Rumo a Veneza - Alberto Landi
Saí
do hotel de Florença, me dirigi a passos lentos para a Estação Santa Maria
Novella, para apanhar um dos primeiros trens rumo ao norte, na cidade de
Veneza.
Contando
com um pouco de sorte, consegui apanhar o das 7.30 am.
O sol
começava a despontar em toda região da Toscana, refletindo no teto lustroso do
trem. No percurso, traçava um gracioso arco ao longo da zona rural.
Aproximadamente
2 horas após, cheguei à Estação ferroviária de Santa Lucia, com diversas
paragens curtas.
A estação
é uma construção baixa, elegante, de pedras cinzentas e concreto. Foi projetada em estilo bem moderno, com a
fachada graciosamente desprovida de qualquer sinalização, exceto por um único
símbolo “FS- Ferrovia Dello Stato”. A
sigla fica no meio de 2 asas, o logotipo do sistema ferroviário italiano.
Nessa
estação chegam trens de quase toda a Europa.
Mas o que me chamou muito a
atenção quando cheguei, foi a paragem do Expresso do Oriente, todo em preto e
dourado. Havia saído de Paris, rumo a Istambul. Lembrando que a escritora
Agatha Christie, autora de vários livros, se inspirou no Expresso do Oriente.
A
primeira coisa que me chamou a atenção ao desembarcar além do
Expresso
do Oriente, foi o cheiro peculiar, uma mistura de maresia com aroma de pizza,
vendida pelos ambulantes em frente ao desembarque.
Devido
ao vento que havia, o ar trazia também o cheiro de óleo diesel, da longa fila
de táxis aquáticos que aguardava sobre as águas do Grande Canal, com os motores
ligados.
Havia
desde cedo um engarrafamento flutuante de táxis, gondolas, vaporetto e lanchas
particulares. Um verdadeiro caos sobre as águas.
Veneza
é um museu ao ar livre, mas que está afundando aos poucos.
Atravessando
o canal, há a lendária cúpula de San Simeone. A igreja apresentava uma das
arquiteturas mais ecléticas da Europa, seu Duomo mais escarpado do que o
habitual e seu santuário circular em estilo bizantino.
O
nártex de colunas de mármore era inspirado na entrada grega clássica do Panteão
de Roma.
Caminhando
em direção a Basílica de San Marco, já próximo ao Mar Adriático, havia navios
de cruzeiro, que mais pareciam prédios flutuantes, e a marola que produziam ao passar,
faziam as outras embarcações chacoalharem, como se fossem rolhas na agua.
A
arquitetura de Veneza lembra um tempo de esplendor e abundancia de seu
comércio. Mas o que causou a decadência, do século XIV foram os ratos
escondidos nos navios mercantes que levaram a peste mortal da China até a
cidade. Na China já havia dizimado 2/3 da sua população e agora já contaminava
os portos da Europa. 1 em cada 3 pessoas faleciam.
A
fúria da peste era enorme. Do século XIV
ao XVI foram 20 surtos. Os governantes instituíram
um decreto em Veneza, obrigando todas as embarcações que chegassem a ficar
ancoradas longe da costa durante 40 dias completos antes de poderem descarregar
suas mercadorias.
Essa
foi a sombria origem da palavra quarentena.
Enfim
sempre os chinos iniciando as epidemias.
A viagem continua em sua última etapa em
Istambul.