A Aldeia de Matamata
Christianne Vieira
Frederico abriu os olhos
assustado. Um homem baixo de expressivos olhos azuis, largo bigode grisalho. A gravata
borboleta vermelha e a cartola preta lhe conferiam sua função, de guardião das
terras baixas.
Matamata ficava no vale,
onde a vegetação rasteira se encobria pelas tantas flores. Há pouco tempo haviam descoberto uma grande
jazida de pedras preciosas, e desde então a população, antes pacata, se transformara em
pessoas ruins, ambiciosas. As desavenças cresceram, a todo instante a temperatura aumentava os
ânimos.
Ele tinha que correr, ate a
aldeia vizinha, e pedir ajuda a Dee, o mago, Senhor do conhecimento, da cultura
antiga dos anciãos. O único homem capaz de reverter a situação e restaurar a paz. Corria contra si
mesmo, contra o tempo, senhor inexorável da vida, que controlava o passado, o
presente e o futuro. Tinha alguma esperança em seu coração.
Frederico chegou afobado,
como de costume, derrubou a mesa do
mago, jogando ao chão todas as oferendas dos Deuses.
Dee, com sua serenidade
costumeira, pareceu perder a calma,
algumas labaredas subiram-lhe pelos olhos. Em instantes, a recuperou e já intuíra
a razão da visita.
O pequeno guardião relatou
suas aflições, suplicou ajuda do Livro Sagrado.
Quem sabe os Deuses ainda poderiam perdoar os erros daquele povo.
Dee levou a chaleira ao fogo, enquanto a fumaça subia ao
céu azul, e as nuvens se formavam, parecia ler uma mensagem. Após alguns
minutos de silêncio, o mago explicou o ocorrido.
O fim de uma Era se aproximava.
Um antigo feiticeiro havia realizado uma magia negra, e profetizara essa
tormenta.
Para desfazer esse feitiço,
Frederico devia trazer até o mago Clarice, a bruxa . E, juntos os três, uniriam
suas forcas em uma aliança. A tríplice aliança teria força suficiente para
desfazer as ações do mal. Uma batalha das sombras e da luz seria travada.
Deveriam manter a esperança e o coração puro. Acreditar no bem.
Tinham pouco tempo, até a
próxima lua cheia encher de luz o céu.
Frederico se arrumou, tomou
folego e partiu, seria uma longa jornada, mas ele deveria ser corajoso e
valente, estava com o futuro de seu povo nas mãos.
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