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terça-feira, 25 de maio de 2021

O CAVALEIRO PEGASUS - Alberto Landi

 




O CAVALEIRO PEGASUS

Alberto Landi

 

A face de Helen estava diferente, assustada e visivelmente transtornada. A professora Liliane preveniu-a sobre histórias assustadoras de castelos e masmorras, a respeito do que falavam os antigos moradores da aldeia de Gerês. Situada próxima da cidade de Braga em Portugal.

Diziam os antigos, que esse castelo erguido sobre uma rocha, era a porta de entrada para o mundo extraterreno. Habitado por criaturas monstruosas.

Helen ignorou as advertências da professora. Mesmo sabendo os perigos que corria, entrou no castelo, curiosa por descobrir se aquelas histórias eram verdadeiras, ou se eram meras lendas populares.

Ali na sua frente estava aquela criatura alta, de nariz pontiagudo, orelhas pontudas e roupas cavaleiro da idade média. Segurando em uma das mãos um elmo e na outra uma espada. Parado diante de Helena, ele era a prova definitiva de que o castelo, e tudo que diziam, era real. Estava ali, diante de seus olhos assustados.

O estranho cavaleiro permaneceu imóvel por alguns segundos. Moveu a cabeça para a esquerda e depois para a direita, parecendo observar a reação de Helen, diante do inusitado encontro. Ela permaneceu petrificada. Silêncio total, o seu espanto era enorme.

O que pareceu ser um duende. Dessas histórias de contos de fadas, começou a acenar para ela. Dedos magros, unhas grandes, chamando-a para acompanhá-lo.

Helen pensou em sair correndo o quanto antes do castelo, porém sua curiosidade era grande. O duende acenava com as mãos. Era um convite muito estranho, era uma situação assustadora.

A criatura, vendo que a Helen permanecia estática, a chamou pelo nome, proferindo com uma voz rouca, que ecoou no interior do castelo.

— Não tenha medo, disse.  Venha comigo, minha menina, e repetiu, não tenha medo.

Eu sou Pegasus, fui um nobre guerreiro espanhol. Fui cavaleiro do rei. Mas com o tempo minhas divergências com ele tornaram-se muito tensas. Até que fui desterrado e encarcerado nesse castelo. Os outros cavaleiros que me acompanhavam, naquele tempo e eram fiéis a mim, foram também exilados para outras terras.

Nos refugiamos nas montanhas. Arregimentamos um pequeno exército e lutamos por quem nos pagasse mais. Numa dessas batalhas, fomos capturados pelas forças do rei, e assim vim para cá exilado.

Helen estava perplexa, ouvindo a história. Ficou admirada com aquela criatura estar falando com ela. Era tudo surreal. O espanto foi dando lugar para admiração e curiosidade.

— Venha conhecer um mundo cheio de seres fantásticos. Tudo tem magia, dizia Pegasus. Afinal creio que este é seu desejo. Ela encantada, disse:

— Puxa, você é mesmo real, hein! Como sabe o meu nome e meus desejos? Disse Helen.

— Não tenha medo, você será a primeira pessoa a conhecer nossos segredos. Helen deu um passo em direção ao duende. E seguiu–o, lentamente. A criatura ficou sempre na frente, e o caminho se tornando cada vez mais estreito e sombrio. Helen assustada, disse:

— Não vejo nada...acho que vou voltar.

No mesmo instante, em um estalo de dedos. Surgiu nas mãos de Pegasus uma tocha. A chama iluminou seu rosto, que estava com um sorriso sarcástico. Helen hipnotizada o seguia apavorada.

Isso aconteceu durante um outono, em um dia bem frio, quando ela sumiu da aldeia de Gerês. Por meses todos a procuraram. Em todos os locais e até mesmo, nesse castelo mal-assombrado, porém sem sucesso.

Passaram-se alguns anos desde que Helen encontrou-se com Pegasus. A história do desaparecimento dela, foi mais uma das histórias já contadas a respeito desse castelo e de seus fantasmas.

Durante algum tempo, moradores da aldeia relataram ter visto uma menina com as mesmas características de Helen. Diziam que ela estava no topo de um dos torreões do castelo. Havia acenado como se pedisse socorro e depois desapareceu rapidamente.

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