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quarta-feira, 22 de junho de 2022

O medo de Rebeca - Adelaide Dittmers

 



O medo de Rebeca

Adelaide Dittmers

 

A tartaruguinha Rebeca estava na relva escondida em sua grossa carapaça. Só se podiam enxergar os olhinhos brilhantes.

Dona Orelhas Compridas, uma simpática coelhinha saltava por ali, quando a viu toda encolhida.

— Rebeca, está um lindo dia! Por que não sai daí para dar um passeio.

— Não quero! Tenho medo!

— Do que tem tanto medo?  Quase sempre que a encontro, você está dentro dessa sua proteção.

A pobre tartaruga começou a chorar.

— Você não sabe como sou perseguida.  Todos adoram fazer brincadeiras maldosas comigo.

— Que tipo de brincadeiras?

— Um dia um passarinho bicou minha cabeça.   Outro dia, um macaco jogou uma casca de banana em cima de mim.  Como sou vagarosa e não consigo me defender, os bichos adoram fazer essas brincadeiras e depois saem rindo muito, quando me escondo em meu casco.

Orelhinhas Compridas ficou com muita pena de Rebeca.  Não era justo se divertirem à custa dela.  Resolveu ajudá-la. 

— Fique tranquila.  Vou acabar com isso.  E saiu saltitando.

Chegando à sua toca, fez um grande cartaz, convidando todos os animais para uma grande festa no dia seguinte.  Para Rebeca, ela entregou o convite pessoalmente, dizendo que ela não poderia faltar.

No meio da floresta, uma grande mesa feita de bonitas folhas estava repleta das mais variadas e apetitosas frutas.  Ao seu redor, havia uma banda, que tocava as músicas preferidas da bicharada.  Um portal, feito de galhos e flores indicava a entrada para a festa.

Rebeca chegou e passou devagar pelo portal e foi de encontro da coelhinha, que a levou para um lugar de destaque, onde poderia apreciar tudo à sua volta.

Os bichos foram chegando, mas ficaram surpresos por que antes de entrar tinham que passar por um teste.  Na entrada, havia pesadas caixas de vários tamanhos, feitas de pequenos troncos de árvores, que eram postas em suas costas para serem carregadas até o centro da festa.

As reclamações foram muitas, mas a vontade de se divertir fez com que eles aceitassem o desafio.  Com dificuldade arrastaram-se até o lugar da comemoração.  Chegaram cansados e incomodados pelo esforço.

Orelhas Compridas então subiu em um pequeno monte e disse:

— Foi difícil, não foi? Andar com essas caixas atrapalhando seus movimentos.

Todos concordaram e um deles perguntou?

— Por que você fez isso?

— Para mostrar a vocês que não se deve brincar com a dificuldade do outro.  Cada um é de um jeito.  Precisamos respeitar as diferenças.  E apontou para Rebeca, que se refugiara no seu grosso casco.

— Vem para fora, Rebeca!

A tartaruga foi colocando as perninhas e a cabeça para fora.  Os olhinhos cheios de medo.

Os animais olharam uns para os outros muito envergonhados e prometeram nunca mais mexer com ela e lhe pediram desculpas.

 A tartaruguinha sorriu feliz.  Estava sendo aceita e iria ser respeitada.  Finalmente, iria fazer muitos amigos.

— Vamos começar a festa, gritou a coelhinha! E a alegria durou a noite inteira.

 

 

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