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quarta-feira, 28 de maio de 2025

IDEIAS DE CANÁRIO! - Dinah Ribeiro de Amorim

 



IDEIAS DE CANÁRIO!

COMENTÁRIO SOBRE O CONTO DE MACHADO DE ASSIS!

Dinah Ribeiro de Amorim (25/05/2025)

 

Interessante esse conto de Machado de Assis, como tudo que o grande escritor escreveu! O maior escritor brasileiro, na minha opinião.

Ele estabelece um diálogo curioso entre o homem Macedo, um estudioso da vida e dos animais e o canário alegre, cantante e feliz. Mesmo estando preso na gaiola,

Dá voz à ave que responde às perguntas do Macedo, espantado ao vê-lo feliz no meio de uma pequena loja de objetos feios e antigos, um brechó nos dias de hoje. O canário se destaca no meio de tanta bagunça, mas responde que o mundo, para ele, era, somente uma gaiola, numa loja de antiguidades. Não tinha ambições.

Quando Macedo, compadecido, o compra, leva-o para sua casa, estudando todas as reações da ave, faz daquele canário, seu único objeto de estudo. Novamente interrogado, o canário muda sua compreensão do mundo, que agora era uma linda gaiola, numa varanda bonita de uma casa, em meio a rica paisagem.

Existe aí vários questionamentos sobre o propósito do autor: cada um interpreta o mundo de acordo com o que conhece, com o que aprende, numa interpretação feliz! Satisfação com o que é! Como vive! O que lhe coube como destino!

Pode também ter criado no canário, uma certa ambição, Macedo deve ter lhe aumentado o desejo de vivenciar coisas melhores. Despertou-o a uma nova concepção do que é o mundo.

Após a doença de Macedo, que dura alguns dias, o criado, que trata do canário, o deixa escapar e ninguém mais o encontra.

Talvez o canário feliz com o seu presente atual, a paisagem que o cerca, sente, de repente, a sede da liberdade, a descoberta de um outro mundo, lá fora, em meio à natureza, livre como os outros pássaros, com domínio próprio sobre a vida.

Ao encontrar Macedo, mais tarde, afirma-lhe que o mundo, agora, para ele, é a liberdade, voar de folha a folha, em meio ao infinito azul do céu.

Podemos afirmar que talvez o autor esteja celebrando a liberdade, através da fuga de um canário de sua gaiola; a descoberta da maior felicidade em dominar e ter controle do próprio mundo ou, também, da afirmação do que é o mundo através do conhecimento de outros valores mais importantes.

                                            Fim!

BALEIA, O CÃO FIEL - Adelaide Dittmers

 



BALEIA, O CÃO FIEL

Adelaide Dittmers

 

Os olhos tristes de Baleia se fixaram na pobre família, que o criara desde pequenino.  O

esforço em abanar o rabo para demonstrar a gratidão, que sentia, fez tremer seu corpo fraco e doente.  Sei que vou morrer, tentava dizer na sua linguagem de cão.

Os dois meninos abaixaram-se para acarinhá-lo, passando as mãozinhas magras e encardidas pelas feridas do corpo de Baleia.  Ele encolheu-se.  Não queria transmitir-lhes a sarna, que devorava sua pele.

Um latido rouco, quase inaudível, quis falar-lhes que seu desejo era que se alimentassem dele para matar a fome, que os consumia. Esse era seu último desejo, a expressão de sua gratidão.

Mirou-os pela vez última e estremeceu pelos estertores que a morte trás.  E se foi.  O choro dos meninos ecoou por aquela região seca e sem vida.

 




Confissão de um Cachorro - Hirtis Lazarin

 


Confissão de um Cachorro

Hirtis Lazarin

 

Eu nasci na rua e na rua me criei.  Livre e sem nome, caminhava por todos os cantos.  Assustado e com medo porque tudo era novo pra mim.

 

Descobri que há gente boa e gente ruim. Alguns entendem minha fome e me oferecem alguma coisa pra comer. Outros fazem cara de nojo, batem os pés e me expulsam com gritos. Escuto muito “Sai daqui, vira-lata”.  Não sei o que é “vira-lata”. Só sei que não é coisa boa. 

 

As crianças me fazem carinho e alisam meus pelos, longe dos olhos dos pais. Será que elas entendem que não tenho ninguém e que gosto do carinho e da companhia delas?

 

Não conheci meu pai, fiquei pouco tempo com minha mãe e meus irmãos, eu os perdi por aí.

  

Há muitos cães vivendo na rua. Afasto-me dos grandes. Tenho medo deles. Olhei-me num pedaço de espelho jogado no lixo e vi a minha imagem refletida. Sou pequeno, magro e pelos bem curtos. Não gostei do que vi e até senti pena de mim. 

 

Um cachorro sem raça, sem nome e de porte franzino. Acho que eu me daria o nome de “Fragilidade”. Sei que é uma palavra bonita e comprida bem diferente de mim, mas sou  livre e escolho o nome que eu quiser. 

 

Ontem abriguei-me num ponto de ônibus, um cantinho acolhedor. Alguém me chutou. Não sei o porquê. Acordei sangrando e fugi.

 

Hoje está chovendo, estou molhado e com muito frio. Procuro um abrigo.

 

Não sei explicar bem o que é ser de raça, mas se for lutar pela sobrevivência, sou de raça desde que eu nasci.



BALEIA - DINAH RIBEIRO DE AMORIM

 



BALEIA! 

(fluxo de pensamento)

Dinah Ribeiro de Amorim

 

— Fora, Baleia! Não tem comida para você.

 

Saio andando de cabeça baixa, orelhas murchas, caminho pelo chão batido e seco, até me cansar...

Sinto, de repente, a terra macia, uma água se aproxima, permaneço quieto e parado. O local se enche de água. Fico boiando nessa água limpa e cheirosa, sinto-me bem, alivia o meu cansaço.

Meu corpo se transforma, ao invés de patas, tenho nadadeiras que parecem asas. Mergulho e nado nessa água gostosa, que alivia o calor de fora e me distrai da fome. Olho ao redor, vejo que me olham, curiosos, alguns peixinhos...

Meu nome é Baleia, mas nunca pensei que era um peixe. E peixe grande!

Abro a boca e vários, pequenos, me saciam a fome. Os maiores, peixes grandes como eu, fogem, assustados.

Que delícia de vida estou levando. Sem sede, sem fome, sem excesso de calor, longe daquela terra seca e miserável que tinha.

De repente, um latido forte, caio numa cachoeira. Esforço-me para sair dela. Abro os olhos. Percebo que dormi.

Volto ao chão de terra, ao calor do tempo, à fome que sentia.

Não sou peixe, mas o cão Baleia, moro com retirantes desse sertão maldito; expulsam-me quando a família consegue um naco de carne; mal dá para todos.

Triste e solitário continuo a caminhar...Talvez ache algum bichinho apetitoso nesse deserto sofredor...

ARIANO E SUA SINA - VIDA / OBRAS / CURIOSIDADES DE ARIANO SUASSUNA

  Ariano Suassuna foi um dos mais importantes escritores brasileiros, conhecido por sua rica contribuição à literatura nordestina. Suas obra...