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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Curiosidade sobre uma cidade subterrânea - Adelaide Dittmers



Curiosidade sobre uma cidade subterrânea

Adelaide Dittmers

 

Coober Pedy é uma cidade localizada no estado australiano da Austrália Meridional, com aproximadamente 3000 habitantes. O nome da cidade vem da palavra aborígene kupa-piti, que significa poços de água dos garotos. A cidade é a maior produtora de opala, considerada a capital mundial desse minério.

Na longa estrada rumo ao centro da Austrália, 848 km ao norte das planícies costeiras de Adelaide, surgem enigmáticas pirâmides de areia.

Em torno delas, o cenário é totalmente desolado, uma extensão sem fim de poeira rosa-salmão, ocasionalmente salpicada de teimosos arbustos.

No entanto, à medida que você avança pela rodovia, surgem outras construções misteriosas similares, montes de terra clara, espalhados aleatoriamente como monumentos esquecidos há muito tempo. E, ocasionalmente, tubos brancos se elevam do solo ao lado desses montes.

Estes são os primeiros sinais de Coober Pedy, uma cidade de mineradores de opala.  Muitos dos pequenos picos da região são resíduos de solo gerados após décadas de mineração, mas também são sinais de outra característica do local: as moradias subterrâneas.

Sessenta por cento da população vive em casas construídas nas rochas de arenito e siltito ricas em ferro da região. Em alguns locais, os únicos sinais de moradia são os poços de ventilação que se erguem do chão e o excesso de solo acumulado perto das entradas das casas.

No inverno, esse estilo de vida pode parecer um tanto excêntrico. Mas, no verão, Coober Pedy não requer explicações: o local atinge 52 graus Celsius, uma temperatura tão alta, que faz com que os pássaros caiam do céu e aparelhos eletrônicos precisem ser guardados no refrigerador.

Coober Pedy não é o primeiro, nem o maior assentamento subterrâneo do mundo.

As pessoas se refugiam embaixo da terra para enfrentar climas inóspitos há milhares de anos, desde ancestrais dos humanos que deixaram suas ferramentas em uma caverna na África do Sul há dois milhões de anos, até os neandertais, que criaram pilhas inexplicáveis de estalagmites em uma gruta na França, na idade do gelo, 176 mil anos atrás.

Até os chimpanzés já foram observados se refrescando em cavernas, para se proteger do extremo calor durante o dia no sudeste do Senegal.

Outro exemplo é a Capadócia, uma região antiga no centro da Turquia. Ela fica em um planalto árido e é famosa pela sua notável geologia, quase utópica e seu cenário de cumes, chaminés e casas esculpidos pelo homem e pela natureza em rochas vulcânicas.

Voltando a Coober Pedy, que à primeira vista, pode ser confundida com um assentamento comum da região desértica, que compõe o chamado outback australiano.  As ruas são cor-de –rosa devido à poeira e lá existem restaurantes, bares, supermercados e postos de gasolina.

No alto de uma colina, a única árvore da cidade, na verdade, uma escultura feita de metal, observa o panorama.

Na superfície, Coober Pedy é assustadoramente vazia.  As casas são bastante espaçadas entre si e a impressão é de que algo realmente parece estar errado.  Mas, embaixo do solo, tudo se explica.

As construções subterrâneas precisam ficar a pelo menos quatro metros de profundidade, para evitar que o teto desabe.  Embaixo daquele enorme volume de rocha, a temperatura é sempre agradável: 23 graus Celsius.

As pessoas que moram acima do solo precisam suportar verões extremamente quentes e noites frias de inverno, com temperaturas de 2-3 graus Celsius.  As casas subterrâneas, no entanto, mantêm a temperatura ambiente estável, durante o ano inteiro.

Além do conforto, outra importante vantagem de morar embaixo da terra é a economia.  Coober Pedy gera toda a eletricidade, que consome 70% dela de origem eólica e solar. 

Muitas casas subterrâneas em Coober Pedy são relativamente baratas.  Em um recente leilão, o preço médio das casas de três quartos foi de cerca de 40 mil dólares australianos (cerca de R$ 126 mil)

As casas subterrâneas oferecem outros benefícios.  Um deles é que não há insetos.

Curiosamente, o estilo de vida subterrâneo também pode oferecer alguma proteção contra terremotos.  No entanto, o nível de segurança das estruturas subterrâneas durante atividades sísmicas depende inteiramente do seu tamanho, complexidade e profundidade.

Existem diversas razões para a praticidade única da construção de subterrâneos em Coober Pedy. A primeira são as rochas da região, que são muito moles, podendo ser raspadas com um canivete ou com a unha.

Nos anos 1960 e 70, os moradores ampliaram suas casas da mesma forma que criaram as minas de opala, usando pás, picareta e explosivos.  Hoje em dia, os túneis costumam ser escavados com equipamento industrial.  Mas ainda é possível escavar manualmente e não é raro que como se trata de uma área de mineração de opala, um projeto de reforma acabe dando lucros.

O arenito também é estruturalmente estável, sem precisar de apoios, o que possibilita a construção de salões cavernosos com pé-direito alto, na forma desejada, sem acrescentar materiais.

Muitos moradores têm casas de luxo, sofisticadas, com piscinas subterrâneas, salões de jogos, grandes banheiros e salas de estar de alto padrão.












Diferença de sentimentos - Alberto Landi

 

 



Diferença de sentimentos

Alberto Landi

 

Aarão e Moisés, amigos desde a infância, ambos nativos de Israel, cresceram e estudaram juntos, uma amizade que se perpetuou ao longo do tempo.

São nomes bíblicos, mas a história se passa atualmente.

Para se ter uma noção do grau da amizade, quando jovens fizeram um pacto de sangue.

O tempo passou de maneira traiçoeira de uma forma sutil e despercebida.

Moisés mudou-se para o Cairo, onde foi concluir seus estudos na faculdade de Economia, pois seu pai era um próspero comerciante internacional, um homem de grandes posses financeiras, queria que seu filho fosse sucessor em suas empresas.

Aarão, por não ter condições de custear seus estudos, não pode acompanhar Moisés, seguiu a profissão do seu pai, mecânico de aviação. A idade chegou e Aarão se casou com uma jovem que era filha de uma família de quem eram muito amigos há muito tempo, e assim construíram um lar composto de duas filhas e de um menino que era o caçula da prole. Eles viviam modestamente com o trabalho de Aarão, mas o que havia de sobra em sua família era a harmonia e a felicidade.

Quando sua filha primogênita atingiu a maioridade, a sua mãe Sara, informou ao marido que haviam surgido pretendentes para esposar Ester, mas conforme era a tradição de sua etnia, tinham que oferecer o dote para família do noivo e para isso teriam que disponibilizar uma boa verba para o casamento.

Diante do questionamento da sua esposa, com muito constrangimento e com lágrimas nos olhos, disse lhe que nestes anos todo de trabalho não havia acumulado dinheiro suficiente para pagar o dote, mas que iria orar muito, em busca de uma solução, e assim se debruçou várias vezes ao dia segurando o Torá, orando para achar um caminho onde pudesse arrumar o dinheiro.

Uma noite após fazer suas orações, Sara lembrou-se da amizade que ele tinha com Moisés, do qual tinham notícias que ele havia se tornado um grande banqueiro e considerado um dos homens mais ricos do Cairo e quem sabe ele poderia ajudá-lo nessa questão.

Ele sorriu para a esposa e disse lhe que iria pensar nessa possibilidade e no dia seguinte conversariam sobre isso.

Na manhã seguinte, o casal deliberou que Aarão viajaria para o Cairo para conversar com o seu amigo, quem sabe solicitar um empréstimo para pagar o dote à família do noivo da filha Ester, e assim foi feito!

Chegando ao Cairo, se dirigiu ao Banco onde Moisés era o dono, e um tanto envergonhado pela situação, chegou a pensar que depois de 19 anos que não via o amigo, talvez ele nem se lembrasse de sua pessoa.

Após se identificar para a recepcionista, disse lhe que queria falar com Moisés. Informou que o assunto era particular que na juventude em Haifa, onde viviam foram muito amigos.

A secretaria pediu a ele que ficasse aguardando para verificar se poderia ser atendido.

Após alguns minutos foi conduzido até a sala de Moisés, que prontamente ao ver o amigo de juventude estendeu-lhe os braços, saudando-o e o convidando-o para sentar.

Conversaram muito, relembrando suas aventuras, deram muitas risadas.

Com muito orgulho e patriotismo, comentaram como Israel havia enfrentado ao longo dos anos inúmeros obstáculos econômicos, mas sempre perseverante, se superando e ganhando o respeito de outras nações. O país ao longo dos anos concentrou-se na promoção da educação e no estímulo à inovação tecnológica, quer nos setores da biotecnologia, ciência da vida, energia renovável e principalmente na medicina.

Moisés acompanhava muito as atividades cientificas e procurava se atualizar não somente com os feitos realizados por Israel, mas também com pesquisadores que viviam fora do país. No campo da Química citou Martin Karplus, na Fisiologia e Medicina, David Julius, na Economia, Douglas Diamond, Albert Sabin na vacina oral para poliomielite. No campo da tecnologia, o desenvolvimento do aplicativo chamado Waze, pelo exército israelense, a aplicação de segurança contra invasões em redes de computadores chamados de Firewall, na agricultura, irrigação por gotejamento. Eles se sentiam muito orgulhosos com toda essa contribuição para a humanidade, em tão pouco tempo da existência do país.

 

Aarão informou ao amigo que havia seguido a profissão do pai e, modestamente, conseguiu sustentar a família, porém, havia chegado o momento de casar Ester, e que para isso ele precisava de dinheiro emprestado, o qual teria condições de ser pago em prestações.

Moisés olhou com um ar severo e fixo para o amigo dizendo:

— O que você está me pedindo é um favor e eu sou um homem de negócios, e só cheguei até aqui porque não costumo fazer favores, o meu dinheiro é para render frutos para que o Banco cresça e meus negócios prosperem.

Ao ouvir isso, ele encolheu-se na cadeira, enquanto tomava fôlego para sair dali, quando foi surpreendido pela conversa do banqueiro que lhe disse:

— Considerando que você é um amigo de juventude e até fizemos um pacto de sangue, vou lhe propor o seguinte:

— Há muitos anos, tive um problema e perdi um dos olhos, este fato me abalou muito, mas com auxílio de um grande mestre cirurgião, ele me restituiu com uma prótese que ficou uma verdadeira obra-prima e ninguém é capaz de distinguir qual deles que é a natural e a que foi recuperada pelas mãos hábeis desse mestre. Assim, te convido a distinguir uma da outra e se você acertar te concederei o que me pedes.

Ao ouvir o relato do banqueiro, lhe disse:

— O esquerdo é a prótese, e o outro natural.

Moisés ficou impressionado ao ouvir a resposta e indagou ao amigo, como ele havia acertado de pronto na comparação, visto que ninguém até hoje havia distinguido essa diferença.

Aarão, já recomposto de todo constrangimento, disse ao amigo:

— O olho que foi objeto do dom divino do artista que o recuperou carrega a sua sensibilidade e o amor que lhe dedicou nesta obra de arte, ele transmite calor, energia. O outro perdeu o brilho que tinha na sua juventude e se tornou frio e desprovido de sentimentos, como se fosse uma luz apagada, os bons sentimentos foram corroídos.

Você que está lendo esse pequeno texto, seus olhos estão brilhando sob o olhar dos outros?

 

O Homem de Máscara - Adelaide Dittmers

 


O Homem de Máscara

Adelaide Dittmers

 

O homem de máscara saiu pelas ruas da cidade. 

As ruas da cidade estavam vazias naquela hora da noite.

Naquela hora da noite, somente, uma espessa neblina escondia o homem de máscara.

O homem de máscara abriu sorrateiramente o portão de uma casa abandonada.

A porta da casa abandonada rangeu ao ser aberta pela mão enluvada do homem.

A mão enluvada do homem acendeu uma lâmpada pendurada por um fio no teto esburacado.

A lâmpada pendurada por um fio no teto esburacado pouco iluminou a sala, em que móveis velhos empilhavam-se pelo ambiente, que exalava forte cheiro de mofo.

O forte cheiro de mofo não incomodou o homem, que retirou a máscara, revelando um rosto pálido e um olhar frio e perdido

O olhar frio e perdido vagou pelo lugar.  Com passos firmes, alcançou um nicho na parede, onde colocou um facão ensanguentado.

O facão ensanguentado demonstrou que o homem de máscara tinha assassinado alguém.

Tinha assassinado alguém e conhecia há muito aquela casa abandonada, onde escondeu a prova do crime.

A prova do crime nunca seria encontrada, então o homem se virou e se jogou em um sofá, cujas molas saltavam através do tecido rasgado.  Inesperadamente, ele cobriu o rosto com as mãos enluvadas e caiu em um choro convulsivo.

O choro convulsivo ecoou pela sala. Abaixou as mãos e virou a cabeça de um lado para o outro, como quisesse espantar os pensamentos.

Pensamentos que talvez o tivessem levado ao mal que tinha praticado.

O mal que tinha praticado era sua realidade pelo resto da vida.

Pelo resto da vida não iria esquecer essa noite e a casa abandonada, onde há muito tempo vivera uma vida feliz.

Uma vida feliz que perdera pela traição de uma mulher.  Levantou-se devagar.  Olhou em volta, como se despedisse da casa e colocou a máscara.

Colocou a máscara, ajeitando-a no rosto, agora sem expressão... apático.

Apático, saiu da casa, sem olhar para trás.

Sem olhar para trás, o homem de máscara saiu pelas ruas da cidade.

 

 

O PERIGOSO HOMEM DO BEM - Henrique Schnaider

 



O PERIGOSO HOMEM DO BEM

Henrique Schnaider

 

José Messias nasceu em uma família muito rica, mas todo o dinheiro e as inúmeras propriedades que seus pais tinham, vieram de uma forma ilícita tanto na política, ​baseada em muita corrupção, assim como usurpação a quem pudessem. Falsificavam documentos para conseguir roubar de todas as formas, tomando propriedades alheias. Praticavam agiotagem esfolando aos seus devedores.

José Messias viveu desde criança no meio desta bandalheira que seus pais tinham como método de vida, e assim desta maneira, desde menino ele aprendeu de tudo o que um ser humano usa para praticar a desonestidade. Ele, desde o começo, levava jeito para seguir nos negócios, pois, isso já era parte do seu íntimo, digamos que tornou PHD na matéria de todas as formas de roubar o próximo.

Como o tempo não perdoa ninguém, seus pais envelheceram e acabaram doentes, talvez pagando por tudo aquilo que fizeram de errado nesta vida. Sendo José Messias, que de Messias não tinha nada, herdou todo aquele império construído com muita falcatrua.

José não estava satisfeito com o que tinha, então perpetrou uma tremenda tramoia e lançou uma campanha de venda de lotes na praia de Jurubeba, mediante uma propaganda enorme em todos os veículos de comunicação.

A campanha de vendas pegou fogo, a coisa​ corria bem, e sua equipe de vendas lhe informava que já haviam vendido mais 100 lotes, e o nosso vigarista não cabia em si de contentamento. Na verdade, estes lotes estavam todos a 100 metros para dentro do mar e assim ele mandou falsificar a documentação de uma forma tal como se os lotes estivessem em terra firme.

Como disse Machado de Assis” A oportunidade faz o crime” e o nosso anti-herói, feliz da vida, contabilizava uma pequena fortuna. Mas tudo que aqui se faz aqui se paga. Um dia um famoso advogado resolveu comprar vários lotes, mas como era muito esperto e conhecedor de leis e de documentação, resolveu depois que fechou o negócio, investigar mais a fundo a legalidade da documentação dos lotes.

Como ele conhecia os cartórios de registro de imóveis, começou a investigar a legalidade da documentação.

Ele não teve muitas dificuldades para descobrir a falcatrua que José Messias tinha engendrado dos lotes dentro da água do mar. O advogado, que era também um oportunista e não queria colocar o vigarista na cadeia, mas sim tomar dele por meio de extorsão, para ficar de boca fechada.

José Messias pagou caro pela sua malandragem, pois o Dr. tomou tudo o que ele tinha ganho na venda dos lotes e já avisou que ia querer também uma quantia grande todos os meses. José Messias desta vez pagou caro pela sua volúpia e aprendeu que se ele se imaginava esperto, tinha gente mais esperta do que ele. E mais uma vez o antigo ditado continuou valendo, pois, “ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

COMEÇA COMO TERMINOU E TERMINA COMO COMEÇOU - EXERCITANDO A COERÊNCIA E COESÃO NA NARRATIVA

 


AULA DE 01/11/23


COMEÇA COMO TERMINOU E TERMINA COMO COMEÇOU

 


 

COMEÇA COMO TERMINOU 

E TERMINA COMO COMEÇOU





O desafio é criar um conto cujo tema seja:


O ESPIÃO DESCUIDADO

 

Conte a história do ESPIÃO DESCUIDADO.


O final de cada frase será o início da frase que virá em seguida.

O texto deve terminar com a mesma frase que começou.

 

Exemplo, se fosse O HOMEM QUE USAVA SAPATOS MARRONS

 

 

(MODELO)

O homem de sapatos marrons

 

Dionísio era um homem sério que usava sempre sapatos marrons, dizia que os pretos não davam sorte, era de poucos amigos, e muita cultura.

Muita cultura ele adquiriu em tantas viagens que teve que realizar desde a juventude.

Desde a juventude, Dionísio se cercou de muitos livros, muito dinheiro, muita cautela e nenhuma namorada.

Nenhuma namorada, mesmo! Ele até gostou da Filomena que era bibliotecária, mas ele era tão introspectivo que ele nunca a notou.

Nunca notou que a vida estava escorrendo pelas frestas e ele ia esquecendo-se de sorrir, de se divertir.

Se divertir era o que ele jamais fazia. Foi ao cinema algumas vezes, mas isso não contava como diversão. Foi à praia uma dúzia de vezes, mas não para se divertir. Foi assistir a dois espetáculos musicais, fazendo companhia para o dono da empresa em que trabalhava. Mas, Dionísio era tão vazio e chato que jamais foi convidado novamente.

Novamente a vida estava escorrendo pelos vãos dos dedos e o homem de sapatos marrons se viu adoentado e fraco para seguir com o mesmo ritmo de antes. Confinou-se numa casa de repouso e tratou de repousar como jamais foi capaz de fazer.

Jamais foi capaz de fazer amigos e agora não havia quem lhe desse a mão, nem quem olhasse em seus olhos.

Seus olhos riscavam um preguiçoso vaivém querendo se fechar, enquanto alguns pensamentos lhe abatiam. Como pôde viver sem nunca ter sido feliz, pensava.

Pensava Dionísio, o homem sério que usava sempre sapatos marrons, dizia que os pretos não davam sorte, era de poucos amigos, e muita cultura.

 

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

ICAL- MEU TEMA MEU PROBLEMA - aula de 25 de outubro de 2023

 



Neste dia, selecionaremos alguns temas que servirão de estudo ara vocês, e como consequência, uma história empregando o tema pesquisado.

Abaixo estão os temas de cada um, e um link para começar a pesquisa. Não se conformem com apenas esse link, busquem mais informações sobre o conteúdo.


PEGUE SEU TEMA E VÁ FUNDO NA PESQUISA.
Depois escreva uma história de ficção com o tema, cujo título será o que vem abaixo do seu nome:


Para o Helio

A ÁRVORE MÁGICA

Uma árvore capaz de produzir até 40 tipos de frutos diferentes:




Para a Adelaide

A CIDADE SUBTERRÂNEA

Coober Pedy não é o primeiro, nem o maior assentamento subterrâneo do mundo. As pessoas se refugiam embaixo da terra para enfrentar climas inóspitos há milhares de anos




Para o Landi

O CURIOSO ARQUIPÉLAGO DE SVALBARD 

Esse um arquipélago remoto no Ártico, administrado pela Noruega, é conhecido por suas paisagens deslumbrantes, com montanhas nevadas, fiordes e geleiras, abrigando uma rica e rara vida selvagem, com mais ursos polares do que habitantes em Svalbard – renas, raposas e, eventualmente, visitantes ilustres como a baleia-azul.




Para o Leon

O PODER DA INVISIBILIDADE

O ANEL DE GIGES DE PLATÃO
O homem bom praticaria uma maldade se pudesse fazê-la sem ser visto?




Para o Henrique

O PERIGOSO HOMEM DO BEM

Como dizia Machado de Assis: A oportunidade não o ladrão, pois o ladrão já nasce feito. A oportunidade faz o crime.







Para a Yara

UM JAPONESINHO QUE TEM MUITO A ENSINAR

Disciplina, respeito, limpeza, ordem, e muito aprendizado, é assim nas escolas japonesas. 










TUDO QUE É RUIM DE PASSAR, É BOM DE CONTAR - Ariano Suassuna


Para escritores: 

TUDO QUE É RUIM DE PASSAR, É BOM DE CONTAR


Os contos sem conflito, os romances sem conflitos, ou com situações mansas, daquelas que não atraem o leitor.

O que é ruim de contar, torna o enredo bom de ler.


A CAÇADA - PAISAGEM SURPREENDENTE - HELIO FERNANDO SALEMA




A CAÇADA 

A PAISAGEM SURPREENDENTE

Helio Fernando Salema

 

A noite chegava, suavemente, cobrindo o resplendor do dia e deixando raios de sol no horizonte que se despediam do extenso gramado daquele belo prado. Uma árvore solitária se destacava, tendo junto dela a sua própria sombra como companheira.

Os pássaros, recolhidos em seus ninhos ou simplesmente acomodados nos galhos, tendo a proteção das folhas. A cada minuto, os raios de sol se dispersavam no azul do céu, como uma explosão não destrutiva, mas revelando toda a beleza de um pôr do sol no campo. Um momento sublime de paz e serenidade.

Próximo dali, na modesta casinha, residia o casal Nestor, Florinda e os seus filhos adolescentes.  Mariana, quatorze e Mário, onze anos. Nestor. Este, apaixonado pela caça, sempre dizia que as aves e os animais deveriam ser abatidos para serem saboreados.  D. Florinda, embora apreciasse carne, não concordava com a matança indiscriminada. Para ela os animais deveriam ser preservados e, somente, quando houvesse muita necessidade é que deveriam ser sacrificados. Ideia compartilhada por sua filha.

Quando Mariana era pequena, durante a madrugada, costumava ouvir o canto dá sabiá. Ao amanhecer, relatava para sua mãe a satisfação de ter escutado aquele canto que ela também ouvia, algumas vezes, durante o dia. Quando isto aconteceu no início de uma primavera, sua mãe, muito contente, afirmou que a filha seria abençoada com amor, paz e felicidade. Pois, era o que dizia, a avó de D. Florinda que era uma Índia.

Mário, por sua vez, ficava fascinado quando o pai relatava os seus encantos pelas caçadas. Ouvia tudo, muito atento aos detalhes. O que fazia seu pai repetir com mais empolgação, estendendo seus relatos por mais tempo. D. Florinda sempre saía de perto para fazer alguma coisa, mesmo quando não houvesse nada para fazer.

Numa tarde, Nestor decidiu ensinar o filho como manusear a nova espingarda. Os dois foram para o quintal e D. Florinda para o quarto rezar.

No entardecer de certo dia, seu marido, olhando para o céu, pressentiu que seria uma ótima noite para caçar. Preparou sua espingarda calibre 20, que obteve em troca por uma de suas cabras. Isto deixou D. Florinda triste, pois aquela cabra, ela cuidava desde que nasceu e já lhe dera várias crias. Quando Nestor explicou que a cabra já estava velha e que possuía outras, bem mais novas, ela ficou ainda mais insatisfeita, por perceber que o marido trocava uma velha por outras novas.

Justamente, naquele belo início de noite, que Nestor saiu apressado e nem levou o seu embornal com as comidas que ela preparou, a pedido dele. Florinda, que minutos depois, percebeu. Dirigiu-se ao quarto para fazer suas orações, após cuidar dos filhos e vê-los deitados.

Foi pela fresta da janela, que ela percebeu que a luz do dia mostrava sua presença e a ausência do marido, na cama. Preocupada, levantou-se e foi ver os pertences que ele levou, se estaria sobre a mesa, ou no armário em que ele sempre guardava sua espingarda. Nada encontrou.

Foi para o quintal, olhou para todos os lados e não viu nada que pudesse eliminar suas suspeitas. Voltou para dentro da casa, foi ver os filhos que ainda dormiam tranquilamente.

As horas foram passando e nenhuma informação. Só quando seu Raimundo chegou, a cavalo, procurando por Nestor que ela ficou sabendo que seu marido deveria ter ido até o sítio do seu Raimundo para ajudar matar o porco que eles combinaram no dia anterior.

Seu Raimundo ficou assustado ao saber que Nestor não dormiu em casa. Virou o seu cavalo e saiu disparado em direção à mata, onde ele sabia que era o lugar preferido pelos caçadores.

Após cavalgar a esmo, tentando encontrar o amigo ou alguém que pudesse lhe dar informação, parou, amarrou o cavalo numa árvore e adentrou à mata fechada. Com muita dificuldade desviando de troncos caídos, evitando arbusto espinhento e olhando para o chão a procura de pegadas de botas ou de algum animal. Tudo em vão.

Raimundo, embora experiente, no entanto, poucas esperanças lhe restavam de encontrar seu amigo com vida. Depois de muito procurar, parou para descansar e ficou meditando, se continuava a busca ou voltava para pedir ajuda. Foi quando olhou para o lado e avistou o que parecia ser parte de uma roupa. Levantou-se, bruscamente, e foi naquela direção. Ao aproximar-se, viu o corpo do seu amigo Nestor estendido sobre a folhagem. Cutucou a perna e nada aconteceu. Então viu marcas de picadas de cobra no braço do amigo.

O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA - Pedro Henrique

  O SEGREDO DE UMA LÁGRIMA Pedro Henrique        Curioso é pensar na vida e em toda sua construção e forma: medo, terror, desejo, afet...