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quarta-feira, 11 de maio de 2022

PEDRO, O ESCRITOR POLICIAL - Alberto Landi

 

PEDRO, O ESCRITOR POLICIAL

Alberto Landi

 

Pedro Rosenthal escritor de profissão, sentado em um banco de uma praça próximo a sua casa, foi abordado por três indivíduos, pertencentes a uma quadrilha.

Um deles, pelo celular informa ao mentor do sequestro.

— Nós o pegamos, estava fumando cigarro no jardim da praça. Paramos com um carro roubado, vidros escuros, baixamos só o do motorista e pedimos informações. Ele se aproximou e o capturamos, apontamos uma arma, ele não sabe, mas é de brinquedo.

Pedro escreve romance e conto policial, menciona nomes e detalhes de pistolas e revólveres, é conhecido pelos seus livros de detetives e criminosos, foi ironicamente rendido por uma arma de brinquedo!

Colocado em cativeiro numa sala, ele está sendo forçado a fazer um conto policial e não vai ser libertado até que a família pague o resgate, e que sejam produzidos pelo menos dois contos policiais.

Enquanto isso, uma testemunha liga para família e informa:

Eu vi tudo, sei de tudo! Não paguem nenhum resgate!

O esconderijo onde ele se encontra, fica na periferia, ao lado de um deposito de ferro velho.

Esse grupo, na realidade, é de fãs dele, que tiveram a idéia de praticar esse ato, obrigá-lo a escrever algo bom, porque há muito tempo não escrevia nada, sendo que a última coisa que fez foi uma poesia, nada a ver com o seu perfil.

Os “sequestradores” querem um conto policial com tensão, crimes, submundo. Pensaram que ele tivesse perdido a inspiração ao vender as obras policiais anteriores a produtores de filmes.

O tempo está escasso, o grupo está muito tenso e preocupado pela ação criminosa cometida.

Nos noticiários matutinos em TV e radio, a policia informou que há um retrato falado dos criminosos, mas estes pensam que se trata de uma grande jogada policial para amedrontá-los.

Mal sabe a polícia que são meros leitores de livros policiais e de jornais, conhecem a lógica dos detetives.

A família informa aos criminosos, que não tem dinheiro para o resgate. Além dos romances, contos e poesia, ele é um escritor eclético, não é rico, os livros não dão tanta grana como pensam.

— É impossível que ele tenha torrado todo o dinheiro, pois ele vendeu toda a obra policial, comentava um deles.

Pedro, mal conversava, escrevia um livro a pedido da quadrilha. Ele só permitia ler os contos depois de terminado.

A tensão aumentou, com o decorrer dos dias. O carro usado na captura foi identificado bem como o seu proprietário, para investigações.

Mas o fato é que uma testemunha viu e sabia de todo o plano, pois rejeitou a oferta dos criminosos para participar.

O local foi descoberto, cercada por várias viaturas, sendo todos eles presos, e Pedro libertado.

O autor intelectual do delito confessou, alegando que só queriam ter em sua posse no mínimo um conto policial, produzido em cativeiro e sob estresse, para dar mais emoção.

Tudo isso reaproximou Pedro da ficção policial.

No local do cativeiro foram encontradas anotações, arma de brinquedos, notebook e celulares.

Isso foi uma grande jogada de marketing para o escritor, porem o sequestro realmente ocorreu e os criminosos punidos de acordo com a lei!

Pedro tornou-se famoso e inspirado após o ocorrido, pois sentiu na pele toda tensão e medo de um “real”  sequestro!

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