O ENVELOPE LACRADO
Henrique Schnaider
Lá pelos idos de 2016, fui para Israel e pela
primeira vez nesta vida, reuniu-se toda minha família, de cerca de 40 pessoas.
Estavam presentes meus dois irmãos, Salomão e Paulo, ambos falecidos. Também suas
esposas Ilana e Judith, e muitos sobrinhos e sobrinhos netos.
Estava presente eu e minha finada esposa Lourdes.
Nesta ocasião a reunião foi no Kibutz onde morava meu filho Ariel que preparou
um churrasco maravilhoso com tudo do bom e do melhor e a confraternização foi
grande e onde revi muitos sobrinhos que não via desde crianças e conheci outros
que ainda não tinha conhecido.
Foi então que fiquei sabendo que meus irmãos haviam
preparado um documento que estava num envelope lacrado e nós três assinamos no
envelope. Este envelope que não sei o que estava escrito, iria ser enterrado
dentro duma caixa para ser aberto daqui a 40 anos, isto é, em 2056,
provavelmente pelos nossos descendentes.
Assim se passou, a caixa foi enterrada num
cerimonial com forte emoção em que todos os presentes foram às lágrimas. Deve
ser de ter a sensação de que é efêmero e a nossa vida é curta. O churrasco
continuou e todos nós gostamos muito daquele encontro onde ainda ficamos
por várias e várias horas.
Os anos se passaram e simplesmente me esqueci deste
fato e do segredo contido e enterrado naquela caixa. E como a professora Ana
pediu para escrevermos sobre um fato que causou muita emoção na minha vida e
foi aí que me lembrei do que se passou naquele encontro emocionante por todos
os aspectos da reunião da família e a caixa com o envelope que passou a ser um
segredo a ser desvendado no futuro.
Como não sei quem da família ficou encarregado de
passar às novas gerações o local onde foi enterrada a caixa e na época marcada
alguém irá se encarregar de tirar a caixa e ver revelado finalmente o que foi
escrito naquele envelope lacrado.
Como me lembrei deste fato ocorrido na minha vida,
entrarei em contato com minhas cunhadas Ilana e Judith, para em primeiro lugar
saber delas se ainda se lembram do fato ocorrido nas nossas vidas. E do que foi
feito, e quem se encarregou de passar aos nossos descendentes o que ficou
combinado naquele encontro da família que nos levou a muita emoção e
curiosidade.
Não sei, e provavelmente nunca vou saber, qual foi
a intenção dos meus irmãos ao deixar para as futuras gerações da família
Schnaider e nem porque decidiram fazer isto e o que deixaram escrito naquele
envelope.