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quarta-feira, 11 de abril de 2018

A flor do Baobá - Ana Catarina Sant”Anna Maues




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A flor do Baobá
Ana Catarina Sant”Anna Maues

       Numa cidade distante, em certa época, ódio e vingança moviam os corações dos homens e mulheres.  A intransigência fazia marcas profundas naquele lugar. Viviam como se loucos fossem, sem juízo de valor ou acordos. A vontade, o desejo unilateral, o eu quero eu faço, podiam ser vistos corriqueiramente nas ações mais simples, culminando muitas vezes com o irracional sangue escorrendo nas sarjetas junto a corpos inertes que entupiam bueiros, sem qualquer comoção. Pais surravam filhos indefesos. Mães desfaziam-se de nascituros. Assaltos toda hora, estupros, furtos, agressões das mais variadas assolavam as relações.
       Um ancião não aguentando mais o viver daquelas pessoas, certa manhã dirigiu-se até o Baobá, único que sobrara do feroz desmatamento da área. Árvore, espetacularmente, gigantesca com altura que passava trinta metros. Os mais velhos contavam que aquele exemplar já existia por ali a mais de mil anos por isso considerado pai de todas as árvores. Seu formato estranho era explicado na conhecida lenda. Devido se julgar melhor que os outros, Deus o castigou, replantando-o de cabeça para baixo, com a copa enterrada e as raízes para cima, na intenção delas buscarem o céu pedindo o perdão. Nessa intenção este morador sentou-se próximo ao tronco.
— Oh! Baobá. Junte minha oração a sua. Há mil anos pedes a Deus perdão por teres sido vaidoso. Quantos anos devo pedir para os homens e mulheres da minha cidade transformarem as atitudes, passando a viver na união que traz a paz?
     Da árvore se escutou uma voz que disse:
   Venda pensamentos.
    O ancião, intrigado, deixou o lugar.
    Alguns anos depois, voltou cego, surdo, numa cadeira de rodas, pois os pensamentos vendidos que produziam boas mudanças, incomodava poderosos, resultando cruentos castigos, mas não o fizeram parar.  Retornou ao pé da milenar árvore em companhia de grande multidão. Todos imbuídos de nobres sentimentos, vieram prestar homenagem e fazer orações a Deus, agradecendo a transformação que tiveram. Hoje viviam tempos de grande felicidade. Aprenderam respeito, gentileza, cordialidade, solicitude, civilidade. Em meio ao ato ouviu-se um forte ruído. Um galho da árvore, começou a estufar, crescendo tanto, tanto, que rachou fazendo desabrochar flor deslumbrante que surpreendeu a todos. Foi um “OOOOhhhh”, geral. Falavam e gesticulam querendo contar ao mesmo tempo o acontecido ao ancião.  Este visivelmente emocionado entendeu o presente recebido.
         

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