A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

terça-feira, 23 de junho de 2020

Os Anclópdes e a raça Lemúrica - Ana Catarina Sant’Anna Maués




Os Anclópdes e a raça Lemúrica
Ana Catarina Sant’Anna Maués



Uma pequena equipe de Anclópdes conseguiu partir antes da destruição do planeta onde habitavam. Foram cinco os tripulantes, que escaparam da tragédia e perceberam-se com o desafio de buscar uma nova terra para conservar a civilização ora extinta pelo choque de um meteoro, cuja chegada não pôde ser prevista e apenas, o fatídico choque identificado, momentos antes. Foi por um acaso que se salvaram, na verdade já estavam na plataforma de lançamento, para mais uma viagem de estudo do buraco de minhoca recém descoberto pela equipe de pesquisa avançada do cosmo Anclópde. Buraco de minhoca é um caminho de dimensão fantástica, que conecta locais distantes no universo, uma espécie de atalho através do espaço-tempo. O pequeno grupo, desolado, assiste do visor da pequena nave a gigantesca explosão que iluminou por segundos o universo de Anclo, lar desta civilização por milênios.     

   Na estreita nave que corria em altíssima velocidade sem rota definida, em direção a outro universo, absolutamente desconhecido, o pequeno grupo convivia improvisando. Não poderiam ficar por tempo indeterminado ali, devido insuficiência de recursos. O gás usado como alimento, armazenado em cilindros de alta pressão, logo acabaria. Precisavam encontrar um planeta para pousar, que tivesse atmosfera semelhante a Anclo, densa, como névoa ígnea, parecida ao período Éon Hadeano do planeta, vizinho deles, Terra. A crosta precisava estar iniciando a solidez, para habitarem essa parte mais firme, porém ainda com uma grande área em fusão, de forte ebulição, pois eram desses gases que se alimentavam e também o que faziam reproduzir-se. Os anclópdes não passavam pela fase infantil ou adolescente em seu desenvolvimento como era comum nos demais astros por eles já estudados. Eles tinham um sistema assexuado de reprodução. Viviam vinte anos e após este tempo inchavam-se de gases e expeliam como que clones de si próprios. Do anclópde originário, aquele que produziu o clone, restava uma grossa casca oca, como pele morta, semelhante ao processo de perda da pele nas cobras e serpentes do planeta, ao qual para estudo sempre se comparavam, Terra.

Grande conforto, sentiram, quando o radar detectou nas proximidades, um gás conhecido por eles. Os controles da nave foram então ajustados e com a precisão no cálculo, a nave saiu do caminho de minhoca e avançou em direção ao corpo celeste que exala o dito gás.

Após atravessarem a película protetora do planeta encontrado, aterrissaram, mas desconheciam a denominação do astro, pois ainda não estava catalogado no mapa galáctico que possuíam.

O solo com erupções ardentes era tudo o que eles precisavam. Saíram da nave sem proteção facial, sentiam-se em casa. Porém olhos curiosos os espreitavam. O atual planeta era habitado por seres translúcidos, sem massa corpórea. Estavam assustados com aquela aparição, eles não entendiam a matéria.

Já haviam se passado algumas horas, em contagem terrena, porém permaneciam os cinco tripulantes desconhecendo que o planeta era habitado.  Os donos da casa esse tempo todo, não se atreviam buscar uma aproximação. Esperavam a decisão do conselho a que eram submetidos. O conselho encontrava-se a quilômetros de distância do local do pouso da nave. Os cinco julgando-se sozinhos aproveitavam para realizar pesquisa e conhecer mais a terra recém descoberta. Até que certo momento um deles sugou para a cápsula de coleta um habitante e colocando no B13116, aparelho sofisticado de escaneamento e aí pode detectar que aquilo tinha vida. Os outros seres que presenciaram o aprisionamento do colega, ficaram revoltados, mas sob o comando de um outro, frearam a cólera e aguardaram as instruções, pois o conselho acabara de chegar. Neste mesmo momento um dos cinco completou o tempo de vida e foi repousar próximo a um lago fumegante de gases, ali próximo, para encher-se de argônio, hélio, neônio entre outros, para que desse vida ao seu clone, o que aconteceu numa questão de segundos. O clone surgiu, a casca que lhe deu origem ficou exposta, tudo isso sob o olhar perplexo dos membros do conselho e do líder. Este, sem entender, mas curioso do que acabara de ver, entrou na casca e tomou a forma do morto.
  
Dentro da nave o tripulante tenta contato com a vida que descobriu. Corre ao banco de dialetos intergalácticos buscando identificar as palavras pronunciadas pelo ser. O clima de descoberta reinava tanto dentro quanto fora da nave.

 O líder agora com a casca feita de corpo, tenta um contato.

Foi uma surpresa impactante tanto dos habitantes, quanto dos cinco tripulantes essa dupla descoberta. Depois de escutar sobre a destruição de Anclo e sobre o modo como se alimentavam e se reproduziam, eles pediram que pudessem usar a carcaça abandonada, quando fossem dar surgimento a um clone e assim os dois povos, resolveram conviver. Os Lemúricos finalmente teriam um corpo e em contrapartida eles permitiriam que os anclópdes se alimentassem dos gases do planeta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE AQUI UMA MENSAGEM PARA O AUTOR DESTE TEXTO - NÃO ESQUEÇA DE ASSINAR SEU COMENTÁRIO. O AUTOR AGRADECE.

A ÚLTIMA CARTA - Helio Fernando Salema

  A ÚLTIMA CARTA Helio Fernando Salema     Ainda sentada em frente ao gerente do Banco, Adélia viu, no seu celular, a mensagem de D. Mercede...