Verdade ou
alucinação?
Hirtis
Lazarin
Acordei assustada com o estrondo de
um trovão, acompanhado de um relâmpago que iluminou a sala escura.
O cuco cantou cinco vezes.
Cheguei de um plantão de dezesseis
horas no pronto-socorro. Tirei jaleco e
sapatos apertados, joguei-me no sofá
confortável e adormeci profundamente.
A casa estava envolta numa escuridão
só. A única coisa que visualizei foi um
passarinho que escapuliu da casinha de madeira do cuco. Passou voando rente aos meus olhos. Como esse animalzinho foi parar ali...Até
hoje não sei.
O medo levantou-me do sofá. Arrastando os pés, tateando móveis e paredes,
senti o interruptor de luz. Energia
elétrica cortada.
Continuei em passos lentos e
cuidadosos. Alcancei a janela da sala
que se abria pra rua. As luzes dos
postes estavam acesas.
O céu cobria-se de nuvens
negras. Atormentadas por rajadas de
ventos uivantes, chocavam-se umas contra as outras. Desses choques caía chuva em abundância
misturada a pedras de gelo que caíam sem
dó.
Um cachorrinho vira-lata encharcado
tremia de medo e frio buscando um cantinho pra se esconder.
Gritei várias vezes até que me ouviu
e chegou próximo à janela. Com o maior
esforço, na ponta dos pés, dobrando meu corpo feito contorcionista , agarrei o
bichinho. Agasalhei-o com meu casaco de
lã. Essa façanha deixou-me tão
molhada que ganhei um resfriado e febre
alta por três dias. Valeu a pena. Adotei
o cachorrinho e hoje é um ótimo companheirinho.
Já fazia mais de uma hora que eu
estava ali presa à janela quando uma águia passou, num voo rasante, tendo uma
corda presa a um bico enorme e forte. Na
outra extremidade da corda uma menina estava amarrada. Logo em seguida, outra águia transportando
outra menina. E mais outra...E mais
outra. Contei quatro.
Não consegui gritar. A voz ficou agarrada na garganta.
Não era sonho nem alucinação. O cãozinho latia, latia sem parar.
Acordei num leito de hospital rodeada
por meus familiares e o Dr. João, médico da família.
Não contei a ninguém. Seria difícil explicar o inexplicável.
O desmaio que sofri ficou por conta
do estresse, muitas horas ininterruptas de trabalho, anos sem férias.
Infelizmente minha única testemunha
não fala.
Estou pesquisando...E não vou
parar...Toda vez que chove forte, corro até a janela na esperança de que as
águias voltem.
Até hoje, nada.
Sou teimosa. Não desistirei...
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