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quarta-feira, 17 de agosto de 2022

BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES DE ITAQUERA - Henrique Schnaider

 


BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES DE ITAQUERA

Henrique Schnaider


Os sete anões de moravam num casebre muito simples dentro da mata, no bairro de Itaquera na periferia de São Paulo e lutavam com muita dificuldade pela sobrevivência, numa cidade que é cruel com os moradores pobres e onde milhares deles passam fome, sem nenhuma assistência, vivendo das chamadas quentinhas, isso quando conseguem se alimentar pelo menos uma vez por dia.

Justamente pelo fato de serem anões, enfrentam também o preconceito, para encontrarem trabalho. A única vantagem que tinham, é que como anões, acabavam vivendo de pequenas apresentações em circos mambembes, estes em verdadeira extinção. Lá muito longe, na periferia da grande cidade.

À noite, cansados, porém dispostos, iam os sete em fila indiana cantando músicas Rap e Fank numa caminhada longa de duas horas até chegarem na Escola Estadual Mirela Silveira. Ficavam todos na mesma classe para fazer o curso de Alfabetização de jovens e adultos, pois eram completamente analfabetos.

Não sabiam sequer escrever seus nomes que mais pareciam apelidos que receberam quando nasceram.  Eram conhecidos como Atchim, Dengoso, Dunga, Feliz, Mestre, Soneca e Zangado, mas pareciam felizes com seus nomes.

Os sete não se comportavam direito nas aulas, já que eram brincalhões, dando muito trabalho para a professora que ralhava com eles a todo momento. Mas o que tinham de pequenos, sobrava em inteligência e acabavam indo bem nas provas, se destacando dos demais alunos.

Um dia ao voltar para casa, depois da aula. Voltavam cantando na mesma algazarra de quando vinham. Porém no meio do caminho se depararam com uma cena inesperada de uma menina caída desfalecida na calçada. Tentaram reanimá-la, mas ela não melhorou.

Foi então que, condoídos, pela situação da pobre menina, resolveram levá-la para casa. Todos juntos, lá se foram em direção ao  casebre  carregando a menina..

Depois de acomodarem a menina numa caminha que eles mesmos fizeram. Finalmente ela acordou e deram à ela uma sopinha quente. Eles fizeram mil perguntas, mas a pobrezinha parecia meio confusa e mal conseguia responder.

Conversaram entre eles numa pequena conferência e decidiram dar o nome a ela de Branca de Itaquera. E assim começaram a cuidar dela e a Branca teve uma grande evolução. Tornou-se falante, alegre e chamava a todos de papai:

— Papai, Zangado, dá um sorriso para mim.

E ele não resistia e abria seu melhor sorriso para ela.

Tudo ia bem na casa dos anões que de dia saiam para fazer alguns bicos e à noite iam para a Escola. Enquanto isso, a Branca cuidava da casa mantendo a mesma um brinco.

Certo dia ao voltarem para casa, tomaram um grande susto, pois havia invadido a casa um homem muito mal-encarado, um verdadeiro lobo mal, dizendo-se pai da Branca e que a levaria embora, pois ela o ajudava a pedir esmolas nos faróis das ruas.

Os anões encararam o homem pois eram muito bons na luta de ringue nos circos. E deram uma tremenda surra no sujeito que saiu em desabalada carreira e nunca mais ousou voltar lá.

Hoje Branca de Itaquera é uma linda mulher. Estudou e se formou professora. Vive ainda com seus papais anões já velhinhos, dos quais cuida com muito amor e carinho e nem pensa em se casar, preferindo viver com eles.

 

 

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