A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Um dia trágico - Alberto Landi

 


Um dia trágico

Alberto Landi

 

Sarah, com 19 anos, é uma jovem sensitiva. Desde pequena era muito mais astuta do que a média de sua idade.

Ela tinha habilidades de sentir mais profundamente as coisas, demonstrava empatia e sentia muita preocupação com problemas das pessoas.

Tinha uma percepção maior das sutilezas e detalhes, talvez resgatados das experiências de vidas passadas.

Uma noite teve um sonho, se transportou para uma das encarnações bem longínquas, na época do império romano.

O sonho revelado foi tão intenso e real, que no dia seguinte reuniu a família e com muita emoção passou a narrar.

 

Era uma quinta-feira no ano 79d.c, amanheceu bem frio e a brisa que vinha do mar fazia o ar parecer denso e úmido.

Morava com seus familiares na aldeia de Ercolano, bem próximo ao Vesúvio. Seu nome Apolônia.

A vila de Ercolano era um vilarejo cheio de becos, ruelas e ladeiras, o que havia de interessante eram as termas.

Seu pai, um centurião romano, chamava-se Ascânio. Roma nesse tempo era governada pelo imperador Tito, um homem muito generoso com o povo e que comandava as legiões romanas.

Nesse dia, ao entardecer, ela observou uma grande explosão, o Vesúvio lançava uma coluna de grande altitude das quais cinzas começaram a cair, cobrindo toda a região.

Iniciou-se uma grande correria. Os fluxos piroclásticos começaram a atingir as cercanias mais próximas ao vulcão.

As luzes vistas no monte foram interpretadas como sendo um incêndio.

Apolônia congelou em terror.

Os fluxos moviam-se rapidamente, eram densos e a temperatura era intensa destruindo tudo, ocorreram tremores leves, seguida de um maremoto que atingia o golfo de Nápoles.

A nuvem gigante de cinzas, gás ejetado e vidro vulcânico soterraram todos.

Sabíamos que o gigante ativo nos observava do alto, e poderia entrar em erupção a qualquer momento com sua nuvem piroclástica, gases e vapores.

Meu pai ficou fascinado com a cena no início, pensando que se tratava de algo extraordinário pelo qual valia à pena investigar. Reuniu a família e com uma pequena embarcação e tripulação reduzida rumou aos pés do vulcão para observar mais de perto a erupção.

Ele foi um verdadeiro herói, pois a intenção era resgatar pessoas que estavam presas em uma vila localizada à base do Monte Vesúvio, transformando a busca em uma causa humanitária. Ele pretendia resgatar o maior número de pessoas e, apesar do cenário caótico, liderava a expedição com calma e presença de espírito, mesmo quando todos nós já tínhamos entrado em pânico ao seu redor.

Ao detectar as chamas, ele assegurava aos que o cercavam, de que se tratava apenas do brilho das pequenas aldeias. Da pequena embarcação podíamos ver todos esses acontecimentos.

Terremotos começaram a acontecer de maneira tão intensa, que as pessoas mal conseguiam se movimentar pelas ruas, e o chão sob os pés das pessoas se abria.

Os tremores continuaram até depois da pior parte da erupção ter passado.

Pedaços de pedras choviam em chamas do céu, as cinzas eram tantas que faziam as pessoas afundarem nas ruas, toneladas de detritos se acumulavam nas praias, impossibilitando a navegação.

As pessoas para andarem nas ruas precisavam amarrar travesseiros bem altos em suas cabeças para não serem atingidas pelas pedras.

Gritos na escuridão chamavam seus entes queridos que sucumbiam em meio as chamas.

O fluxo piroclástico causou grande mortandade, desabamento, asfixia pela inalação de cinzas vulcânicas e gases tóxicos.

Corpos deixaram seus moldes na cinza vulcânica petrificada, revelava detalhes fantásticos, como a posição em que as pessoas estavam ao morrer e até mesmo as dobras de roupas que usavam.

Não houve tempo de se despedirem de seus familiares, pois todas sucumbiram em lugares diferentes.

Foi uma tragédia que impactou o panorama político e social do império romano.

 

Sarah, muito abalada pelo sonho, recebeu todo o conforto pela sua família, após a narração.

Havia atrás de seu pescoço desde seu nascimento uma pequena mancha que poderia estar relacionada com o fluxo piroclástico.

Estima-se que a explosão de lava tenha causado a morte de 16.000 pessoas das cidades de Pompeia e Ercolano, principais alvos da catástrofe, aterrorizando gerações de italianos que ainda moram na região, seguros na área devido à dormência do vulcão.

Foram enterradas em cinzas com seus habitantes para sempre, deixando para trás apenas restos de artefatos encontrados ao longo dos séculos servidos para entender precisamente como tudo aconteceu...

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA CARTA - Helio Fernando Salema

  A ÚLTIMA CARTA Helio Fernando Salema     Ainda sentada em frente ao gerente do Banco, Adélia viu, no seu celular, a mensagem de D. Mercede...