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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

POR UM TRIZ - Henrique Schnaider

 




POR UM TRIZ

Henrique Schnaider


Luiz sempre foi um rapaz sem juízo. Ainda jovem, dava muita dor de cabeça aos seus pais, era sapeca levado da breca. Reclamações dos vizinhos, brigas com os amigos, o jovem era um estopim.

O velho ditado já diz “pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”. Com o passar do tempo as coisas só pioraram. Com quinze anos de idade, envolveu-se com gangues, gente da pesada. Não haveria senão, outra consequência do que, entrar de cabeça no mundo das drogas.

As dores de cabeça só aumentaram para os pais do rapaz. Uma coisa puxando a outra. Más companhias, drogas e encrencas dos mais variados tipos. Conflito de gangues. Roubos e assaltos para sustentar o vício. Começou também, para angústia deles, a roubar objetos de dentro de casa, e por último perdeu o respeito, com ofensas e ameaças de agressões.

Toda esta situação de conflitos, levou Luiz à beira do precipício. Estava próximo de um fim muito triste. Seus pais tentaram de todas as formas, levá-lo para um tratamento, uma clínica especializada de recuperação de drogados.

Luiz ia, porém não ficava, e na primeira oportunidade, tratava de fugir e voltava para junto dos infelizes, que passavam pela mesma situação de abandono, de vida precária e se juntavam aos bandos na região conhecida como cracolândia. Os pais desesperados não sabiam do seu paradeiro.

A situação neste mundo do cão, que é a cracolândia, torna os seres humanos, piores do que animais. Falta de higiene, promiscuidade sexual, mulheres engravidando sem sequer saber quem foi o pai. Uma degradação completa.

Luiz sempre que via alguém conhecido passando por ali, tratava de se esconder, pois não queria sair deste Inferno de Dante, já que fazia parte do quadro dos desesperados. Neste lugar ele se integrava. Pois todos que estavam ali, tinham os mesmos problemas que ele.

Um colega de infância, passando naquela região, reconheceu o amigo e ficou chocado ao vê-lo na situação de penúria em que se encontrava. Avisou aos pais dele. Descreveu o local, para que pudessem localizar o filho.

Imediatamente, seus pais se dirigiram para aquela região e não foi difícil encontrá-lo. Luiz estava irreconhecível. Era chocante vê-lo já que se tornara um andrajo humano. Tentaram convencê-lo a voltar com eles para casa. Num primeiro momento, os apelos estavam sendo infrutíferos.

Parece que alguma coisa ainda restava de sentimento no rapaz, e algo mexeu lá no fundo do seu coração, ele percebeu as lágrimas de sangue rolando dos olhos de sua mãe.

Finalmente, ele concordou em ir junto com eles para casa onde puderam transformá-lo novamente num ser humano. Tomou um banho, vestiu roupas limpas e cheirosas, almoçou comidas que sua mãe sabia que ele gostava.

Luiz foi tocado, ao ver a tristeza que aparecia nos olhos de sua mãe. Estava disposto a começar um tratamento de desintoxicação, com assistência de Psiquiatra e Psicólogo, e começar uma nova vida.

Seus pais estavam esperançosos que dessa vez, Luiz iria se recuperar e dessa forma, escapar por um triz de uma morte horrível, como acontece com todas as pessoas que se entregam a este tipo de vida.

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