A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Destino, o que é o destino! - Helio Salema

 


Destino, o que é o destino!

Helio Salema

II Capítulo

 

Bento e Gregório eram amigos desde os tempos de colégio. Nos fins de semana se reuniam com outros amigos na prática de esportes.

Mesmo quando Gregório mudou-se para outra cidade a fim de cursar engenharia mecânica, em alguns fins de semana regressava para a sua cidade natal e era animada a reunião com os antigos amigos.

Após formatura mudou-se para outro Estado. Nos últimos dois anos só se falavam por telefone. Bento, ao concluir o Segundo Grau, dedicou-se as lojas do pai, que já apresentava sinais de doença grave.

 

Hoje, aniversário do Bento, Gregório retornou para fazer uma surpresa ao amigo. A mulher no carro em chamas era ex-namorada do Gregório, que terminou com ele assim que ele saiu para outro Estado. Talvez por isso que Gregório não retornava a sua cidade natal.

 

Ao ouvir o grito do Gregório:

— Sai daí…

Bento acatou a ordem do amigo e foi-se afastando em direção a

Gregório e ao bebê.

Um carro para próximo e um casal sai correndo. O marido que era bombeiro consegue abrir a porta do carro e retira a mulher. A conduz para junto do seu carro, onde sua esposa que é médica logo começa a examinar a vítima. Balança a cabeça!!!

 

Outros veículos foram chegando, inclusive a viatura policial. Com o uso de vários extintores o fogo foi sendo dominado. Do veículo quase nada restou. As várias malas e sacolas eram, agora, um monte de cinzas.

 

Bento que reconheceu a mulher, Maria Clara, ficou sem saber como dizer ao amigo Gregório, que continuava segurando o bebê, como um pai dando todo carinho do mundo ao filho, que pouco antes estava chorando, desesperadamente.

 

Os policiais quiseram saber quem eram os três, que a princípio pareciam serem os sobreviventes. Gregório explicou que de longe viu quando o carro perder o controle, atravessou a pista e bateu de frente na árvore. Parou para socorrer, em seguida seu amigo chegou e conseguiu tirar a criança. Eles se afastaram com receio de explosão. Então aquele casal parou e o homem conseguiu retirar a mulher, enquanto outras pessoas apagavam as chamas.

Um policial perguntou se conheciam as vítimas. Bento relatou que a criança era filho da mulher, cujo marido era “AQUELE SUJEITO” que matou um casal e fugiu, no mês passado:

—Talvez ela estivesse indo ao encontro dele.

E os parentes da criança?

— A mãe, e o irmão da vítima foram embora, sem deixar endereço, logo após ela se juntar ao tal cara que apareceu na cidade. Ninguém nunca soube quem ele era nem de onde veio.

— Então o bebê não tem parente?

Bento olhando para Gregório:

— Talvez…Sim.

O policial foi chamado à viatura.

Bento ao perceber o terrível espanto no semblante do amigo:

— Este menino nasceu de parto normal sete meses depois que você foi embora e não mais voltou. Sempre estivemos em dúvida, mas como você nem ela, jamais comentaram sobre o término do namoro, decidimos ficar calados.

 

 

 

CINCO ANOS DEPOIS

 

Mais um fim de semana que Gregório retorna a sua cidade. Nestes últimos cinco anos foram pouquíssimos os que não esteve presente. Hoje um dia especial. Na escola Bento e seu filho Sandro e o amigo Gregório com o seu filho Gregorinho. Terminada a festa do Dia dos Pais, foram os quatro almoçar.

 

Após o almoço, decidiram ir até um parque onde as crianças encontraram outros amigos. Enquanto a turminha brincava, animadamente, Bento e Gregório ficaram conversando e admirando o entrosamento dos filhos. Por um instante, o silêncio dominou entre os amigos, quando Gregório bastante emocionado:

— Destino. O que é o destino?

Bento percebeu que o amigo queria revelar alguma coisa importante, continuou calado. Gregório, em tom de desabado, começa a relatar:

— Quando eu falei para Maria Clara que tinha conseguido um emprego, ela demonstrou-se muito contente. Ao saber que era em outro Estado mostrou-se surpresa. Tentei explicar que era muito importante para mim.

Foi quando ela respondeu:

— Vai e seja feliz. Não precisa voltar.

— Assim terminava um relacionamento que para mim seria eterno. Eu só comentei com minha mãe e minha irmã, pedindo que não falassem nada, pois eu não sabia como estaria tempos depois. Dias antes do acidente, minha irmã telefona e diz que minha mãe estava muito doente. Decidi vir e escolhi, justamente o dia do seu aniversário. Era uma surpresa que desejava muito lhe fazer. Só acreditei que era o pai, depois do resultado do DNA, embora estivesse muita vontade de criá-lo como filho.

Mesmo que o pai fosse outra pessoa. Tendo pensado e refletido muito.

 O que é o destino???

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A última carta. - Adelaide Dittmers

  A última carta. Adelaide Dittmers   Suzana segurou o envelope meio amassado, como se tivesse passado por diversas mãos. Um frêmito s...