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quinta-feira, 1 de julho de 2021

CURON - Alberto Landi

 




CURON

Alberto Landi


Eram muito emocionantes as histórias contadas pelos meus avós, sobre a terra natal Itália.

Histórias carregadas de muita emoção. Com detalhes curiosos, principalmente na pequena igreja, tida como símbolo do lugarejo, local onde se casaram.

A família costumava se reunir após o almoço de domingo. A casa era aconchegante, espaçosa, com terraço de tijolos batidos, cadeiras de vime, rede, quadros religiosos e muitos pássaros cantando, enchendo de sons o ambiente.

No quintal, muitas arvores frutíferas, criação de galinhas, cabras, ovelhas e, também uma horta com variação de legumes e hortaliças.

A vida ali era muito saudável, todo o alimento vinha das plantações e do leite das cabras. Minha avó costumava fazer muitos doces em calda e uns pães caseiros deliciosos.

A tranquilidade e a alegria dos moradores do local, parecia que jamais terminariam. Até que esse pequeno lugarejo circundado pela imponência dos Alpes. Fronteira com a Áustria, Suíça e as regiões italianas da Lombardia e Veneto. Um campanário submerso tornou-se protagonista de um lugar magico que parece ter saído das páginas de um conto de fadas.

Hoje, esse lago artificial evoca lembranças tristes. A água invadiu os terrenos, plantações, casas e uma igreja do século 14, a mesma da qual ainda é possível admirar o campanário no lago de Resia.

A História afirma que durante o inverno ainda é possível ouvir o badalar dos sinos do fundo do lago, mas o detalhe é que eles foram removidos do campanário antes da construção da represa.

A pequena igreja, a cargo do padre Michele, lotava aos domingos. Um dia, na saída da missa, meu avô conheceu Giovana, a minha avó. A cerimônia do casamento, foi realizada pelo padre Michele e a pequena comunidade compareceu em massa. Houve uma bela festança com comidas e música.

Meus avós formaram uma família, com 5 filhos, e depois do desaparecimento do vilarejo, mudaram-se para a região da Toscana.

Nesse novo lugar cuidavam das plantações e colheitas de uvas, as quais eram colhidas e vendidas para uma cooperativa local, para produção de vinho.

De vez em quando visitávamos Curon. Sentíamos muita tristeza, porém o lago continua lá no seu lugar. De vez em quando há a limpeza e a drenagem. E o que aparece sempre é o campanário. Lembranças emergiram das nossas mentes.

Essa é a doce recordação que tenho de meus avós e do vilarejo de Curon!   


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