A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

terça-feira, 25 de maio de 2021

O HOMEM NA ESSÊNCIA DE ANIMAL - Henrique Schnaider

 





O HOMEM NA ESSÊNCIA DE ANIMAL

Henrique Schnaider

PREMISSA:

E se um personagem habitasse solitariamente uma ilha inventada?

LOGLINE:

Um homem, vítima de um naufrágio quando garoto, se tornou primitivo por viver solitariamente numa ilha, tendo que disputar alimentos com animais ferozes, até que precisou ser violento como eles para se impor diante dos bichos e ser respeitado.

 

 O HOMEM NA ESSÊNCIA DE ANIMAL

 

Edwin participava do jantar de gala, no salão principal do navio, acompanhado por seus pais. Todos vestidos para uma noite especial. O menino tinha apenas 12 anos e olhava encantado para tudo ao seu redor, como se estivesse num mundo de realismo fantástico.

O salão era deslumbrante e magico, era demais para os seus olhinhos infantis. Estava admirado e boquiaberto, diante da figura do Capitão do navio, vestido numa farda que impressionava. Enfeitada com ornamentos dourados. Como se fosse um Almirante de Esquadra.

Sentado à mesa principal, decorada com uma Mise en Place, digna dos monarcas franceses, o Capitão era só gentilezas com todos os passageiros. A mesa dos pais de Edwin e de todos convidados estavam muito bem arrumadas.

A comida que foi servida, deixou o menino de olhos escancarados. Nunca havia experimentado pratos tão saborosas. Edwin foi dormir admirado de tantas experiências novas que vivenciou.

Na madrugada o silêncio dominava todo o navio. De repente um tranco enorme balançou a embarcação, de popa a proa. Havia batido em um enorme rochedo submerso.  

O pânico tomou conta de todos os passageiros. O estrago tinha sido grande e o navio submergia rapidamente. As pessoas corriam desorientadas. Edwin, infelizmente, perdeu-se de seus pais. E, dos sonhos dourados e passou a um pesadelo horrível. Com muita sorte, agarrou-se em uma boia e foi levado pelas ondas.

Adormeceu de cansaço e pavor. Acordou com ondas suaves da maré baixa na praia, naquilo que imaginou ser uma ilha. Estava sozinho e abandonado em um lugar que para ele, pareceu no fim do mundo.

Uma nova e dura vida teve início para Edwin. Seu estômago roncava de fome e por instinto de sobrevivência, saiu em busca de algo para comer. Achou umas frutas silvestres e saboreou-as com sofreguidão.

Procurou algum lugar para se abrigar e dormir. E assim os dias foram passando e o menino tentando sobreviver e se adaptar à vida selvagem. Meses depois, anos mais tarde, Edwin já se tornou um rapaz forte e curtido pelo sol da ilha. Aprendeu a pescar, caçar e, milagrosamente, sobreviveu.

Perdeu todas as características, tanto de educação como valores aprendidos em na sociedade. Tornou-se um ser primitivo, cujo único objetivo era a sobrevivência. Disputava com os animais a comida e o poder do mais forte e astuto.

Brigava com os ursos na disputa pelo mel produzido nas colmeias. Passou a ser temido, tornou-se o todo poderoso. Todos naquela ilha do fim do mundo o temiam. Aprendeu a fazer fogo. Fabricou armas com as quais caçava.

Domesticou alguns animais, como ursos e macacos que se afeiçoaram a ele e o acompanhavam em todas caçadas e caminhadas pela ilha. Dormiam juntos no abrigo que Edwin construiu. Assim acontecia uma espécie de acordo mútuo de proteção.

Já adulto depois de tantos anos passados nesta vida primitiva, quando um navio surgiu no horizonte e se aproximou, pois, os marujos tinham avistado fogo e fumaça e sabiam que a ilha era desabitada.

Lançaram um bote ao mar e se aproximaram da praia. Avistaram Edwin, acenaram e chegaram próximos a ele. Viram a dificuldade que tinha de falar e se relacionar, pois parecia que emitia sons como de animais.

Finalmente o convenceram e o levaram embora da ilha. Aquele ser primitivo, abandonou seus amigos animais, pois havia conhecido pessoas iguais a ele. Teria que aprender de novo a viver em sociedade. A falar direito e ser um homem com educação, princípios e valores.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA CARTA - Helio Fernando Salema

  A ÚLTIMA CARTA Helio Fernando Salema     Ainda sentada em frente ao gerente do Banco, Adélia viu, no seu celular, a mensagem de D. Mercede...