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quarta-feira, 11 de maio de 2022

SONHO OU REALIDADE - Henrique Schnaider

 


SONHO OU REALIDADE

Henrique Schnaider

 

Quando eu tinha por volta de 7 ou 8 anos, à noite eu dava muito trabalho aos meus pais. Era medroso ao extremo, chorava muito, tinha pesadelos, tinha que dormir com as empregadas. Na verdade, eu tinha horror quando chegava a hora de dormir.

De dia, aí eu era uma figura oposta. Estava sempre na rua na molecagem, jogo de bola, bolinha de gude jogo de taco com bola ou com graveto. Saiamos dando volta no quarteirão, apertando campainhas e pernas para que te quero.

Dávamos muito trabalho para nossas mães. Para parar de brincar e ir almoçar, mas logo em seguida lá estávamos de novo brincando e aprontando. No jantar outra briga com as mães, mas logo em seguida lá estávamos de novo nas brincadeiras.

Depois de tanta estrepolia eu e meu amigo Carlos Azolini, entrávamos na minha casa e íamos para perto da empregada de minha mãe, a Maria, faladeira que ela só. Ela não perdia tempo e já começava a contar histórias, as mais loucas ou assombrosas, de arrepiar os cabelos.

Certa vez disse que estava no quarto acordada, quando viu uma sombra na parede que tinha a figura de um homem. Morrendo de medo levantou-se vagarosamente tremendo de medo e foi mais perto da parede e aí não viu nada e acabou ficando na dúvida se tinha ou não visto aquela sombra, mas por via das dúvidas deitou-se e cobriu a cabeça para dormir.

Eu e meu amigo ficávamos com os olhos arregalados, tremendo de medo, mas a curiosidade era mais forte doque o medo e queríamos continuar ouvindo as histórias da Maria, éramos todo ouvidos, pois ela sabia como ninguém contar histórias que ela jurava que eram verdadeiras.

Terminada a jornada o Carlinhos ia embora e eu apavorado, pois era hora de ir dormir, começava a ver coisas, ouvir barulhos, não conseguia pegar no sono. Achava que tinha alguém no quarto. Começava a chorar e enquanto minha mãe não me deixasse ir dormir no meio dela e do meu pai, eu não sossegava.

Certa noite, já de madrugada e eu me lembro como se fosse hoje, de repente eu acordei e com os olhos arregalados de verdadeiro pavor, vi um casal de noivos girando numa dança misteriosa próximo ao teto do quarto. Ela estava com um buquê de flores e ele todo vestido de terno com fraque e cartola e o perfume da flor dama da noite envolvia todo o quarto. A visão era muito real, tanto que me lembro até hoje dos detalhes da visão fantasmagórica.

Fico analisando o porquê só lembro deste pesadelo, já que eu tive tantos e não me lembro de nada. Só sei que ei dei um tremendo grito apavorado que os meus pais acordaram muito assustados.

Acenderam logo a luz e para minha alegria e tranquilidade não havia mais nada do que eu havia presenciado. Meus pais me deram a maior bronca e não me deixaram mais dormir com eles.

A vida continuou, a molecagem também. A Maria continuou contando as suas histórias e eu continuei enfrentando meus pesadelos. Mas eu posso jurar que eu tive uma visão do mundo fantasma e eu me lembro como ainda fosse hoje.

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