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quarta-feira, 11 de abril de 2018

VENDA E COMPRA DE SENTIMENTOS - Hirtis Lazarin



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VENDA E COMPRA DE SENTIMENTOS
Hirtis Lazarin


A menina franzina nasceu de um parto doloroso.  Poucos acreditavam que vingaria.

Os pais fervorosos e devotos de Santa Terezinha do Menino Jesus, deram-lhe o nome da santa.

Milagre ou não, depois de um mês de internação, chegou em casa coradinha e esperta.

Acolhida num cestinho de vime, cresceu entre flores e cores.

Os pais tinham uma pequena floricultura, arranjada num dos cômodos da casa humilde e, no quintal espaçoso, cultivavam ervas, verduras e um canteiro só de flores.  Sobreviviam com a venda desses produtos.

Terezinha cresceu curiosa e criativa além da conta.  O vocábulo que mais usava era o pronome interrogativo por que (?).

Ajudava os pais com prazer.  Trabalhava cantando. Era o rouxinol da rua Plínio Rodrigues de Moraes.  E bem cedo, descobriu que trabalhar com flores era o que faria, provavelmente, pro resto da vida.

Preparou-se sempre.  A internet foi sua grande aliada.  Estudou pra se tornar a melhor vendedora, oferecer o melhor produto e, o mais importante, valorizar o cliente e estabelecer conexão emocional com ele. 

Só não podia pôr em prática tudo que sabia, porque os pais não entendiam esse jeito novo de trabalhar.

Mas a morte prematura do pai antecipou seus planos.

Modernizou a mobília da loja, trocou o toldo puído por outro colorido, aumentou o estoque de flores e se aprimorou na montagem dos arranjos.

Foi ousada.  Iniciou a cultura de abelhas porque aprendeu que elas exercem papel importante na polinização e garantem maior qualidade aos alimentos.  Seria ótimo pra as plantinhas do quintal

As abelhas atraíram borboletas que atraíram outros pássaros além daqueles que já moravam no jequitibá que sombreava o quintal.  Virou uma festa.

Terezinha sabia que a criatividade por si só não basta.  Era necessário inovar.  Inovação é criar coisas novas.

E a cabecinha inteligente pôs-se a funcionar.

Cultivou um pinheiro e abasteceu seus galhos com cartõezinhos.  A cada compra o cliente tinha o direito de escolher um deles.  Cada um era uma surpresa.  Podia ser um botão de rosa, um punhado de ervas fresquinhas colhidas no quintal, uma mensagem positiva, um ramalhete gratuito, ou até não pagar a conta.

Era nessa hora que a emoção do cliente se aflorava.  Era alegria, perplexidade, surpresa, satisfação, curiosidade ou risos.  Era possível ver o que cada um sentia. Através do seu jeito de fazer marketing, Terezinha vendia emoções.

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