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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A HISTÓRIA DO JACARÉ ACACIO - Claudionor Dias da Costa

 

 

A HISTÓRIA DO JACARÉ ACÁCIO

Claudionor Dias da Costa

 

                Eu sou o Zezinho e vou contar a vocês uma história emocionante.

                Sempre depois do almoço eu e meus amigos   brincávamos   na rua e mamãe recomendava:

                − Brinquem bastante, mas não fiquem muito perto do lago!

                Como somos travessos, dava mais vontade de ir até lá.

                Meu amigo Dentinho era terrível, queria porque queria, ir ao lago e se deixasse até nadaria.       

                Apressados entramos na vendinha do Senhor Antônio para ver as novidades de balas e doces, e davam água na boca.                  

                  De repente ouvimos o vozeirão dele:

             — Meninos vocês souberam da história do jacaré?

                Ficamos com os olhos esbugalhados com a cara assustada do Senhor Antônio, o que aumentou nosso pavor. Ele continuou falando:

                  — O Oscar, aquele jardineiro da Prefeitura quem me contou. Disse que estava fazendo limpeza do mato perto do lago. Deu uma paradinha para descansar e se assustou olhando para a frente em direção a água.

Nesse instante o vendeiro tinha os olhos de pavor:

                −Sabem o que ele viu?

Arriscou uns segundos esperando respostas, mas a gente estava mudo:

                — Nada mais nada menos do que um “baita” jacaré na margem.

                Nesse momento encostado no balcão quase caímos de costas.  Olhei pro Dentinho, ele já não parecia tão afim de cair no lago.

                Saímos para a calçada e ficamos comentando a tarde inteira duvidando do tal aparecimento do jacaré. Achamos que o Senhor Oscar teve uma ilusão ou coisa parecida.

                Mais tarde, chegando em casa, mamãe perguntou se estava tudo bem. Achou que eu estava meio amarelo e preocupado.

                 No jantar fiquei quieto, conversei muito pouco com papai e mamãe.

                 Naquela noite, revirei muito na cama e tive um pesadelo com o jacaré, e o que poderia fazer conosco se nos pegasse.

                    Após dois dias com provas na escola, ficamos novamente livres para brincadeiras e saímos pela rua despreocupados.

                    Nos cansamos de empinar pipas e, mais ainda do futebol no campinho de terra.

                    Procurando novidades, Dentinho teve a ideia de amedrontar as meninas da turma. Fomos até perto delas que brincavam de pular corda e ele foi logo gritando:

                — Vamos rápido para o lago que tem uma surpresa!

                   Corremos rindo com a certeza de pregar um susto nas meninas.

                   Olhamos e não vimos nada. Sentamos um pouquinho longe da margem e ficamos “batendo papo” observando o surgimento de algum movimento na água. Estávamos ansiosos para “aprontar” com as meninas, muito embora, confesso que eu também tinha medo.

                   Até que lá pelas tantas, o Dentinho começou o suspense:

                  A água está se mexendo lá embaixo. Estão vendo?

                   Todos ficaram apreensivos e logo ele foi gritando:

                — É um jacaré!

                  As meninas agitadas, se esconderam atrás de uma árvore e ficaram observando atentas para confirmar se era verdade.

                  Aquele vulto escuro veio se aproximando mais para perto.

                  Surgiu no meio do lago e deu para ver claramente um jacaré. O Senhor Oscar tinha razão.

                   Fomos embora num atropelo só, ainda olhando para trás não acreditando naquilo. As meninas, nem se fala.

                  No dia seguinte, muito mais curiosos e querendo ver de novo a figura daquele bicho, Dentinho nos empurrava para ir até lá. Foi o que aconteceu.

                   Sentamo-nos próximo da margem. Não demorou muito e o jacaré veio em nossa direção.

                   Com toda a nossa pouca coragem, ficamos surpresos quando um pouco mais perto, ele tirou a cabeça da água e disse:

                   − Não fiquem com medo meninos. Eu sou meio feio, até reconheço, mas sou manso e posso até ser amigo de vocês.

                    Aquilo nos deixou perplexos, não acreditamos que estávamos ouvindo um jacaré.

                    E começamos a conversar com ele, que contou a sua história dizendo que seu nome era Acácio. Começamos a gostar dele e ficamos amigos.      

                   Depois de um tempo, ele olhou para nós meio tristonho e pediu:

                   — Tenho que confessar que quando vocês ficam na margem conversando e tomando sorvete, fico ao longe com tremenda vontade de estar junto. E mais ainda, quero experimentar aquele de morango bonito com três bolas.

                    Nessa hora pedi que esperassem que já voltava.

                    Fui até a praça e arrastei o   Senhor João sorveteiro até o lago. No caminho contei a história do jacaré Acácio para ele e disse que pagaríamos o sorvete.

                    Sorrindo se aproximou e disse ao Acácio:

                     — Soube que você quer tomar sorvete, né?

                    E preparou um bem grande com três bolas de morango conforme o pedido do nosso mais novo amigo jacaré. Ele saiu do lago ficou em duas patas em pé. Agarrando o sorvete deu um grande sorriso com seu bocão e um montão de dentes. Agradeceu muito olhando para nós. Fiz até   uma foto com o celular.

                    Contamos tudo à mamãe e papai que vibraram com a história.

                    A partir daquele dia, sempre íamos ao lago e brincávamos muito com o Acácio. Até nadávamos juntos,  e muitas vezes nos sentávamos em suas costas imitando um barco.

                     Ele ficava muito feliz e nós também.

                     Essa foi a história do jacaré Acácio que gostava de sorvetes.         

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