A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

domingo, 5 de outubro de 2014

PÉS RACHADOS BROTANDO SANGUE! - Dinah Ribeiro de Amorim



PÉS RACHADOS BROTANDO SANGUE!
Dinah Ribeiro de Amorim

  Os pés de Mirela, calejados pela vida embora fosse muito jovem, já tinham rachaduras e, por algumas, brotava sangue! Há tempos que não viam sapatos, quando muito, chinelas de borracha conseguidas em botecos próximos, quando o dinheiro dava.

  A caminhada iniciada, desta vez, seria longa e, desde que saíram de casa em busca de outras paragens, não haviam feito um pouso, nesse caminho sem destino e fim.

  Chicão, o líder do grupo, não cedia! Acostumado a essa vida errante, sem ponto fixo, procurando condições mais favoráveis de vida para todos, só permitiria um descanso lá pela tardinha, quando escurecia.

  Tomariam então, o pouco d’água que restava, bebendo um gole cada um. Abririam a sacola de comida escassa, que seria repartida igualmente: nacos de pão amanhecido, pedaços de rapadura, restos de toucinho defumado que sobraram da última compra feita no antigo empório do Seu Januário, preparariam espaço para dormida com os trapos que trouxeram, escolhendo uma sombra que a mata oferecia.

  Era essa a vida que levavam, andando sempre à busca de novos lugares, semelhantes a ciganos ou índios atrás de novas terras para plantio, água para viver, alimento para comer. Quando a região encontrada se esgotava, saíam procurando outra para se instalar.  

  Desde que se conhecia por gente, Mirela crescera assim,  fugindo dos lugares secos e achando água no fim.


  Pés rachados, brotando sangue, acostumaram-se enfim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...