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quinta-feira, 29 de junho de 2017

A Roupa Fala - Rejane Martins


Resultado de imagem para escolhendo o que vestir

A Roupa Fala
Rejane Martins

A eficiência do quarto poder emprestou à mídia informal sua grande força. Atuando de forma quase invisível e usurpadora, influencia e molda o comportamento da sociedade.

Atire a primeira pedra, a mulher que nunca acordou, abriu o guarda-roupa e se viu diante de uma missão quase impossível, o que vestir. Mas para algumas o desafio não só depende do humor, do clima, da pressa ou da disponibilidade de objetos pendurados à sua frente. O censor social o crivo de maior peso, é o julgamento das outras que estipula o que e quando usar determinadas roupas.
Mesmo com a intenção de passar a mensagem “Não estou nem aí para ninguém” quando opta por indumentas básicas, ou ainda escolhe uma malha cinza que transmite um texto desesperançoso, o espaço é vasculhado a procura de uma peça com etiqueta de peso. Afinal, mesmo no descuido o toque deve ser de butique.

É mais burlesco ainda analisar esta mulher no meio social, deseja um bom dia à calça social azul e a camisa branca de botão com o logo do condomínio no bolso à esquerda, que hospeda o corpo do Sr. Juvenal o porteiro. O simples fato de cruzar na rua com um casal de tênis de corrida, fone de ouvido, ele com uma camiseta customizada “No pain, no gain” e ela com uma meia colorida mega colada, a faz automaticamente elevar as mãos e esconder a barrigona. Sem prejulgamento se justifica com o senso comum de que todas pessoas metidas a fitness gostam de aparecer. 
   
No ponto de ônibus chega a tempo de fazer companhia a um senhor de terno escuro carregando um livro de capa de couro preta, com o nariz torcido posta-se ao lado do religioso e inicia mentalmente o cálculo do tempo que está longe da religião. Porém o prazo para determinar o número exato é exíguo, sua a atenção logo foi atraída para aquela jovem mulher apaixonada pelo verão, usando short jeans e blusa soltinha tipo rata-de-praia, caminhando ao lado de um jovem envelhecido pela barba grande e descuidada, vestindo uma camisa xadrez vermelha bem estilo lenhador dos tempos modernos. Ah! Com certeza é ela que canta de galo.

Visão bloqueada com a chegada da condução que já abriga uma típica menina de 17 anos, com mochila, all star e jeans, sonhando acordada em vez de estudar para o Enem, o que esperar do futuro nas mãos destes jovens.

E assim com vários novos amigos que nem a conhecem, muitos iniciam mais um dia de trabalho relaxados após executarem a dinâmica ocupacional do bicho fofoqueiro.

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