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terça-feira, 25 de maio de 2021

RECORDAR É VIVER - Do Carmo

 



RECORDAR É VIVER

Do Carmo

 

Hoje voltei ao passado e revivi um sentimento adormecido há cinquenta e dois anos.

Sou considerada aqui em casa como “Policarpo Quaresma”, personagem que guardava até parafuso usado. Esqueci o autor. Ah, Lima Barreto.

Tenho um baú grande e muito bonito, de madeira de jacarandá, forrado com veludo lilás, cor que muito me agrada, onde guardo minhas relíquias sentimentais.

Vez por outra, remexo minhas fagulhas ardentes e revivo acontecimentos, participo realmente dos sentimentos vividos na época da chegada de mais uma recordação física.

Ao abri-lo nesta semana, logo em primeiro lugar estava uma caixinha de cartolina rosa, feita pela Bequinha, na época com seis anos, minha querida filhota.

Tão logo retirei a tampa, senti o perfume dos bombons que ela havia me dado pelo dia das mães, com um cartãozinho escrito com letrinha trêmula e caprichada, notava-se o esforço para ser perfeita. Naturalmente os bombons não mais estavam lá, mas os quadradinhos de papel aluminizado brilhante e coloridos, repousavam aveludados como no dia em que recebi.

Ao reler mil vezes a dedicatória, com meu rosto banhado em lágrimas, ouvia nitidamente sua voz dizendo:

— Mamãe, eu amo você. Eu fiz a caixinha e embrulhei os bombons que a professora mandou fazer, e cada menina embrulhou para sua mamãe.

Não consegui continuar olhando as preciosidades que iria rever. Ainda com algumas lágrimas deslizando de meu coração, fechei o baú e respirei o ar puro da tarde de final de outono.

 

 

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