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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Acerto de contas - Henrique Schnaider

 



Acerto de contas

Henrique Schnaider 

A cena é forte e violenta. O rico empresário recebe 3 tiros a queima roupa e cai morto no chão. O sangue se espalha e tinge o assoalho, duas pessoas se retiram rapidamente.

O rabecão da polícia de São Paulo, levando o corpo sob os olhares da filha Siena, consternada. Coração partido,  a relação com o pai não era boa, mas não era fácil para ela viver essa cena tétrica.

Siena nasceu em berço de ouro, vida boa, filha mimada de um rico empresário.  Joel era casado com Jacira miss São Paulo do ano que se casou, mulher bela, loura, porém, fútil.

A infância da menina foi de mimos e caros brinquedos vindos das tias que compensavam a falta de atenção dos pais.

Joel era um empresário ocupado,  dispunha de pouco tempo para a filha e nada para a esposa. O casamento deles virou uma rotina sem sentimentos. Dando margem para Joel partir para aventuras extracasamento. Siena era filha única e passava boa parte do tempo com sua babá a quem se afeiçoou muito, praticamente a adotando como mãe.

Nos estudos Siena ia muito bem, excelente aluna e se destacava sempre entre as primeiras da classe. Mas não via reconhecimento dos pais e nem incentivo, só recebia elogios das tias que reconheciam o valor da boa aluna que era e por isso ela se motivava cada vez mais.

Quando ela atingiu a adolescência os problemas começaram. Siena não tinha uma boa relação com o pai incompreensivo. Constantemente entravam em sérios atritos, inclusive a moça chegou a receber tapas na cara, do pai que não sabia lidar com a rebeldia que toda adolescente normalmente passa.

Praticamente não se falavam tornaram-se dois estranhos. Chegaram a se odiar, o diálogo era letra morta.

Coisa rara era alguma refeição que melhorasse a relação da família, onde estivessem presentes os três familiares marido, mulher e filha.

Já na Faculdade, de Direito no Largo de São Francisco. Siena conheceu Paulo. Apaixonou-se por ele e aconteceu um tórrido romance. O pai dela quando soube do namoro, não aceitou e as brigas eram diárias cada vez mais violentas.

Para piorar as coisas Siena engravidou. Resolveram ela e o namorado, que o melhor a fazer era, casarem-se antes do nenê nascer e seria com a benção ou não do pai.

Siena resolveu ir ao escritório do pai contar sobre a sua gravidez e a intenção de casar-se. Entrou no escritório e por coincidência sua mãe estava presente:

— Pai e mãe preciso contar-lhes algo que talvez não seja do agrado de vocês.  — Estou grávida. E eu o Paulo resolvemos que vamos nos casar antes do menino nascer, e espero a vossa benção para que a nossa felicidade seja completa. Joel olhando fixamente para a filha falou:

— Eu nunca vou abençoar este casamento, eu sempre fui contra e você nunca me ouviu, portanto, ponha-se daqui para fora e de hoje em diante não será  mais minha filha.

Neste momento ouvem-se três tiros, e Joel cai morto.  Siena sai e se afasta rapidamente do local dirigindo-se a delegacia de polícia. Parou o carro antes e ficou um tempo pensando. Será que confessaria o crime?

Quando Siena chega à delegacia, lá estava sua mãe que naquele momento acabava de confessar o assassinato do marido. Por motivo de ciúmes, já que Joel tinha uma amante e ela resolveu dar um fim àquela situação. 

Joel foi enterrado num caixão de alto luxo e com todas as pompas que o dinheiro pode dar, apesar de ter tido um triste fim.

Siena casou-se com Paulo e sua mãe não pode comparecer ao casamento, pois estava presa, mas feliz da vida, pois além de ver a filha bem. Ela iria ser avó de um lindo menino.

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