fez uma lista muito interessante para a menina.

Os dois ficaram muito amigos, e o lobo tomou a liberdade de dizer:

— Peça para sua mamãe colocar os alimentos saudáveis na cesta, e com certeza dentro de poucos dias a sua avó vai ficar bem.

A menina seguiu os conselhos.

No dia seguinte, com a cesta nas mãos, ela estava cantarolando pelo bosque e o lobo ouvindo a canção:

— Pela estrada fora.... Vou levar bons alimentos para a vovozinha. O caminho é deserto, mas o LOBO BOM passeia aqui por perto.

O lobo ficou envaidecido quando ouviu esse canto.

— Eu sou um lobo sábio, que com boa educação, ensino a fazer uma boa alimentação.

A vovó estava muito fraca. Pudera, somente comendo doces!

A netinha explicou para a vovó a importância das refeições saudáveis que seguindo as recomendações do lobo, se curou.

Todos da família foram à floresta agradecer ao velho educado e sábio LOBO BOM pelos conselhos.

A história aqui procura mostrar a importância de uma alimentação sadia diversificada, equilibrada e descaracterizar as atitudes malévolas de um LOBO MAU.

Rose, a bela pistoleira - Claudionor Dias da Costa

 


Rose, a bela pistoleira

Claudionor Dias da Costa

 

No meio daquela multidão e aproveitando a confusão, havia elementos infiltrados do bando de “Ricky o terrível”.

Rose sabia que no passado este chefe do bando havia sido preso por dez anos, devido a interferência de seu pai, que o denunciou por crimes cometidos.

Soube que ele se aproveitou da situação caótica criada e atirou em seu pai de forma premeditada.

Com muito ódio e raiva que não escondia, Rose depois de algum tempo, partiu em seu encalço para se vingar.

Determinada cavalgou até o lugar conhecido como o “Vale da Morte”, porque sabia que poderia encontrar Ricky.

Mas, os amigos não a deixaram ir sozinha e quiseram acompanhá-la.

Foram se aproximando daquele local e seu grupo defrontou-se com o bando.

Encarou com coragem o assassino e questionou sobre o ocorrido. Após ofensas e palavrões proferidos Ricky admitiu ser culpado e afirmou que faria o mesmo com Rose.

Criou-se um clima muito tenso e ironicamente o bandido disse rindo muito:

                   − Soube que você é ótima atiradora. Mas, não pode se comparar comigo. Por que não fazemos um duelo e resolvemos tudo e pronto?

Ela escutava atenta e pensativa observando-o e demonstrando frieza.

Os amigos entreolharam-se apreensivos. Ela fixando um olhar duro e revoltado disse em alta voz:

                  − Por que não? Vamos decidir agora.

 Contando os passos para se posicionar na distância de praxe para duelos, firmaram pé frente a frente. O silêncio dominava o vale e só permitia escutar o barulho do vento.

Haviam combinado que um dos capangas do bando daria o sinal para o início. Assim, de forma quase solene ele berrou:

                  − Agora!

Rose num ímpeto sacou sua arma e atirou e, num movimento de defesa abaixou o corpo. O tiro ecoou e acertou no meio da testa do assassino de seu pai, que se dobrando foi caindo e só conseguiu disparar em direção ao chão.

Ali foi encerrada a história de “Ricky o terrível”.

A moça corajosa, filha de Joe cumpriu a sua vingança.

Sua fama se espalhou por aquelas paragens como “Rose a bela pistoleira” por muito tempo.

 


CHAPEUZINHO VERMELHO ÀS AVESSAS - Hirtis Lazarin

 



A menina Chapeuzinho

de boazinha, não tinha nada.

Reinava feito um diabinho
no mundo da bicharada.

                         Enrolava o rabo do gato,
                         pimenta no focinho do porco,
                         cola no bico do galo,
                         cãozinho amarrado no tronco.

Dentro de casa só confusão:
sapatos na geladeira,
panelas debaixo do colchão.
sal na mamadeira e
açúcar no feijão.

                                   
                          Numa curta reunião
                          chega-se à decisão.
                          Ela vai pra casa da vovó
                          não tem choro nem dó.

"Pela estrada afora 
eu vou bem sozinha
levar esses doces 
para a vovozinha".

                          Lá na trilha da floresta
                          ela encontra o lobo ferido.
                          Levou um tiro na testa
                          por pouco teria morrido.

Chapeuzinho bem malvada
cobre-lhe o corpo de melado.
As abelhas alvoroçadas
atacam o pobre coitado.
                          
                         Disparada e num pulo só
                         chega a casa da vovó.

Cadê o bolo?
Cadê os doces?
Dona Lurdinha insistia.
A netinha gargalhando
mostra a cesta vazia.

                                Chapeuzinho ainda não sabe
                                Quem é Dona Lurdinha.
                                Vovó atleta
                                nada no clube,
                                pedala bicicleta
                                tem vídeo no youtube.

Vovó de Chapeuzinho
não tolera malcriação.
Vai encontrar um caminho
e pôr ordem no furacão.
                               

Chapeuzinho Vermelho travessa - Adelaide Dittmers

 


Chapeuzinho Vermelho travessa

Adelaide Dittmers

 

Era uma tarde fria de inverno.  Em uma bela casinha pintada de branco com janelas vermelhas, rodeada por um charmoso jardim, onde cresciam várias flores multicoloridas, que se entremeavam com os vários tons de verde da vegetação, morava um casal e sua filha, que era chamada de Chapeuzinho Vermelho, porque adorava uma capinha com capuz em um tom bem vivo dessa cor.

A menina era a única filha e talvez por isso era muito mimada.  Todas as suas vontades eram prontamente atendidas.  Em consequência disso, era birrenta, autoritária, malcriada e muito desobediente. 

Nesta tarde, a mãe de Chapeuzinho estava na cozinha arrumando uma cesta com bolo, pães, geleia, frutas e outras guloseimas, pois sua mãe estava doente e não podia se levantar da cama para se alimentar.

Enquanto isso, a travessa menina se divertia correndo pela casa, atrás de Pipoca, um gatinho adotado por elas, que era carinhoso e alegre.  Em suas correrias procurava atormentar o pobre bichinho, puxando-lhe o rabo.  Pipoca tentava fugir e miava pedindo ajuda, até que conseguiu se esconder e ela finalmente desistiu da perseguição.

A mãe começou a chamá-la, mas só depois de algum tempo, Chapeuzinho apareceu na cozinha para saber o que ela queria.

— O que você quer?  Estou brincando! Reclamou a menina.

—Sua avó está adoentada.  Quero que você leve essa cesta com lanche para ela.

— Não quero ir.  Estou brincando! Gritou meio chorosa a menina. Por que você não vai? É a filha dela!

— Infelizmente você vai ter que ir, sim.  Estou cheia de trabalho e não posso ir agora. E além do mais, vou preparar um jantar para a vovó, que seu pai e eu vamos levar para ela ao anoitecer. A mãe falou com uma voz firme, que era raro usar para a menina.

— Você é muito chata, mamãe!  Não gosto mais de você! Mas pegou a cesta com má vontade e foi em direção à porta.

— Vá depressa e não se distraia no caminho! Gritou a mãe.

A avó vivia do outro lado de uma floresta, que ficava entre as duas casas.

Chapeuzinho entrou na floresta, cantando e dançando. Parava muitas vezes na tentativa de alcançar uma borboleta.  A certa altura um esquilo saiu de sua toca e a menina rapidamente atirou uma pedra no pequeno animal, que fugiu assustado.  Ela soltou uma sonora risada e continuou o seu caminho sem pressa nenhuma. Sentou-se embaixo de uma árvore, abriu a cesta e deliciou-se com um pedaço de bolo.  Depois seguiu o seu caminho, arrancando as flores que encontrava e as jogando no chão.

De repente, um enorme lobo apareceu em sua frente. Ela se assustou e encolheu-se toda.

— Não precisa ficar com medo.  Disse o lobo.  Não faço mal a ninguém. Aonde você está indo?

A menina desconfiada falou:

— À casa da minha avó. Ela está doente. Vou levar essa cesta de comida para ela.

— Posso ir com você?  Perguntou o lobo. Conheço o caminho mais curto.

— Não.  Vamos fazer outra coisa.  Vamos apostar uma corrida. Eu vou pelo caminho mais curto, que você vai me ensinar e você pelo outro caminho porque corre muito mais do que eu.

O lobo gostou da brincadeira e aceitou o desafio.

Separaram-se e cada um seguiu o seu caminho.

 Chapeuzinho começou a andar muito depressa e conseguiu chegar antes do lobo na casa de sua avó.

Bateu à porta e gritou:

— Vovó, sou eu

 Entre minha querida, falou a avó com voz rouca.

Chapeuzinho entrou e aproximou-se da cama da avó.

— Oi, vovó, está melhor?

— Estou um pouco melhor, sim, minha querida.  A gripe me pegou de jeito.

— Trouxe esta cesta para você.  Tem uma porção de coisas gostosas.

— Então vá ao armário, pegue pratinhos e sente-se ao meu lado para comer comigo.

Mais que depressa, a menina correu e trouxe os pratinhos para desfrutarem do lanche.

— Vovó, ainda tem aquela armadilha para pegar os bichos maus da floresta.

— Tem sim, porque às vezes aparecem aqui uns animais perigosos e assim fico segura.

— Espera só um pouquinho. Vou lá fora ver se está armada. E saiu correndo.

Logo achou o grande buraco, onde os animais caiam quando se aproximavam da casa. Estava descoberto e a menina cuidadosamente o cobriu com várias folhas. Sorriu satisfeita e entrou para lanchar com a avó.

Alguns minutos depois, chegou o lobo, que vinha num passo lento, porque era tão bonzinho, que quis deixar a menina ganhar a corrida.

No entanto, quando se aproximou da casa, ¨zapt¨, caiu na armadilha. Muito assustado, chamou pela menina.

— Chapeuzinho, o que está acontecendo lá fora?  Perguntou a velha senhora, preocupada.

— Acho que um bicho caiu na armadilha.  Ainda bem, não é?

— Essa voz eu conheço. É do Peludo, um lobo, que é mais manso do que um cachorro.

— Não, não deve ser não. E continuou a avançar no lanche, que foi feito para a avó doente, indiferente aos pedidos de ajuda do pobre animal.

Nesse momento, um guarda florestal, que sempre passava por lá e muitas vezes entrava na casa para visitar a velhinha, ouviu os chamados do lobo.

— O que está acontecendo aqui? Gritou.

— Estou preso na armadilha.  Me ajude!

O homem se aproximou. Retirou as folhas que encobriam a armadilha.

— Peludo, como aconteceu isso?

— Não sei.  Apostei uma corrida com Chapeuzinho Vermelho e de repente caí aqui.

O guarda coçou a cabeça e disse:

— Ah! Essa menina é endiabrada.  Vive maltratando os animais da floresta. Só tem medo daquele enorme lobo, que anda circulando por aí.

— Verdade.  Ela me confundiu com ele, quando nos encontramos na floresta.

— Tudo bem.  Vou tirá-lo daí.  Arranjou uma madeira larga e forte e a colocou dentro do buraco, como uma rampa.  Jogou uma corda para o lobo, que, na ponta tinha um laço e com destreza enlaçou o pescoço do animal e com muita delicadeza foi puxando-o para fora do buraco.

O lobo lembre-lhe as mãos, agradecido. E o guarda falou.  Agora vamos dar uma lição nessa menina danada.

Bateu à porta da casa e Chapeuzinho veio atender.  Sua boca estava toda lambuzada de doces. Levou um susto quando viu o homem.

— O que você está fazendo aqui? Perguntou zombeteira, tentando demonstrar calma.

— Por favor, Chapeuzinho Vermelho, venha até aqui. 

E levou-a até a borda da armadilha. 

— Sente-se na borda desse buraco. Quero lhe mostrar uma coisa.

A menina assustada obedeceu.

— Onde está o lobo? Perguntou ela.

— Ah! Então você confessa!  Empurrou o pobre coitado aí para dentro.

— Eu só queria brincar!!

— Pois então, vamos continuar a brincadeira. O guarda a empurrou e ela deslizou pela rampa de madeira. Ele retirou a rampa.

— Agora você vai ficar aí para aprender a não maltratar os animais.

A menina começou a chorar desesperadamente.

— Me tire daqui!  Me tire daqui!

Não, você vai ficar aí por um tempo para nunca mais fazer mal a nenhum animal.

O lobo estava escondido atrás de uma moita com muita pena da garota.

O guarda chamou-o e os dois entraram na casa da velhinha, que, muito ansiosa, queria saber o que estava acontecendo.

O homem contou-lhe o que aconteceu.  A senhora passou a mão na cabeça de Peludo.

— Pobrezinho! Disse ela com tristeza.  Minha netinha é muito levada.  Ela merece o castigo. Mas não a deixem muito tempo presa.  Apesar de tudo é uma criança e eu a amo muito.

— Não vamos deixá-la muito tempo lá, mas ela precisa aprender a lição.  E começou a conversar com a avó de Chapeuzinho.

Lá fora, a menina chorava e falava:

— Me tirem daqui.  Prometo ser boazinha daqui por diante.

A avó, com os olhos, implorava para o homem tirar a menina do buraco.

Ele sorriu para ela. E concordou.

Está bem!  Estou vendo que a senhora está aflita.  Acho que o castigo já foi suficiente.

E saiu com o lobo para resgatar Chapeuzinho Vermelho.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

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